sexta-feira, 7 de abril de 2017

TCC - ESTRESSE OCUPACIONAL EM OPERADORES DE TELEMARKETING




DANIEL BARBOSA DO NASCIMENTO
PAULO ALBINO VIEIRA
SAIONARA HENRIQUE DA SILVA




ESTRESSE OCUPACIONAL EM OPERADORES DE TELEMARKETING




  

CAMPINA GRANDE – PB
2017




DANIEL BARBOSA DO NASCIMENTO
PAULO ALBINO VIEIRA
SAIONARA HENRIQUE DA SILVA 





ESTRESSE OCUPACIONAL EM OPERADORES DE TELEMARKETING





                                                        Trabalho  de  Conclusão  de  Curso  que
                                                        será submetido à avaliação dos docentes
                                                        da área  de  Segurança  do  Trabalho  da
                                                        Escola          Técnica          e          Cursos
                                                        Profissionalizantes Infogenius.


                                                        Orientador: Luciano Santiago Barreto


  



CAMPINA GRANDE – PB
2017




ESTRESSE OCUPACIONAL EM OPERADORES DE TELEMARKETING




                                                        DANIEL BARBOSA DO NASCIMENTO [1]
                                                                                 PAULO ALBINO VIEIRA [2]
                                                                SAIONARA HENRIQUE DA SILVA [3]                              
                                                    PROF: LUCIANO SANTIAGO BARRETO [4] 


Resumo: Considerado o “mal do século”, o estresse vem se mostrando ao longo dos anos uma base de estudos de grande interesse para muitos pesquisadores, devido, principalmente, ao seu crescimento consecutivo no trabalho. Aqui, neste caso, diz-se estresse ocupacional. É um mal comprovadamente adquirido no ambiente laboral, e dentre as mais variadas profissões da modernidade, vem chamando atenção em particular o aumento crescente de casos de estresse ocupacional entre os profissionais da área de telemarketing. Sob esse viés e utilizando esta realidade como linha de pesquisa, este estudo objetiva conhecer um pouco mais sobre o estresse ocupacional e a atividade dos operadores de telemarketing, ou call centers. Para tanto, foi utilizada como metodologia a pesquisa bibliográfica descritiva, ao passo que permite a busca do conhecimento científico a partir de materiais já elaborados por outros autores. Através desta pesquisa, pôde-se verificar que grande parte dos atendentes de telemarketing sofre de estresse ocupacional, evidenciando que o trabalho em call centers continua sendo desenvolvido por fontes estressoras, e que por sua vez, acabam por provocar doenças ocupacionais nos trabalhadores dessa área. Para o estudo desta pesquisa, faz-se pertinente a aplicação dos conhecimentos básicos da Ergonomia, a base da NR 17 (Norma Regulamentadora), bem como da NR 07, através do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), que trata da saúde ocupacional dos trabalhadores. Devido a estas fontes de estresse presentes no ofício diário, muitos atendentes se sentem como se não tivessem o controle da situação, com tendência a ter baixa confiança no desenvolvimento de um trabalho seguro, podendo desenvolver, inclusive, a Síndrome de Burnout. Conclui-se, deste modo, que o estresse ocupacional está cada vez mais presente na vida do profissional de telemarketing. E que, por essa razão, as organizações devem criar meios que promovam a saúde e o bem estar do indivíduo no seu local de trabalho.

Palavras-chave: Estresse ocupacional. Atendente de telemarketing. Ergonomia.



