domingo, 11 de dezembro de 2011

MINHAS MEMÓRIAS - CAP. 5 - A ERA DO REI DAS FRUTAS

CAPÍTULO 5
A ERA DO REI DAS FRUTAS

(UMA HOMENAGEM AOS 50 ANOS DE QUEIMADAS)

Eu tive a oportunidade (não necessariamente um privilégio) de conhecer uma Queimadas antiga, muito depois de “Tataguassu” e de todo o seu processo de emancipação, é óbvio. Mas do tempo em que ainda existia o velho Açude do Centro (início dos anos 80), nas terras de Seu Antônio Monteiro (in memorian), ex-vice-prefeito, uma figura ilustre do lugar e que, inclusive, era primo do meu pai. O local onde havia esse açude, hoje aterrado, é propriedade do atual prefeito Carlinhos, que expandiu os seus negócios, oferecendo assim um espaço bem mais amplo aos seus clientes.
Há, pelo menos, uns 25 anos atrás, lembro-me de Queimadas com apenas três imóveis construídos na forma de térreo e 1º andar, algo pouco comum nessa época (antes da especulação imobiliária chegar até aqui) e que ainda não fazia parte do aspecto urbanístico e financeiro do lugar. Se não me falha a memória, o que pertenceu à minha família (recordando aqui o Rei das Frutas) e onde hoje funciona uma lanhouse, foi o segundo prédio moderno a ser erguido em toda a cidade (1980/1981) e com todo um planejamento prévio. O mesmo que, numa época desastrosa, quase levou o meu pai à ruína. 

Além de Frei Damião, destacam-se nesta foto a construção do nosso 1º andar e o saudoso comerciante José Tavares guiando o carro.

Após um erro de cálculo na estrutura e escavação de sua fundação (com planta assinada pelo engenheiro e ex-prefeito de Queimadas, Saulo Ernesto), foram surgindo várias infiltrações ao redor das colunas perfuradas e, sem que ninguém pudesse imaginar, praticamente a metade do Colégio de Maria Dulce Barbosa veio abaixo (por sorte, todos os alunos estavam de férias), destruindo carteiras e causando um enorme prejuízo. Muitas das dívidas do meu velho iniciaram-se ali.
Recordo-me com certo carinho (e também de acordo com a minha conveniência) de coisas que há muito deixaram de existir neste lugar como, por exemplo, a Filarmônica Municipal Santa Cecília ou, pelo menos, o que ainda restava dela. Da mesma forma que me lembro dos desfiles escolares obrigatórios do Dia 7 de Setembro (dos quais participei por vários anos), sempre realizados na rua João Barbosa, e onde cada colégio tinha sua banda marcial. Os ensaios da escola Professor José Miranda, bem como de outros colégios, eram comandados pelo saudoso “Seu Moura”.
Sem esquecer aqui dos antigos canteiros da rua João Barbosa, com aqueles ladrilhos de pedra branca e os seus bancos de cimento vazado, anteriores àqueles “caixões de defunto” que, felizmente, retiraram (ficando ainda pior, pois agora não há sequer onde se sentar). As amendoeiras nessa época eram bonitas e davam um toque todo especial à rua. E lembro-me ainda da barraca azul de Seu “Santos” (in memorian), localizada ao lado do Armazém do Centro, onde podíamos encontrar todo tipo de bombom.
Aproveito essa oportunidade para fazer ainda uma homenagem póstuma a alguns antigos comerciantes de Queimadas, todos da época da minha infância, e, portanto, já falecidos, mas eternamente vivos em nossa memória. A exemplo de Seu João Mendes, Seu Joca Clemente, José Tavares, "Zé dos óculos", João Virgínio, Seu Deca (pai de Sandro), Seu Luís Pereira (avô de Lula), Seu Zé Gomes da Padaria, entre outros, além daquele que era praticamente tio de todo mundo, o popular “Ti Migué”, pai da minha amiga Roselita.
Eu não “nasci há 10 mil anos atrás”, como diria Raul Seixas, mas durante o tempo em que vivi aqui em Queimadas (de 1975 a 1998) vi muita coisa acontecer por esta cidade afora, bem antes de iniciar-se esse processo de crescimento e expansão do município, graças exclusivamente à força do comércio local. Um comércio, aliás, dos mais promissores.
Durante toda a minha infância e adolescência, e principalmente desses últimos dez anos para cá (os quais não acompanhei de perto), tenho notado claramente que este lugar vem passando por várias transformações e modificações, mas, sobretudo, no que diz respeito ao seu aspecto físico. Queimadas cresce agora em ritmo acelerado e em todas as direções, quase a olho visto. E o seu comércio em ascensão, como já dissera, é certamente o único responsável direto por esse desenvolvimento muito bem-vindo, embora que, como sabemos, ele seja desproporcionalmente compartilhado.
Entretanto, não há muito que se criticar nesse sentido. Haja vista que todo esse mérito comercial/evolutivo pertence, na verdade, àqueles que investiram maciçamente no progresso, na modernidade e no bem-estar do consumidor queimadense, deixando para trás, em parte, toda uma tradição de pequenos comerciantes (já falei sobre isso num folheto intitulado O pequeno comércio em Queimadas).

Seu Ernande, pai do amigo "Russo", e o meu pai, nos primórdios do seu comércio.

Evidentemente, quero referir-me agora à época em que a minha família possuía comércio, um tempo do qual só restou lembranças. O mercadinho do meu pai, que se iniciou como uma pequena “bodega” no final dos anos 1970, “engolindo” os cômodos da nossa antiga casa, foi um dos pioneiros no varejo de frutas em Queimadas, ganhando notoriedade e um apelido reconhecido em qualquer lugar: CEASA. Este se devia também pelo fato de que o meu velho trabalhou, durante algum tempo, como transportador de cargas no Ceasa de Campina Grande, abastecendo principalmente a Feira Central.
Continua...

4 comentários:

  1. A CIDADE NÃO PARA
    A CIDADE SÓ CRESCE
    O DE CIMA SOBE
    E O DE BAIXO DESCE

    (CHICO SCIENCE)

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  2. Queria muito ter conhecido o famoso "Rei das frutas",aquele que um dia foi muito importante pra Queimadas.

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  3. Parabéns velho Paulo! Nenhuma outra fala expressará melhor esse cinquentenário de nossa cidade.

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  4. Paulo, graças a Deus tive a oportunidade de ter estado próxima a Frei Damião, quando participava das atividades na paróquia Nossa Senhora da Guia.
    Angela sua amiga e irmã de Marinalva.
    abraços !

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