sábado, 26 de fevereiro de 2011

MAIS UM TEXTO OPINATIVO/ CRÔNICA

O ANJO DE GUARDA AUTOMOTIVO

         O trânsito no Brasil, como sabemos, mata mais do que em qualquer guerra que se possa imaginar. A falta de educação e de responsabilidade entre muitos motoristas contribui de forma efetiva com as estatísticas já existentes. No entanto, não podemos permitir que esta situação se propague ou se repita por mais tempo, principalmente no que toca aos acidentes e mortes evitáveis.
         O resultado da combinação álcool/volante já provocou muita desgraça nessas últimas décadas e, ao que parece, só aumenta a cada dia que passa. A ausência de códigos corretos e eficazes, bem como de leis efetivamente rígidas, só beneficia e ajuda a livrar motoristas alcoolizados de penas mais severas. Em vez de pegarem pesado com essa gente, pelo contrário, as autoridades procuram aliviar ainda mais o seu lado, poupando-os, inclusive, através de um direito que lhes é assistido, de realizarem testes em aparelhos do tipo bafômetros. É a lei que fica contra a lei, um incrível e inadmissível paradoxo.
         Infelizmente, é também uma questão de nível cultural em um país como o nosso, onde as facilidades e o “jeitinho brasileiro” encarregam-se, muitas vezes, de livrar certos indivíduos infratores de uma punição mais rigorosa.
         A propósito, a “lei seca”, criada para frear e também para punir esses infratores, só tem contribuído verdadeiramente para o aumento de propinas. Com a exceção das blitz federais, as quais ainda conseguem impor um certo respeito, nas demais basta estar prevenido com R$ 10,00 ou R$ 20,00 que, geralmente, tudo fica resolvido. Uma vergonha nacional! Um passaporte para que pessoas totalmente embriagadas se achem no direito de sair por aí conduzindo veículos (ou seria o oposto disto, o carro no papel de condutor?), colocando em risco a vida de outros. Mas isso não chega a ser nenhum problema. Para tanto, existe o crime culposo, sem intenção de matar, onde muitos se prevalecem da lei para livrarem a própria pele.
         É por essas e outras adversidades contemporâneas que o nosso pensamento científico deve se voltar agora para uma solução realmente diferente e criativa. Algo que possa resolver, de uma vez por todas, esse “karma” que paira sobre nossas ruas, estradas e rodovias, e que tanto aflige a nós brasileiros.
         Com todo o avanço proporcionado pela ciência e pela tecnologia cremos, no entanto, que já seja possível ou que até já deveriam existir automóveis de uso exclusivo para bêbados. Não se trata de algo tão inusitado, já que vivemos em meio a tantos recursos e inovações na área da robótica. Uma combinação perfeita talvez, de um moderníssimo sistema de controle remoto ativado por um chip neuro-cibernético, implantado no cérebro do “pinguço”, integrado ainda a um equipamento de GPS com aparato de última geração. Em outras palavras, um carro-guia de bêbado. Tecnologia de ponta aliada em defesa da própria vida.
         Uma vez que a falta de condições físicas e psíquicas o impedisse de dirigir, o bebum  poderia então ser automaticamente conduzido pelo seu próprio veículo, este devidamente programado (piloto automático perde) e com o auxílio de um comando de voz. A um simples “berro” do indivíduo, o carro abriria portas e até o convidaria a entrar, preferentemente pela porta de trás. A partir daí, sem precisar ouvir mais nada (até porque, conversa de bêbado é sempre comprida e cansaria até o carro), era só rebocá-lo até a sua residência ou unidade mais próxima.
         E se o indivíduo preferisse continuar bebendo durante a viagem, não haveria nenhum problema. Na mera condição de passageiro do veículo, ele poderia se dispor ainda de um kit especialmente preparado para essa ocasião. Um frigobar completo, instalado no banco traseiro do carro iria lhe proporcionar a continuidade de seu porre, com os melhores uísques e vodcas à sua disposição. Um brinde então à cirrose e mais dois à vida!
         Já que se trata de uma tarefa praticamente impossível educar um sujeito com tendência ao alcoolismo, então o mais viável, em todos os casos, seria procurar educar o próprio veículo, já que uma máquina, por sua vez, jamais entraria em um bar para pedir um chopp.

Paulo A. Vieira