quinta-feira, 21 de agosto de 2014

MEU TRIBUTO A RAUL SEIXAS - HOJE, 21 DE AGOSTO DE 2014, 25 ANOS DE SUA MORTE.

DO FRACASSO À ASCENSÃO – UMA PÉROLA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
RAULZITO SEIXAS E SUA FASE COMO PRODUTOR E COMPOSITOR PROFISSIONAL
                                                                           Por Paulo Seixas
Após o fracasso do seu primeiro Disco, Raulzito e os Panteras, álbum lançado pela extinta gravadora Odeon, no Rio de Janeiro, em dezembro de 1967, Raulzito – como era conhecido Raul Seixas na juventude – ficou profundamente abalado com este fato e decidiu voltar com o seu grupo para sua terra natal, Salvador. Nessa época, ele chegou a afirmar: "Passava o dia inteiro trancado no quarto lendo filosofia, só com uma luz bem fraquinha, o que acabou me estragando a vista [...] comprei uma motocicleta e fazia loucuras pela rua." Entretanto, seu destino iria mudar quando, certo dia, conhecera na Bahia um diretor da antiga CBS, uma produtora de Discos que tinha sede no Rio de Janeiro.                          
Esse diretor tinha certa proximidade com Jerry Adriani, um dos artistas propagadores da Jovem Guarda, movimento musical encabeçado principalmente por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, na década de 1960. Algum tempo depois, valendo-se de sua importância e prestígio, Jerry convidaria Raulzito Seixas para ser produtor da gravadora, confiando no talento do amigo. Sem pensar duas vezes, Raul faz as malas, juntamente com Edith, sua primeira esposa, voltando para o Rio. Esta seria, então, sua segunda chance de vencer na Cidade Maravilhosa, uma vez que o seu “compadre Jerry” havia convencido o então presidente da CBS, Evandro Ribeiro, a dar a Raul o emprego de produtor. Raul trabalhou no anonimato durante um bom tempo, utilizando-se de seus “conhecimentos enciclopédicos” como produtor fonográfico. Nascia ali uma revolução na área musical.                                                                     
 Em sua passagem pela CBS, a partir de 1968, Raul fez grandes amigos, pessoas que apostaram como ninguém em suas letras. E assim, ele acabaria descobrindo mais à frente um grande amigo e parceiro: Leno, da dupla Leno e Lílian. Segundo Arlindo Coutinho, da relações públicas da CBS, "Raulzito sempre esteve vinte anos adiante de seu tempo e Leno o compreendia muito bem. Na verdade, sempre houve uma grande admiração mútua". Do mesmo modo que não é permitido esquecer da importância de Mauro Motta - ainda atuando como produtor musical nos dias atuais -, outro grande parceiro de Raul nesta fase. Nessa época, vários ídolos da Jovem Guarda também gravaram as composições de Raulzito, a exemplo de Ed Wilson, Renato e seus Blue Caps, Odair José, Diana, Balthazar, além do próprio Jerry Adriani, que convocou Raul para ser o produtor exclusivo de seus discos. No álbum de 1969, gravou uma de suas músicas, Tudo Que É Bom Dura Pouco.                                                                                           
1970 marca o início de uma fase bem produtiva para Raul, ainda como produtor da CBS. Inicialmente, porque suas composições passaram a ser gravadas pelos artistas do “cast” da gravadora. Raul passou o ano todo produzindo discos para Tony & Frankye, Osvaldo Nunes, Jerry Adriani, Edy Star e Diana, além de escrever várias músicas para os colegas da gravadora. Estima-se que, ao todo, Raul compôs cerca de oitenta músicas enquanto produtor. Canções de grande sucesso, como Doce doce amor, na voz de Jerry Adriani, Ainda Queima a Esperança (Diana) e Se ainda existe amor (Balthazar), fizeram de Raul, nessa época, um respeitado produtor musical, alguém que conseguira lançar suas composições como Hits na voz de outros cantores e produzir grandes artistas. 
  Contudo, Raul não se conformava com o fato de ser um simples produtor musical. E, com o apoio de Sergio Sampaio, outro artista de ideias extravagantes, Raul passa cada vez mais a realimentar os sonhos de quando ainda vivia em Salvador, que era ser cantor, podendo apresentar suas próprias criações. E assim (reza a lenda), sem a permissão do presidente da CBS, Raul, juntamente com Sergio, Edy Star e Mirian Batucada, lançaram às escondidas o álbum anárquico, Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, onde definiam a ideia como sendo um projeto de ópera-rock, inspirado em Frank Zappa e o então cultuado Disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, misturando elementos brasileiros, como o Samba, o Chorinho e o Baião.                                                   
Esse foi outro projeto mal sucedido, e que levou à expulsão de Raul da gravadora. Somente mais tarde, após sua participação no VII Festival Internacional da Canção, FIC, em meados de 1972, defendendo Let me sing, Let me sing, e com a qual conquistara o terceiro lugar, Raul conseguiu finalmente firmar seu nome como intérpetre entre os artistas da época, lançando um ano mais tarde aquele que seria seu primeiro disco de sucesso, Krig-há, bandolo.

 Raul Seixas durante sua fase como Produtor musical

2 comentários:

  1. Paulo, vc pode até nem acreditar mas, antes de vc aparecer no dia da reunião, enquanto nós te esperávamos eu comecei a dar uma lida,mas vcs chegaram e não deu tempo terminar. Ele era o cara.

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  2. Esqueci de dizer que esses dias peguei uma baita briga com meu cunhado por que ele falou mal de Raul. Não fale do que não conhece, nem fale besteira perto de mim.

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