Memórias Inesquecíveis


MEMÓRIAS
INESQUECÍVEIS
DE UM
ETERNO
BRINCALHÃO


UM MANUAL PARTICULAR DE
BRINCADEIRAS
                                                                                               
                                                                                           Revisado em jan./2012

UMA HOMENAGEM SINCERA
ÀS VERDADEIRAS
AMIZADES
Paulo A. Vieira




DEDICATÓRIA

Quero dedicar estas memórias, em especial, aos amigos que já não se encontram mais entre nós, em nosso convívio fraternal, e que partiram para a “grande viagem”: Laelson, irmão do amigo e pintor “Bola”, Severina Virgínio (Raminha), Joseneide (sobrinha de Dutra), Josevandro Oliveira (Dande), Betão, Edgley (Guêga), Zé de “Maria Fulô", João “Braúna” e Klepsom (Pepinha).

(IN MEMORIAM)




AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos os meus amigos, especialmente àqueles que tanto me incentivam e me elogiam nessa minha nobre tarefa de escrever, de tentar transpor para o papel algumas informações, por mais absurdas que elas sejam.
Um agradecimento todo especial aos amigos José Marciano e Milene de Farias, meus colaboradores e “co-autores” diretos, por fornecerem- me ideias, sugestões e serviços prestados.
Este trabalho é fruto de uma longa convivência, das inúmeras amizades que procurei conservar até os dias de hoje. Portanto, agradeço a todos os que fazem parte deste seleto grupo e, acima de tudo, por serem meus eternos amigos. Certamente muitos outros virão.



SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

INTRODUÇÃO

CRONOLOGIA  

PARTE I
DESCRIÇÕES PESSOAIS DE ALGUNS DOS MEUS MELHORES E MAIS ANTIGOS AMIGOS, RECORDANDO OS TEMPOS ÁUREOS, E AS BRINCADEIRAS E VACILOS DA MINHA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

CAPÍTULO 1
RECORDAÇÕES, DESCRIÇÕES & PERFIS
Destacando, em especial, alguns dos meus melhores e mais antigos amigos:
Estefâneo (Fãe)
João da Cruz
Flaudemir
Ironildo (Nildim)
Sebastião (Dão Lennon)
Patrício (Titi)
Jailsom (Batata)
Ivanildo (Mininim)
Hélio (Fofão)
Pedro
Fábio (Galego)
Adriano (Pereira)
Sandro
Mário Henrique
Moisés
E seguindo adiante uma lista de dezenas de outros amigos, não menos especiais ou importantes do que estes.

CAPÍTULO 2
AS MIL E UMA BRINCADEIRAS DE UMA INFÂNCIA INESQUECÍVEL
Destacando as principais brincadeiras da minha infância:
Tampinhas de garrafa
Notinhas feitas de maços de cigarro
Bolinhas de gude
Castanhas de caju
Pneu de carro com varas
Pneuzinho impulsionado por gancho
Carrinhos de lata
Carrinhos de mão, tipo carrocinhas de obra
O supercarro
Pernas de pau
Estilingue
Pião
Espeto
Arco e flecha de armação de guarda-chuva
Álbuns de figurinhas
Gibis
Brincadeiras em rua aberta

CAPÍTULO 3
VACILOS DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
Destacando entre os meus pequenos vacilos e traquinagens da infância, algumas pessoas dessa época, vítimas de pilhérias, insultos, provocações e até mesmo de pequenas maldades cometidas por mim.
(...)

PARTE II
A MINHA ADOLESCÊNCIA, UMA MENTE CRIATIVA SEMPRE EM EVOLUÇÃO (SEM NENHUMA MODÉSTIA), A ERA DO REI DAS
FRUTAS E ÁLBUM DE FAMÍLIA.

CAPÍTULO 4
IDEIAS, INICIATIVAS E INVENÇÕES
Destacando toda a base das III, as“ações”que aprontei durante esse período:
A minha 1ª estorinha
Os “donos da bola”
Iniciando no skate
Frota Raul Seixas
Zarabatanas
Dedos em chamas
As supercaminhadas
Cartas/amigas por correspondência
Fotos inusitadas
Viagem João Pessoa/bicicleta
Outros roteiros de bike
Morcegos perigosos
Campeonato do “pregão”
Fita do berimbau
Um triciclo diferente
Passeios ciclísticos
João e o carro “amassado”
A pipa gigante
Pipas de isopor
Gincanas com meninos
Nome Raul Seixas na Pedra do Touro
Reveillon na Pedra do Bico – Expedições
Uma certa lista de ...
Uma noite no cemitério
Surfistas rodoviários
Judas na rua João Barbosa
A panela de barro e os cozidos
Pegadinhas com latas, moedas, caixas e até com fezes (?)
“Naquela praça, naquela rua...” – Raul Seixas 50 anos
Questionários específicos
Exposições/fotos de artistas no quadro de luz
Malabarismo com fogo e os circos mambembes
Artesanatos com palitos de picolé
Acrósticos comprometedores
Cordéis difamando Queimadas
Da distribuição de adesivos