Discente concluinte do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, pela Escola Técnica e Cursos Profissionalizantes Infogenius. Ensino Médio completo, Curso de Auxiliar de Pessoal, SENAI, 2013.
2 Discente concluinte do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, pela Escola Técnica e Cursos Profissionalizantes Infogenius. Ensino superior completo no Curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Estadual da Paraíba (2013).
3 Discente concluinte do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, pela Escola Técnica e Cursos Profissionalizantes Infogenius. Ensino Médio completo, Curso de Recepcionista, SENAI, 2014.
Docente graduado em Química Industrial pela Universidade Estadual da Paraíba (2004) e Ciências Contábeis pela Universidade Regional do Nordeste (1992). Especializações em Engenharia de Produção pela Universidade Federal da Paraíba (2007), Meio Ambiente na Indústria pela Universidade Estadual da Paraíba (2008) e MBA em Logística e Gestão de Suprimentos pela Faculdade Anglo Americana (2014).


1. INTRODUÇÃO 

Percebemos no mundo industrial, empresarial e corporativo as mudanças que vêm influenciando as formas de organização da produtividade e do trabalho, como também as relações pessoais no ambiente laboral. O processo de reestruturação da produtividade do trabalhador vem exigindo transformações que, por sua vez, repercutem no trabalho, nos empregados e, consequentemente, nas empresas como um todo. No tocante aos trabalhadores, o risco à saúde físico/mental é algo agravante nesse processo e iminente em muitas situações.    
Tendo como base este conceito, muitos estudos atualmente estendem-se em busca de compreender os temas trabalho e saúde, correlacionando-os para uma melhor percepção do ambiente laboral. Nesse sentido, o estresse, processo de adaptação humana às exigências de um ambiente, tem apresentado uma conotação negativa-estresse altíssima em ambientes de trabalho, nos quais o trabalhador encontra-se mais propenso a erros e acidentes e, por consequência, com sérias repercussões em sua produtividade, sua capacidade de trabalho e sua qualidade de vida (FIORI, 1997). Dessa forma, até que ponto o estresse ocupacional interfere diretamente no desenvolvimento do trabalhador moderno, onde as decorrências psicofisiológicas deste problema de saúde já se tornaram comuns, afetando agora grande parte dos homens e mulheres que atuam no mercado de trabalho.
Seguindo esse viés, esta pesquisa tem como objetivo geral conhecer o estresse ocupacional e a atividade dos operadores de telemarketing, sugerindo estratégias de intervenção e medidas que visem, sobretudo, a promoção da saúde e a prevenção de doenças ocupacionais no ambiente de trabalho. Em seus objetivos específicos, têm por finalidade apresentar características e fatores do estresse ocupacional, bem como relacionar a atividade dos operadores à incidência do mesmo, propondo medidas de combate e apontando alternativas que diminuam os constrangimentos aos quais esses trabalhadores são submetidos diariamente, métodos que orientem na criação de ambientes laborais mais motivadores, diminuindo assim, a monotonia, a repetitividade e a fadiga.
Entretanto, faz-se pertinente a aplicação dos conhecimentos da Ergonomia, base da NR 17, bem como da NR 07, através do PCMSO, que trata da saúde ocupacional dos trabalhadores. Pela lei, todos os funcionários, independente do cargo ou função, deverão se submeter a exames médicos do tipo admissionais, periódicos, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissionais, conforme o item 7.4.1 da NR 07.                                        
Para o desenvolvimento deste trabalho, a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica descritiva, na medida em que permite a busca do conhecimento científico a partir de materiais já elaborados por autores da literatura referente às áreas abrangentes de Segurança do Trabalho. Sendo assim, diante do contexto apresentado, este estudo demonstra relevância significativa, na medida em que propõe uma melhor conscientização dos operadores de telemarketing quanto aos métodos necessários à prevenção do estresse ocupacional.
Portanto, este artigo visa esclarecer, de uma forma geral e específica, as condições de trabalho dos operadores de telemarketing, constatando-se tais funções como fontes desencadeadoras do estresse ocupacional, tendo em vista o estabelecimento de relações entre os métodos organizacionais do trabalho nesse setor. 

