POLÊMICA NA OBRA DE TRANSPOSIÇÃO DO VELHO CHICO
A transposição do São Francisco se refere ao antigo projeto de
transposição de parte das águas do rio São Francisco, no nordeste brasileiro, uma
obra que tem sido alvo de críticas e polêmicas em todo o país. Orçado
atualmente em R$ 8,5 bilhões, o projeto é uma iniciativa do Governo Federal,
sob responsabilidade do Ministério da Integração Nacional – MIN.
Para esta obra, calcula-se a construção
de mais de 700
quilômetros de canais de concreto em dois grandes eixos
(norte e leste), ao longo do território de quatro estados, Pernambuco, Paraíba,
Ceará e Rio Grande do Norte, que serão utilizados para o desvio das águas do
rio. Ao longo do caminho, o projeto prevê ainda a construção de nove estações
de bombeamento de água, sobretudo nas áreas onde não vai contar com a força da
gravidade
O
argumento principal da polêmica em torno da transposição se dá, principalmente,
pela destinação do uso da água: críticos do projeto afirmam que a água será
retirada de regiões onde a demanda por água para uso humano e animal é maior
que a demanda na região de destino. Segundo o Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA), divulgado pelo Ministério da Integração Nacional, o projeto visa ao
fornecimento de água (1% do curso desviado do rio) para vários fins, sendo que
a maioria seria dedicada à irrigação: 70% para irrigação, 26% para uso
industrial e 4% para população difusa.
Por
todo o século XX, a transposição do rio São Francisco continuou a ser vista
como uma saída para aumentar a disponibilidade de água para o povo do Nordeste.
O problema chegou a ser discutido até mesmo pelo Presidente Getúlio Vargas, na
década de 1940. Entretanto, o primeiro projeto consistente de fato surgiu
durante o regime militar, no governo do General João Batista de Figueiredo. À
época, Mário Andreazza era Ministro do Interior, e após uma das mais longas
secas da História do Nordeste (1979-1983), foi elaborado um projeto viável de
transposição pelo extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS).
Outro projeto federal que nunca saiu do papel.
A ideia de transposição das águas do
São Francisco é tão secular quanto polêmica, e existe desde os tempos do Brasil
Império. Ainda é vista por muitos como uma solução definitiva para amenizar a
seca do Nordeste, uma vez que a obra iria, teoricamente, irrigar a região
nordeste e semi-árida do Brasil. Na época de D. Pedro I, nem se cogitava a
discussão do projeto, devido a falta de recursos de engenharia necessários.
Paulo A. Vieira