quarta-feira, 21 de agosto de 2019

30 ANOS SEM RAUL SEIXAS - POSTAGEM ESPECIAL - Nº 400

Hoje, dia 21 de agosto de 2019, faz exatamente trinta anos da morte de Raul Seixas, este que é considerado senão o maior, mas um dos pioneiros mais influentes do rock brasileiro. Paralelo a isso, o meu blog completa hoje a sua 400ª publicação. E, portanto, resolvi publicar esta merecida homenagem ao meu ídolo maior da música, um material que foi cuidadosamente extraído (como também corrigido e atualizado) das minhas memórias, já publicadas aqui no blog lá no início das postagens. O texto acompanha ainda 30 fotografias, em alusão aos trinta anos da morte de Raul.

IDOLATRIAS DE UM FÃ EXAGERADO
TUDO POR RAUL - MEU 1º DISCO E TUDO O QUE JÁ FIZ, ATÉ ENTÃO, EM NOME DE RAUL SEIXAS (das minhas memórias)

O meu primeiro contato direto com a arte de Raul Santos Seixas (28/06/1945 - 21/08/1989) deu-se a partir de 1991. E para ser mais exato, no final deste referido ano, quando então chegara em Queimadas/PB um parquinho de diversões, o qual se instalou por detrás da igreja matriz.
         Coincidentemente (“ou não”, como diria o conterrâneo de Raul, Caetano Veloso), sempre que aparecia por lá eu ouvia tocar um determinado disco de vinil, todo arranhado, de Raul Seixas. E eu já me amarrava em músicas antológicas como Eu nasci há dez mil anos atrás, Gita, O trem das sete... embora não soubesse ao certo quem era que as interpretava.

O próprio, em foto autografada.

        Adiantado para variar, na época eu negociei esse disco no valor de um novo com o proprietário do parque. No dia seguinte, quando lá retornei para “balançar-me de canoa”, o coroa já havia substituído o disco velho por um novinho em folha, justificando aquele velho ditado: “quem tem besta não compra cavalo”. E foi então, a partir desta mesma data, 25/11/1991, que eu tornei-me esse fã póstumo, porém fervoroso e incondicional da arte de Raulzito, procurando conhecer a fundo toda sua obra e os detalhes mais indispensáveis possíveis.

Capa do meu primeiro disco de vinil.

E como não poderia jamais esquecer, quero lembrar aqui os meus amigos Eduardo (que se encontra hoje no Rio de Janeiro) e Alessandro, este residente em Queimadas, os verdadeiros precursores - dentro de nossa faixa etária, claro - do mito Raul Seixas em toda a cidade de Queimadas.Os únicos camaradas que numa época tão distante (1989/1990) mostraram-me em primeira mão um Raul que eu ainda não conhecia e, infelizmente, cheguei até a ignorar.

À esquerda, Eduardo, e à direita, sem camisa, Alessandro.

Também pudera, vendo e ouvindo-lhes curtir aquele som tão diferente, a princípio até estranho para mim (algumas músicas que eu só viria a conhecer bem mais tarde), há de se convir que fosse natural uma rejeição logo de cara. Ainda mais para um sujeito como eu, que nunca se ligou efetivamente em música. Lembro-me, até mesmo, que cheguei a dizer-lhes algo que nunca esqueci, uma frase do tipo:
- Como é que alguém pode gostar de ouvir as músicas de um cara que já morreu?  Que mau gosto...
Hoje em dia sou eu quem ouço muita gente dizendo a mesma coisa. Chega a ser irônico. É tão simplesmente a ignorância daquilo que se ignora. A propósito, um artista como Elvis Presley, considerado o ídolo maior de Raul, ainda hoje continua vendendo dezenas de milhares de discos e sendo lembrado em todo o mundo, mesmo após a sua morte, em agosto de 1977. 

Eu (com a cara cheia de protetor solar) e parte dos meus LP's, espalhados na cama.

Durante a minha infância e adolescência, eu realmente não fazia ideia de quem era, na verdade, Raul Seixas. E também não me recordo, até hoje, absolutamente de nada a respeito de sua morte, em agosto de 1989, não tendo, portanto, nenhuma lembrança dessa época. Algo que só vim mesmo ficar por dentro anos depois, através de fotografias e imagens do fato ocorrido.

Meu irmão mais novo, Reinaldo, ainda guri, com alguns dos meus primeiros discos. 