2. REFERENCIAL TEÓRICO
          2.1. Origens e principais causas do estresse ocupacional 

        O estresse ocupacional é o resultado da relação inerente entre os indivíduos e seu ambiente de trabalho, em situações onde se exige demais de um funcionário, muitas vezes, excedendo sua capacidade de realização. Segundo Siqueira (1995), trata-se de um problema sistêmico da atualidade que faz com que o trabalhador moderno fique cada vez mais tendente a erros e acidentes em sua rotina de trabalho, ocasionando no desgaste do seu organismo e interferindo diretamente na sua produtividade.
Por origem e significado, o estresse é um estado gerado pela percepção de estímulos que provocam uma excitação emocional. Ao perturbarem a homeostasia, que é o estado de equilíbrio das diversas funções e composições químicas do corpo, levam o organismo a disparar um procedimento de acomodação caracterizado pelo aumento da secreção de adrenalina, com várias consequências sistêmicas.
Selye (1959) procurou definir o estresse como sendo, basicamente, o grau de desgaste total causado pela vida. Ele utilizou o termo estresse na área de saúde pela primeira vez em 1926, quando notou que muitas pessoas sofriam de diversas doenças físicas, reclamando com frequência de alguns sintomas como falta de apetite, pressão alta, desânimo, entre outros.
Considera-se, deste modo, que o estresse seja um somatório das respostas do organismo ao se deparar com fatores estressores presentes em seu conjunto e à sua volta. Fiori; Masci (1997) avaliaram o estresse ocupacional movido pelo número de pedidos de indenização por parte de trabalhadores acometidos de estresse mental, justamente pelo fato dos tribunais trabalhistas serem bastante receptivos a este tipo de ocorrência. Sobretudo, estes autores justificaram investigar e relacionar o estresse aos aspectos organizacionais devido ao fato do ser humano passar a maior parte do seu tempo em um ambiente de trabalho. Podemos observar isto na figura 1, abaixo.                  


        Figura 1: Momentos do dia a dia mais estressantes na vida de um trabalhador

Fonte: PARRA et al., 2014.
          Por essa ótica, não se pode ignorar as condições de trabalho de muitos empregados na atualidade, em funções nas quais passaram a adicionar maiores cargas de estresse dentro de suas rotinas de trabalho, ocasionando assim, em vários problemas de saúde. Em nível nacional e internacional, o estresse ocupacional já se tornou uma questão de saúde pública, como aponta uma publicação da revista Veja (2011, p. 76).
                                                                           O estresse no ambiente de trabalho tem feito com que cada vez mais profissionais recorram à ajuda médica - e essa já vem se tornando uma questão de saúde pública. É o que mostra um estudo de economistas da Universidade de Concórdia, no Canadá, publicado no periódico BMC Public Health. Segundo dados do estudo, 26% das pessoas que trabalham em ambientes altamente estressantes já passou por consultas por problemas fisiológicos, mentais ou emocionais.                                                                                             

Segundo Silva; Ferreira (2007), os primeiros estudos acerca do estresse ocupacional, na época, se refletiram basicamente sobre a linha de montagem nas indústrias, como também na construção civil. Entretanto, já na década de 1970, outras pesquisas surgiram para abordar o estresse no trabalho e sua influência sobre a saúde mental do trabalhador. Porém, com base apenas na demanda das tarefas, focando no operário, deixando de lado o controle no trabalho.
Os resultados determinantes dessas reações estão relacionados com o modo de reagir do indivíduo e dependem, em grande parte, do estado mental, físico e emocional de seu equilíbrio. Considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a doença do século XX, o estresse ocupacional corresponde, deste modo, a uma falha do processo de adaptação humana, um problema que é gerado principalmente devido às alterações dos fatores organizacionais, ergonômicos e biológicos desses trabalhadores.    
De acordo com Camargo; Oliveira (2004), o estresse vem sendo agora um dos temas mais estudados na área de saúde mental, devido ao seu forte impacto sobre a qualidade de vida pessoal, social e ocupacional do trabalhador. Doenças de cunho psicológico como a depressão, por uma tendência, podem ser causadas pelo estresse ocupacional, visto que o trabalhador encontra-se em situação vulnerável. A exemplo disto, os operadores de telemarketing, funcionários que ficam expostos diariamente a alguns fatores desencadeantes do estresse ocupacional, devido à carga física direta e/ou indireta empregada na atribuição de suas funções.

