sábado, 4 de junho de 2011

RAUL SEIXAS E SUA VISÃO EM RELAÇÃO A DEUS

Constantemente me perguntam se Raul Seixas era ateu, ou até mesmo no que ele acreditava em nível de um poder superior. Portanto, para tentar esclarecer essa dúvida, recorri ao livro O baú do Raul, nas páginas 183 e 184, de onde retirei esse pequeno texto escrito pelo próprio Raul. Espero que sirva como resposta.

DEUS – o que é?  E não quem é

Determinação
Energia
Universo
Superior

Ei-lo descrito e traduzido por essa gramática “racionalista” que define
tudo em apenas quatro letras.

Poderia também ser:

Desnecessário
Enigmático
Usurpador
Safado?

Eis a minha gramática:
Quando a razão afirma que Deus é a causa do mundo, só existe um termo concreto, somente um lado de experiência que é o mundo, enquanto o outro Deus é totalmente suposto. Deus seria então uma afirmação inverificável; uma pura hipótese que pretende explicar os fatos, mas que está impossibilitado de prová-los.
Lembrando as palavras de Laplace: “Deus? Não necessito desta hipótese”. Nós temos direito de procurar a causa no mundo, mas não de inventar uma causa do mundo. É tudo muito fácil: “Por que o mundo existe?” Invoca-se Deus, e pronto!!
Brunschvicg, numa crítica semelhante à de Kant, pergunta: “Mas as exigências do princípio de causalidade não nos levarão a reclamar uma causa para deus? A existência de um criador que não foi criado por nada está caindo em contradição com o princípio em nome do qual dizemos que Deus veio do nada como causa primeira.” Ora, se aceitarmos um Deus sem causa, não podemos aceitar também, e mais simplesmente, um mundo sem causa?

O universo me espanta e não posso imaginar que este relógio exista e não tenha um relojoeiro  (Raul filosofando Shakespeare)

1971