Eu precisei, necessariamente, “entrar no buraco do rato para com o rato poder transar”, como diria o próprio Raul. E o ponto de partida para conhecer a fundo toda sua biografia, bem como poder entrar em sua vasta e importantíssima obra musical foi definitivamente aquele velho disco, Os Grandes Sucessos de Raul Seixas. Aquela “bolacha” foi realmente o princípio de tudo, uma “separação de águas”, eu diria assim. Um marco na minha vida e que me transformou no que sou hoje, mais um de tantos “Malucos Beleza” espalhados por esse Brasil afora, e até no exterior.
Neste ano de 2019 completar-se-ão, da minha parte, 28 anos de culto à memória de Raul.

Minha carteirinha de sócio do Raul Rock Club.

A seguir, algumas coisas fora do comum que eu fazia (e ainda faço, com certeza) em nome de Raul Seixas.

LETREIRO DE RAUL SEIXAS NA “PEDRA DO TOURO”

Pintado num belíssimo cartão postal pertencente a Queimadas - o lajedo da Pedra do Touro -, entre os anos de 1994/1995 (já que reacendi uma vez), esse letreiro foi realmente uma dedicatória fora do comum. Com letras do tipo góticas, elas chegavam incrivelmente à marca de 5 ou 6 metros de altura, marca registrada de um fã que não mede esforços para homenagear seu ídolo. Pena que fora pintado com cal (não podia ser diferente) e com o tempo, desapareceu por completo.

Essa imagem foi bastante fotografada na época e ainda vive na memória de muitos.

Fotografia tirada um pouco mais distante.

EXPEDIÇÕES À PEDRA DO BICO, EM QUEIMADAS/PB

Algumas destas expedições que eram realizadas essencialmente à noite (durante a década de 1990) tinham como fundamental objetivo comemorar o aniversário de nascimento ou morte de Raul Seixas, algo que eu fazia com certa frequência durante essa época.

Fotografia de 1993, em mais uma "expedição" noturna à Pedra do Bico.

NOME DE RAUL SEIXAS NA PIPA GIGANTE

Vale ressaltar que essa pipa tinha aproximadamente 3,5 metros de altura por 2,5 de largura, outra ideia de.proporções exageradas. Mas o destaque. principal desse “papagaio gigante” consistia mesmo no nome de Raul Rock SeixaS estampado, de forma bem visível e um tanto ampliado. Uma das minhas criações históricas, de 1997.

Fotografia da pipa gigante. Meu irmão e uma prima, à esquerda, entre outros amigos.

E para os mais incrédulos, uma foto da pipa no ar.

TATUAGEM - RAUL SEIXAS 

Decidido a perpetuar a imagem de Raul Seixas, de forma definitiva, em 2002 resolvi marcar a própria pele com uma tatoo, na parte inferior da minha perna direita.
Quando questionado sobre tatuagem, procuro deixar bem claro duas coisas: em primeiro lugar, que me arrependi, sim, de tê-la feito (desse tamanho. Poderia ter sido maior...); em segundo, que é da minha identidade pessoal que estamos falando. Raul é, para mim, literalmente, uma “coisa de pele”.     
Tatuagem que retrata a foto de capa do meu primeiro disco.

ADESIVOS - RAUL SEIXAS

Estes adesivos, além de serem destacados nas capas de vários livros e cadernos escolares, por toda Queimadas, também acabavam indo parar em locais bastante diversos, como em parabrisas de carros, em móveis, eletrodomésticos, bicicletas... Eu fazia isso no final da década de 1990.

Meu primeiro adesivo que mandei confeccionar.
O segundo adesivo, que se tornou mais popular.

GRAFITE/SKATE e PLACA DE AUTOMÓVEL

Quando comprei em 2002, no Rio de Janeiro, um certo longboard (meu companheiro inseparável em asfaltos), eu achei que estava faltando alguma coisa naquele skate, algo que destacasse, talvez, o seu shapper, diferenciando-o dos demais. Então resolvi mandar estampar um grafite do Raul na parte de baixo, próximo ao truck dianteiro, o qual existe até hoje (ver foto ao lado).
E aumentado o leque das excentricidades e coroando de vez as manifestações em prol de Raul Seixas, mandei confeccionar uma placa de alumínio decorada, semelhante à de automóveis e com os seguintes dizeres: RAUL SEIXAS - O ETERNO MALUCO BELEZA.

Meus CD's de Raul Seixas, o skate e a placa.