2.2. O estresse ocupacional no dia a dia dos operadores de telemarketing

As condições de trabalho dos operadores de centrais telefônicas, operadores de telemarketing, em geral, são consideradas fontes desencadeadoras do estresse ocupacional, devido às relações e à forma de organização do trabalho praticadas por esses funcionários. Sendo assim, algumas rotinas de trabalho na modernidade acabam por fragilizar as pessoas, chegando ao ponto de torná-las vulneráveis ao desenvolvimento das reações de estresse (SISTO et al., 2007). Na figura 2, abaixo, percebemos alguns exemplos dessas rotinas.

Figura 2: Principais motivos do estresse no trabalho

Fonte: ALEXANDRE, 2015.

Vários são os fatores dentro das empresas que podem gerar estresse ocupacional. De acordo com Robbins (2005, p. 440), “Alguns exemplos são as pressões para evitar erros ou cumprir prazos, a excessiva carga de tarefas, um chefe exigente, e colegas desagradáveis”. Com este pensamento, o autor mostra que o indivíduo vive rodeado por fontes estressoras em seu ambiente de trabalho, sendo praticamente impossível evitá-las.
O ambiente de trabalho onde o operador de telemarketing presta um serviço de relacionamento com o cliente é chamado de call center (LIMA, 2004; OLIVEIRA; 2006; VERAS, 2006). Nesses últimos vinte anos, os call centers se desenvolveram bastante no Brasil, surgindo organizações que se dedicam apenas à prestação deste ofício, apresentando-se como empresas terceirizadas. São, na verdade, centros de contato integrado entre a organização e os seus clientes, realizado de forma mediata e fazendo uso, sobretudo, da tecnologia (SAKAMOTO, 2001).
           Esse campo de trabalho adquiriu uma importância crescente e em contínua sincronia com a economia globalizada. As novas configurações do trabalho, de acordo com Gómez (2007, p. 1), “São caracterizadas pela globalização, pela inovação tecnológica, pela terceirização de serviços, fusão de empresas, flexibilização dos empregos, entre outras, as quais trouxeram novos fatores de risco para o surgimento do estresse laboral”.    

Nesse contexto, as pesquisas sobre estresse laboral tornaram-se relevantes tanto para as organizações quanto para seus trabalhadores. A ocorrência do estresse gera custos elevados às empresas, pois contribui para a diminuição da produtividade e da satisfação no trabalho, aumento do absenteísmo e da rotatividade e está associado aos prejuízos à saúde. (SILVA; FERREIRA, 2007, p. 139-146). 

Em ambientes de telefonia os ruídos são constantes, tornando-se um sério problema para os operadores. Nesse contexto, as pesquisas sobre estresse laboral tornaram-se bem relevantes, tanto para as empresas como para os seus trabalhadores, uma vez que a ocorrência do estresse em funcionários gera elevados custos a essas organizações, contribuindo efetivamente na diminuição da produtividade, bem como da satisfação no trabalho. Para Silva; Ferreira (2007), isso provoca o aumento do absenteísmo e da rotatividade, estando associado ainda aos prejuízos e à saúde do funcionário.
Com média de permanência de desesseis meses em um call center no Rio Grande do Sul, Oliveira e Jacques (2006) encontraram uma alta rotatividade de funcionários nessa atividade, uma vez que, apesar do forte crescimento das empresas de telemarketing, não houve qualquer modernização consistente da organização desse trabalho nos dias atuais. Segundo Venco (2007), a maioria dos operadores de telemarketing  é de jovens em circunstância de primeiro emprego, com idade aproximada entre os 18 e 25 anos. Pelo menos 70% deles são mulheres, com escolaridade em nível médio e sem experiência de trabalho.
De acordo com Lipp (2000), o estresse é uma tensão que induz a uma quebra no equilíbrio interno do organismo humano, podendo ocasionar, não muito raro, a Síndrome de Burnout. Burnout é uma condição de estresse ocupacional que ataca, em especial, profissionais envolvidos com qualquer tipo de cuidado em uma relação de atenção direta, algo que seja contínuo e altamente correlativo do ponto de vista emocional. O trabalho dos operadores de telemarketing é o melhor exemplo disso.
Maslach; Schaufeli; Leiter (2001, p. 52, 397-422) definem da seguinte maneira as três dimensões dessa síndrome:

Exaustão emocional, caracterizada por uma falta ou carência de energia, entusiasmo e um sentimento de esgotamento de recursos; despersonalização, que se caracteriza por tratar os clientes, colegas e a organização como objetos; e diminuição da realização pessoal no trabalho, tendência do trabalhador a se auto-avaliar de forma negativa. As pessoas sentem-se infelizes consigo próprias e insatisfeitas com seu desenvolvimento profissional.   
   
2. 3. A importância da ergonomia para os operadores de telemarketing                                           

Segundo Moura (2003), o trabalhador moderno é constantemente forçado a se adaptar às novas tecnologias, na tentativa de se manter atualizado perante um mercado cada vez mais competitivo e cheio de restrições. Aprendendo e dominando essas novas tecnologias ele garante a sua empregabilidade e estabilidade financeira. E embora haja várias positividades nesse avanço tecnológico, a pressão do consumo, o aumento da competitividade, a busca pela qualidade e a ameaça de perda do emprego, entre outras dificuldades cotidianas, acaba tornando a vida dos trabalhadores cada vez mais repleta de incertezas.
De acordo com Margis et al. (2003), cada trabalhador irá sempre responder de modo particular a um mesmo fator estressor, na medida em que revela sua tolerância ao mesmo. Diante disso, o ser humano encontra-se envolvido em um processo complexo e bem dinâmico, uma vez que a realização de toda e qualquer atividade de trabalho envolve a inclusão da relação de pelo menos, três aspectos, revelando a importância da ergonomia no dia a dia do trabalhador: o aspecto físico, cognitivo e o emocional. 
A definição mais utilizada na atualidade no que se refere à ergonomia é a mesma empregada pela Associação Internacional de Ergonomia (IEA), conceituando-a como “uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema” (IEA, 2000 apud ANDRADE; GUIMARÃES, 2004).
 Para Andrade; Guimarães (2004, p. 153-168),

A palavra ergonomia é de origem grega, cujo termo “ergo” (trabalho), associado ao termo “nomos” (leis), significa o estudo das normas e regras do trabalho, visando a sua humanização, através da redução do esforço do trabalhador durante a realização de sua atividade laboral.
     Dessa forma, percebe-se que a ergonomia compreende tanto o aspecto físico, cognitivo e organizacional do trabalho, fazendo parte da atividade diária dos operadores de telemarketing. A Ergonomia estuda ainda todos os tipos de fenômenos que ocorrem durante as atividades de trabalho com a finalidade de garantir a adaptação do trabalho ao homem e não a adaptação do homem ao trabalho (SILVA-BAÚ, 2002).
Em função das exigências de atuação e de comportamento nas empresas, a atividade de operador de telemarketing estará sempre associada à presença de sintomas de estresse. Sendo bastante rígida a organização do trabalho nos call centers, especialmente por ser intenso o controle e o monitoramento dos serviços oferecidos, esse quadro agrava ainda mais os problemas de saúde dos operadores, prejudicando um maior desempenho em visto do estresse ali gerado (VERAS, 2006; VENCO, 2007).
Desse modo, torna-se necessário um enfrentamento constante do estresse, utilizando formas de prevenção nas atividades diárias, como podemos observar na figura 3, abaixo:

 Figura 3: Formas de prevenção e enfrentamento do estresse no dia a dia do trabalhador

Fonte: CARNEIRO, 2010.