PROJETOS FUTUROS

CAPÍTULO 5
A ERA DO REI DAS FRUTAS
Destacando a fase em que o meu pai, Severino Albino Vieira, mantinha um comércio, o qual era carinhosamente apelidado de Ceasa. Isso era principalmente, devido à intensa venda de frutas que, durante muito tempo, foi o seu principal produto.
(...)
CAPÍTULO 6
UM ÁLBUM DE FAMÍLIA DIFERENTE
Um painel de fotografias comentadas, destacando os meus familiares mais próximos.

PARTE III
IDOLATRIAS DE UM FÃ EXAGERADO, LISTAS EXCLUSIVAS E AS ÚLTIMAS BRINCADEIRAS

CAPÍTULO 7
TUDO POR RAUL – MEU 1º DISCO E TUDO O QUE JÁ FIZ ATÉ ENTÃO EM NOME DE RAUL SEIXAS
Destacando as coisas fora do comum que eu já fizera envolvendo o mito Raul Seixas:
Letreiro de Raul Seixas na Pedra do Touro
Expedições à Pedra do Bico
Nome de Raul na pipa gigante
As fotografias inusitadas
Frota de carrinhos
Comemorando Raul Seixas
Exposições/frases/fotos
Cartas/correspondências
Adesivos – Raul Seixas
Tatuagem
Grafite/skate
Placa de automóvel
Bandeira do Raul
Livros, CD’s e... muito som
Meus dois sobrinhos
Relações e lembranças

CAPÍTULO 8
MANIA DE LISTAS
Destacando as minhas listas mais “úteis” e mais significativas:
Lista de ditados populares
Lista de todos os filmes
Lista de todas as músicas de Raul Seixas
Lista de palavras/treino ortográfico
Lista de todos os nomes de amigos e até de inimigos meus
Lista de todas as minhas coleções
Lista (mental) de todas as mulheres com as quais...
Lista de todas as mulheres que já me deram “bolo”
Lista de todos os trabalhos que já tive no Rio de Janeiro
Todo o ano de 2000
Lista das melhores bandas
Lista das garotas mais populares de Queimadas
Lista de perguntas/questionários instantâneos
Lista de todos os artistas e gente da TV que já vi pessoalmente
Lista de todos os livros (bem poucos, aliás), de diversos gêneros que me lembro de ter lido
Lista das melhores piadas (atualíssima)

CAPÍTULO 9
O COMEÇO DO FIM E AS ÚLTIMAS BRINCADEIRAS
Destacando uma lista de brincadeiras atuais, as quais eu desenvolvi ou adaptei no Rio de Janeiro:
Brincadeira dos círculos
Brincadeira das garrafas
Questionários instantâneos
Jogo dos provérbios e ditados populares
Arremesso de dardos
Reloginho – hora certa
Torneio de dados/números do dado
Gincanas culturais
Testando a memória
Testando a memória II
Jogo do trânsito
Professor de pedra
Desfolhando o “talo” do abacaxi
Brincadeira das bexigas
Cubra 12, o quadrado-mágico (...)
Tampinhas – resta uma
Pesca-pesca
Laça-laça
Binguinho
Fita métrica
Cabo de guerra

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

APÊNDICES


Obs.:
As fotografias e recortes expostos neste trabalho, bem como toda e qualquer forma de comunicação visual, fazem parte do meu “acervo” particular, ao qual apenas me limitei para reforçar alguns registros da época.



