segunda-feira, 5 de março de 2012

SOBRE A QUARESMA

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 QUARESMA, TEMPO DE REFLEXÃO

 Parte integrante do calendário cristão, a Quaresma é um período de quarenta dias que se estende desde a Quarta-feira de cinzas, após o carnaval, até a Quinta-feira santa, três dias antes do Domingo de Páscoa. Ela representa, principalmente, de forma simbólica, os dias fatídicos em que Jesus Cristo vagou pelo deserto de Israel, sendo tentado de todas as maneiras em sua fé. À procura de respostas para a sua missão aqui na Terra, ele não hesitou em ir até o fim na sua busca.
O período da Quaresma culmina com a Semana Santa, iniciada tradicionalmente pelo Domingo de Ramos, e o qual lembra a entrada triunfal de Jesus no templo de Jerusalém. É uma semana especialmente dedicada aos últimos dias de Cristo e sua convivência entre os homens, onde podemos encontrar ainda toda a força do simbolismo cristão representado nas mais diversas culturas de todo o mundo. Um exemplo típico são as procissões, as encenações teatrais da Paixão de Cristo e todo um leque de celebrações especiais. Assim como é também na época natalina, quando as famílias católicas reúnem-se para celebrar o nascimento do menino Jesus.
Mas, principalmente no Brasil, que é considerado o maior dos países católicos, os costumes por aqui podem até renovarem-se ou acompanhar a modernidade, isso é fato. No entanto, hão de permanecer sempre fiéis às suas tradições e costumes milenares. Como por exemplo, o ato de jejuar na Sexta-Feira Santa, quando muitos se limitam a pouca ou quase nenhuma comida, relembrando em um único dia o que Jesus Cristo praticara em quarenta deles. Neste dia, em especial, cristãos de toda parte do mundo têm por costume não consumir carne vermelha ou coisa parecida; e o peixe, portanto, mostra-se a alternativa mais viável encontrada nas feiras livres e nos mercados.
Dentre outras tradições que também fazem parte dos festejos da Quaresma, resistindo ao próprio tempo, podemos destacar a Quarta-Feira de Trevas, durante a Semana Santa. Era comum em décadas passadas muita gente procurar adiar sua higiene pessoal para o dia seguinte. Porém, é quase certo que nada disso venha a ter o aval da Igreja e do Clero, assim como algumas brincadeiras profanas semelhantes à malhação do Judas. Sobre esta última, é quando na noite da Sexta-Feira Santa para o Sábado Santo, muitas pessoas encarregam-se de confeccionar bonecos que representam a figura de Judas Iscariotes, o traidor de Cristo. Esses bonecos, geralmente costurados à mão, ficam expostos dependurados em estacas ou cordas, e à meia-noite viram alvo de pancadas e tiros disparados por uma multidão ensandecida. É uma brincadeira perigosa e não muito recomendável.
Em um mundo onde o descaso e a violência para com o próximo torna-se algo evidente a cada dia, sem dar uma trégua sequer, entretanto, esta parece ser uma data propícia em que sentimentos como a maldade e a falta de bom senso procuram se esconder no coração dos homens, pelo menos por algum tempo. Pois, acima de todas as coisas práticas da vida, desde as mais efêmeras às mais significativas, existe um bem maior, uma causa maior chamada Jesus cristo.
 A Sexta-Feira Santa e o Sábado Santo, também chamado Sábado de Aleluia, são dias de adoração em que as igrejas católicas de todo o mundo estão voltadas para Roma, de onde é celebrada anualmente pelo papa a encenação da via-crúcis, diretamente do Vaticano, e a qual é transmitida via-satélite para os principais canais de televisão de vários países. Milhares de fiéis, vindos de várias partes do mundo, reúnem-se na Praça São Pedro, para acompanharem de perto o martírio de Cristo representado na figura do papa.
O Sábado de Aleluia é o último dia da Semana Santa e, na tradição católica, é costume os altares serem “desnudados”, pois, tal como na Sexta-Feira Santa, não se celebra a Eucaristia. Além da Eucaristia, é proibido celebrar qualquer outro sacramento, exceto o da confissão. Na celebração do Sábado de Aleluia, véspera do Domingo de Páscoa, também é feita a bênção da água que será utilizada nos batismos durante todo o ano. Cristo é a verdadeira água, fonte de vida. Em alguns lugares, a manhã do sábado de Aleluia é dedicada à “Celebração das Dores de Maria”, onde se recorda a “hora da Mãe”, sem missa. E à noite, é celebrada a Vigília pascal, dando início à Páscoa.
Por fim, o Domingo de Páscoa, onde é lembrada a ressurreição e a ascensão de Jesus Cristo aos céus. Neste dia, a tradição dos ovos de páscoa fala mais alto, para deleite da criançada e também de muitos adultos. O período da quaresma, bem como toda data referente ao calendário católico, é uma das mais belas manifestações religiosas e culturais de todos os tempos. 

 Matéria que escrevi para ser lançada na revista CATEDRAL, 242 anos - Uma caminhada pela fé (produzida por minha turma de Comunicação Social), e que, por excesso de textos, acabou ficando de fora.