Não somente essa organização passa a ser prejudicial ao trabalhador, como também as condições físicas em que o trabalho se realiza. Para Veras (2006), a postura física imprópria no manejo dos equipamentos, bem como o ar condicionado associado à utilização contínua da voz do operador, tão prejudicial às cordas vocais, são alguns dos problemas encontrados em um call center. E ainda a utilização de headset, ocasionando a perda gradativa da audição, as restrições quase sempre presentes às necessidades fisiológicas, uma vez que não existem pausas formais no trabalho, estão entre as situações de trabalho que mais prejudicam ao operador de telemarketing.
Operadores de telemarketing, na atribuição de suas funções, operam equipamentos, atendem, transferem, cadastram e completam chamadas telefônicas locais, nacionais e internacionais. Comunicam-se ainda, formalmente, em português e/ou línguas estrangeiras, bem como auxiliam o cliente, fornecendo-lhe informações e prestando serviços gerais. Feito isto, a ergonomia observa os diversos aspectos do comportamento humano estudados em um ambiente laboral, bem como outros fatores que venham a ser considerados relevantes para o delineamento de sistemas de trabalho. Tais fatores, segundo Iida (2005), são: o ser humano com suas características físicas, fisiológicas e psicológicas.
Ressaltando que a atividade de telefonista corresponde a um trabalho bastante padronizado, controlado e repetitivo em suas ações. Operadores de telemarketing, em especial, manejam diariamente em seus postos de trabalho uma mesa telefônica ou alguma seção de atendimento, movimentando chaves, interruptores, entre outros dispositivos, no intuito de estabelecer comunicações internas, locais ou interurbanas. Nessa conjuntura, o conceito de vulnerabilidade se faz algo pertinente e pode ser aplicado ao desenvolvimento do estresse laboral, conhecido ainda como estresse no trabalho, ocupacional ou profissional (SILVA; FERREIRA, 2007).
Analisar a vulnerabilidade ao estresse, de acordo com Meyer, Klein e Andrade (2007), é tentar englobar a situação na qual certos indivíduos e grupos se mostram mais propensos a determinados fatores estressores, como a sobrecarga de funções, chefia, entre outros.


3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desta pesquisa bibliográfica descritiva, ficou constatado que o estresse ocupacional é um problema que vem aumentando consideravelmente nesses últimos anos dentro das empresas de telemarketing, os call centers.
Considerado pela Organização Mundial de Saúde como a doença do século XX, o estresse ocupacional corresponde, deste modo, a uma falha do processo de adaptação humana, uma disfunção gerada, sobretudo, devido às alterações dos fatores organizacionais, ergonômicos e biológicos dos trabalhadores.                                                                       
Funcionários de empresas de telemarketing, call centers, fazem parte de um dos setores de trabalho que mais contribuem com o estresse ocupacional, devido aos vários problemas que estão presentes nessas organizações. Tal fato se dá, principalmente, pelas más condições de trabalho, pelo baixo prestígio da profissão, baixa remuneração e ainda, a desvalorização humana. 
Devido às várias fontes estressoras presentes no ofício de atendente, esta pesquisa comprovou que o estresse ainda está bastante presente nas empresas de telemarketing, ocorrendo, naturalmente, uma insatisfação na profissão e diminuição da procura por este trabalho. O conjunto destes problemas acaba por gerar mais um desafio para os gestores de produção, uma vez que terão de encontrar formas plausíveis para aumentar a produtividade da empresa sem, entretanto, prejudicar ainda mais a saúde do funcionário. 