APRESENTAÇÃO

A síndrome de Peter Pan parece mesmo existir, posso finalmente ter alguma certeza disto. E fico feliz ainda por saber que fui, de alguma maneira, afetado por ela. Eu, Paulo Albino Vieira, o aprendiz de poeta, nascido na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, RG 166237, atualmente com 36 anos, solteiro (inclusive, ainda morando com meus pais, condição esta que não pretendo mudar tão logo), considero-me apenas um garoto que se recusa a todo custo crescer mentalmente, driblando o tempo como pode. Nem sei ao certo até onde vai o meu grau de maturidade.
     Assumir  responsabilidades  como  família, negócios, compromissos... tô fora! Mas nem por isso aceito ser taxado (pejorativamente) como um vil vagabundo. Esse “estereótipo”, aliás, já não tem mais a mesma conotação da personagem clássica Carlitos, de Charles Chaplin, do qual sou um fã incondicional. Prefiro autodefinir-me como um “amante da liberdade”, ou talvez, como um cara excêntrico (doido é a mãe!), porém nunca um irresponsável. Apenas uma criança grande sem maiores preocupações e que detesta esse sistema vigente. Infelizmente, às vezes tenho que engoli-lo.
       Em resposta àqueles que sempre procuraram, de alguma modo, interferir nas minhas escolhas (se meter na minha vida), gostaria de lembrar-lhes que, quem tiver suas cruzes de madeira que as conduzam sozinho, pois a minha é feita de isopor (...)  Individualismos e blasfêmias à parte, isso não significa dizer que a minha vida tenha sido repleta de felicidades e realizações o tempo inteiro, muito pelo contrário. A gente só colhe aquilo que planta. E nem tudo exatamente são flores...
       Durante a minha adolescência e dentro desse meu “tempo real”, desenvolvi TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), um problema que acabou gerando, de certa forma, um atraso na minha vida. No entanto, foi graças a isso, talvez, que consegui até hoje regrar os meus instintos, quase sempre impetuosos, procurando ter sempre um autocontrole (disciplina) em qualquer situação inusitada. Agindo, enfim, de maneira a não cometer maiores bobagens, extravagâncias, como entregar-me a vícios ou tornar-me um indivíduo desajustado emocionalmente, explosivo, violento.
      Paralelamente a isso, ainda fui um adolescente bastante inseguro. E, apesar de demonstrar uma certa desinibição e uma segurança particular em tudo que fazia, no fundo escondia-me atrás de brincadeiras só para omitir a minha verdadeira identidade: a de um garoto cheio de complexos e com uma auto-estima sempre em baixa (nos momentos de crise, eu desenvolvia “tiques nervosos” absurdos). Mais uma vítima inocente das transformações físico-mentais ocorridas durante a puberdade, mas, sobretudo, das inúmeras convenções e condições impostas por uma sociedade hipócrita, criadora de verdadeiros exércitos de seres complexados. Uma sociedade visivelmente manipuladora, cuja prática se dá em cultuar e supervalorizar a estética corporal, colocando-a acima, até mesmo, da própria inteligência.
         Acredito ainda que, diferentemente das religiões (o "ópio" do povo, segundo Karl Marx) que tentam manipular as pessoas, alienando-as de modo a agirem como robôs, autômatos facilmente controlados e com um pensamento numa escala em comum, o ideal seria que cada ser humano procurasse focar e ao mesmo tempo direcionar o alvo de sua vida para um determinado objetivo, único, pessoal e exclusivo. Utilizando-se, pois, do "livre arbítrio", e sem temer quaisquer hipóteses sobre eventuais "ameaças divinas" ou algo que possa implicar em “prestações de contas” posteriores. Porém, acima de tudo, sempre respeitando valores e diferenças individuais.
Busquemos, enfim, dentro de uma alternativa própria, algo que nos faça feliz de verdade, independentemente de crenças, doutrinas ou dogmas. E de forma imprescindível, procuremos nos guiar apenas pela “certeza” e por aquele otimismo verdadeiro de quem acredita estar no caminho certo, fazendo o que é devido e com uma autonomia sem limites. Essa é, portanto, a definição mais real possível, o preceito mais condigno no que diz respeito à liberdade de uma forma geral, um dos bens mais preciosos de que alguém pode desfrutar. Fujamos, então, de todo e qualquer convencionalismo.
Indiferente a tudo e a todos, eu sempre busquei a exclusividade como padrão absoluto para a minha vida, fugindo de todas as grades e amarras que pudessem prender-me. Mesmo que para isso, às vezes, tenha pago um alto preço. É a essência do anarquismo, na sua melhor concepção, que sempre me guiou por esse mundo turbulento e cheio de imposições. Mas tudo com uma certa dose de cuidado, afinal, como diz o velho ditado, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
É importante lembrar, os mais de 10 anos que permaneci no Rio de Janeiro (minha cidade de origem), período compreendido entre agosto de 1998 e janeiro de 2009, não conseguiram de forma alguma apagar da minha memória, nem por um instante, esse vínculo com a Paraíba (motivo mais que relevante para meu regresso). Incluindo, por conseguinte, os melhores momentos, a melhor fase da minha vida, que foi minha primeira década vivida, adentrando pela segunda... E recordando ainda que esse afastamento, o qual se fez necessário, distanciou-me das minhas verdadeiras amizades, é fato. Mas como nada é em vão, serviu-me para enxergar a grandeza de se possuir amigos, o maior tesouro presente em nossas vidas.
       Como diria a cantora ELBA RAMALHO, “estou de volta pro meu aconchego...”

