terça-feira, 24 de setembro de 2013

UM FILÓSOFO ORIGINAL

   DIÓGENES DE SÍNOPE (Corinto, 323 a.C.)

Não é comum a coerência entre o que se ensina e o que se vive. A hipocrisia da contradição entre o pensar e o agir até gerou um provérbio: “Faça o que eu digo, não faça o que faço”.
Coerente com os princípios do cinismo – corrente filosófica que desprezava os valores da sociedade  –, Diógenes andava descalço, vestia sempre a mesma túnica surrada e tinha por moradia um simples tonel, que se tornou popular em toda a Grécia.
Um dia viu um garoto usando as mãos em forma de concha para beber água de uma fonte. Não teve dúvida: lançou fora a cuia de beber água, exclamando: “Este menino me mostra que ainda possuo coisas supérfluas!”.
Às vezes, vagava pelas ruas, em pleno dia, com uma lamparina acesa. Se lhe perguntassem o que pretendia com aquilo, respondia: “Procuro um homem, um verdadeiro homem!”.
Certa vez, Alexandre Magno quis conhecer o filósofo de que tanto lhe falavam. Mandou chamá-lo. Ele não foi. O conquistador teve de ir pessoalmente até o filósofo.
Diógenes estava tomando sol diante do tonel. Sequer se levantou para cumprimentar o temível general.
– Diógenes – disse Alexandre –, você sabe quem está aqui?
Diógenes não respondeu.
– Saiba que sou Alexandre Magno!
– Eu sou Diógenes!
– Possuo um império imenso, e milhares de homens se curvam diante de mim.
– Pois eu só tenho este tonel, e isso me basta. Quanto aos homens, não creio neles. Há muito tempo procuro um e não o encontro.
– Você me agrada – respondeu Alexandre. – Para provar o quanto o admiro, estou disposto a lhe dar até a metade do meu império.
– De você – resmungou Diógenes – quero apenas que saia da frente do meu sol!
Os membros da comitiva riram da resposta do filósofo; menos Alexandre, que falou:
– Vocês riram. Pois saibam que, se eu não fosse Alexandre, gostaria de ser Diógenes. 

                                         Avelino Antônio Correa, professor de Filosofia


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