BANDEIROLA DO RAUL

        Adquirida a preço de dólar numa loja de discos, no Rio de Janeiro, essa bandeira de tamanho médio retrata um Raul Seixas dos anos 80, sério e compenetrado. Procuro sempre deixá-la estendida na parede do meu quarto, de frente pra estante, como se estivesse vigiando permanentemente o meu acervo raulseixistico. Ainda na fotografia, meu irmão Reinaldo (também fã de Raul Seixas) e seu filho Raul, ainda bebê.

Reinaldo, Raulzinho e Raulzão.

FOTOGRAFIAS INUSITADAS

 Clicadas preferencialmente de ângulos diversos e sob as mais diferentes tomadas, algumas dessas fotos retratavam com fidelidade o nome de Raul Seixas, o qual eu saía “distribuindo por aí”, pintando a esmo. Até mesmo nas ruas e postes.
        Entre essas pinturas aleatórias, feitas no intuito de serem fotografadas posteriormente, havia algumas que eu tratava com maior capricho, como a que fiz no lajedo da Pedra do Touro, ou no terraço da minha casa. Sou apaixonado pelo grafite arte.

Reacendendo meu letreiro, na parede de minha casa.

Originalmente, eu havia grafitado este desenho no letreiro do meu mural

Reforma finalizada. Letreiro novinho em folha.

Destaque para a frase em uma de minhas camisas, sob a ótica de um amigo.

Frase de Raul Seixas em um cartaz de manifestação política.

COMEMORANDO RAUL SEIXAS

 Tudo era motivo (e ainda é) para se comemorar Raul. Seja o seu nascimento, data de morte, o ano de lançamento de algum disco... muita coisa nesse sentido já foi idealizada por mim, especialmente durante toda a década de 1990.
 Desde dinâmicas musicais, que realizo até hoje entre amigos, até festinhas de rua, encontros, saraus literários e musicais... e até pequenos shows pirotécnicos que eu realizava em plena rua, em época junina, de tudo eu inventava para não passar em branco qualquer dessas datas. Esta publicação hoje em meu Blog é um exemplo disto.
         Produzi ainda, há algum tempo, uma gincana especial, comemorativa, só com ações e provas baseadas na vida e na arte de Raul Seixas. Espero algum dia poder colocá-la em prática, convidando uma galera especial para participar e com direito a premiações.

Fotografia antiga, com amigos da faculdade em minha casa.

Dinâmica musical que, vez ou outra, promovo em Queimadas.

Charge de campanha, de quando saí candidato ao legislativo, em Queimadas/PB.
                   Se arrependimento matasse...

LIVROS, VINIS, CD’S...

Entre livros, revistas e muitos pôsteres, bem como todo um “arsenal” de discos de vinil, fitas cassetes, CDs (80, só do Raul), DVDs e até cartas, tenho absoluta certeza de que me disponho hoje de um excelente material sobre Raul Seixas. Vale salientar que, em toda sua carreira artística, Raul gravou cerca de 21 discos inéditos (mais 5 póstumos). Além de dezenas de coletâneas, as quais são lançadas até hoje, mesmo após trinta anos de sua morte.
      Só em nível de curiosidade, Raul Seixas é o artista brasileiro mais lembrado na literatura, havendo vários livros escritos sobre a sua vida e sua obra musical. Em vida, ele só escreveu um livro, uma espécie de diário infantil, intitulado As Aventuras De Raul Seixas Na Cidade De Thor, de 1983. Raul é ainda o artista que mais possui fãs clubes em sua homenagem, espalhados por todo o Brasil, sendo o maior deles o Raul Rock Club, com centenas, talvez milhares de sócios cadastrados.

Parte do meu acervo e "patrimônio Raulseixístico".

Pasta de fotografias e recortes de revistas.

São 28 anos colecionando qualquer tipo de material referente a Raul.

Um acervo que conservo com bastante carinho e cuidado.

Enfim, Raul Seixas foi e será eternamente lembrado na história da música brasileira, bem como no coração de seus inúmeros fãs apaixonados. Ele faleceu no dia 21 de agosto de 1989, vítima de uma parada cardíaca, sendo encontrado somente na manhã do dia seguinte pela empregada Dalva Borges, em seu apartamento, em São Paulo. Como ele mesmo dizia em uma de suas letras musicais, “Eu tô fazendo o meu caminho, não peço que me sigam. Cada um faz o que pode, os homens passam, as músicas ficam.”

Anarquista e rebelde até o fim.

Culto ao ídolo no dia de finados. Fãs reunidos em sua sepultura, em Salvador.

2 comentários:

  1. Paulo sabia que hoje teria postagem. Raul já deixou de ser um ídolo pra você, já se tornou uma religião que poderia se chamar Seixismo 😉😉😉

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