“O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano”.
(Isaac Newton)

Paulo A. Vieira
Queimadas, 21/04/2009.



INTRODUÇÃO

Escrever sempre fez parte da minha vida, desde os meus tempos mais remotos. Desenvolver estórias, contar histórias... tudo de acordo com os seus respectivos parâmetros. Não é mera coincidência eu haver iniciado este parágrafo abordando um tema tão profundo e que, em tempo, me é tão peculiar (obedecendo ao meu nível e grau de compreensão).
Um escritor, um bom redator, um roteirista, enfim, para desenvolver um projeto, ele necessita fundamentalmente de uma boa ideia, assim como o barco necessita de um porto para atracar. De nada adianta conhecer todos os procedimentos acadêmicos, literários, a forma padrão e culta de uma língua, se não tiver competência, criatividade e uma cabeça brilhante para gerar algo diferente, inédito e que seja realmente interessante. A ordenação das ideias também é algo inerente nesse meio e precisa ser acompanhada passo a passo, uma vez que as ideias fluem sem pedir passagem.
Longe de comparar-me com o mais frustrado entre todos os escritores, no entanto, eu me coloco aqui, mais uma vez, com uma obra em evidência. Porém, desde sempre, na humilde posição de um principiante. Aprendendo e, sobretudo, aperfeiçoando-me com os meus próprios erros, considero-me um típico autodidata a caminho de uma compreensão maior.

Dividido em três etapas um tanto distintas, porém, integrando-se e complementando-se até o final, este trabalho compreende, necessariamente, os diferentes estágios pelos quais atravessei, desde a minha infância até o momento atual. Lembrando que, para todo e qualquer efeito, a principal fonte consultada e devidamente pesquisada para a elaboração dos textos aqui selecionados foi a minha própria memória, o único alicerce do qual me vali para trazer à tona todas estas recordações, acumuladas no decorrer dos anos.
Portanto, para consolidar estas ideias, procurei fazer uso apenas da minha "base empírica", ou seja, das experiências vividas, adquiridas e por mim compartilhadas através do tempo (eu não recomendaria algumas das lembranças aqui relatadas como uma prática “saudável” de leitura). Em suma, este trabalho não possui nenhum "embasamento teórico" ou qualquer outro tipo de suporte e/ ou referencial bibliográfico que possa caracterizá-lo como uma obra de valor científico (isso é uma piada!).
      A data de referência para fazer quaisquer associações temporais com os textos aqui expostos será sempre 2009, o ano que fechei estas memórias.  
Em tempo, gostaria ainda de frisar que este é apenas mais um livro amador (desta vez eu sou o protagonista), uma mera criação sem qualquer pretensão literária. Uma obra simples cuja finalidade principal é exercitar a minha própria produção textual, ou seja, brincar com as palavras sem aquele medo constante de errar (herrar é umano!), mas dentro de um limite tolerável de incorreções. Além de proporcionar a um eventual leitor a chance de descobrir coisas diferentes e até de reviver alguns momentos do passado, caso este se identifique com algum fato aqui relacionado.
Enfim, farei, a partir de agora, uma viagem nostálgica embalada numa autobiografia inusitada e sem precedentes (não me permitirei esquecer nada!). Buscando, acima de tudo, através de relatos fiéis, descrições e listas (algumas um tanto perigosas), relembrar os melhores momentos da minha infância e adolescência na cidade de Queimadas, além das inúmeras invenções e brincadeiras ao longo desse período.


Dentre tantas observações curiosas e outras descobertas igualmente interessantes, passando ainda pelos meus momentos mais introspectivos, gostaria de repassar, portanto, que
Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida!

Paulo A. Vieira
Queimadas, 28/06/2009.


Continua...