        À luz da literatura utilizada nesta pesquisa, foi possível evidenciar a existência de deficiências ergonômicas nas atividades de operadores de telemarketing. Como visto, a ergonomia compreende tanto o aspecto físico, cognitivo e organizacional do trabalho, fazendo parte da atividade diária desses funcionários. A Ergonomia estuda também vários fenômenos que ocorrem durante as atividades de trabalho, com a finalidade de garantir a adaptação do trabalho ao homem e não do homem ao trabalho.                                                                              
           Importante lembrar que todos esses fatores foram destacados pelos autores apontados no referencial teórico, e que estes mesmos fatores vêm a desencadear o estresse físico e/ou mental que interfere, de forma direta, na produtividade e na qualidade da tarefa executada, como também na qualidade de vida dos operadores.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GÓMEZ, I. C. Salud laboral: una revisión a la luz de las nuevas condiciones del trabajo. Universitas Psychologica, 2007, 6, 105-113.
IIDA, I., Ergonomia projeto e produção. São Paulo: Edgar Blucher, 2005.

LIMA, F. B. Stress, qualidade de vida, prazer e sofrimento no trabalho de call Center. Dissertação de Mestrado, PUC, Campinas, 2004.
LIPP, M. E. N. (Org.). O stress está dentro de você. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2000.

MARGIS, R; PICON, P; COSNER, A. F.; SILVEIRA, R. O. Relação entre estressores, estresse e ansiedade. Revista de Psiquiatria, 2003, 25,65-74.
MASCI, A. C. Fatos sobre o estresse, 1997. Disponível em:
<http://www.regra.com.Br/cyromasci/fatos.htm>. Acesso em: 13/09/2016.

MASLACH, C.; SCHAUFELI, W. B.; LEITER, M. P. Job burnout. Annual Review Psychology, 2001, 52, 397-422.

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OLIVEIRA, S.; REZENDE, M. S.; BRITO, J. Saberes e estratégias dos operadores de telemarketing frente às adversidades do trabalho. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 2006, 31,125-134.

REVISTA VEJA. Stress no trabalho é risco crescente para a saúde pública. 2011, p. 76.

ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
SAKAMOTO, K. Como implementar um call center. São Paulo: Happy Few, 2001.

Selye, H. Stress: A tensão da vida. São Paulo: IBRASA, 1959.
SILVA-BAÚ, L. M. Fisioterapia do trabalho: ergonomia, legislação e reabilitação. Curitiba: Clãdosilva, 2002.

SISTO, F. F.; BAPTISTA, M. N.; NORONHA, A. P. P.; SANTOS, A. A. A. Escala de vulnerabilidade ao estresse no trabalho. São Paulo: Vetor, 2007.

SIQUEIRA, M. M. de et al. Desgaste físico e mental de auxiliares de enfermagem: uma análise sob o enfoque gerencial. Revista latino-americana de enfermagem. Ribeirão Preto, 1995, p.45-47.

SISTO, F. F.; BAPTISTA, M. N.; NORONHA, A. P. P.; SANTOS, A. A. A. Escala de vulnerabilidade ao estresse no trabalho. São Paulo: Vetor, 2007.

      VERAS, V. S. Relações sociais de trabalho e custo humano da atividade: vivências de mal-estar e bem-estar em serviço de teleatendimento governamental. Dissertação de mestrado, UnB, Brasília, 2006.

            VENCO, S. 2007. Neocolonialismo ou imigração eletrônica? O caso das centrais de atendimento. Disponível: http://www.icesi.edu.co/ret/documentos/Ponencias%20pdf/444.pdf. Acesso em: 17/09/2016.

                                                 

                                       ANEXO

Banner que fez parte do nosso material de defesa


Um comentário:

  1. Uma boa produção, parabéns!
    Mm assunto atual e de grande relevância, além de preocupante para a classe trabalhadora.

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