Não
é comum a coerência entre o que se ensina e o que se vive. A hipocrisia da
contradição entre o pensar e o agir até gerou um provérbio: “Faça o que eu
digo, não faça o que faço”.
Coerente
com os princípios do cinismo –
corrente filosófica que desprezava os valores da sociedade –, Diógenes andava descalço, vestia sempre a
mesma túnica surrada e tinha por moradia um simples tonel, que se tornou
popular em toda a Grécia.
Um
dia viu um garoto usando as mãos em forma de concha para beber água de uma
fonte. Não teve dúvida: lançou fora a cuia de beber água, exclamando: “Este
menino me mostra que ainda possuo coisas supérfluas!”.
Às
vezes, vagava pelas ruas, em pleno dia, com uma lamparina acesa. Se lhe
perguntassem o que pretendia com aquilo, respondia: “Procuro um homem, um
verdadeiro homem!”.
Certa
vez, Alexandre Magno quis conhecer o filósofo de que tanto lhe falavam. Mandou
chamá-lo. Ele não foi. O conquistador teve de ir pessoalmente até o filósofo.
Diógenes
estava tomando sol diante do tonel. Sequer se levantou para cumprimentar o
temível general.
–
Diógenes – disse Alexandre –, você sabe quem está aqui?
Diógenes
não respondeu.
–
Saiba que sou Alexandre Magno!
–
Eu sou Diógenes!
–
Possuo um império imenso, e milhares de homens se curvam diante de mim.
–
Pois eu só tenho este tonel, e isso me basta. Quanto aos homens, não creio
neles. Há muito tempo procuro um e não o encontro.
–
Você me agrada – respondeu Alexandre. – Para provar o quanto o admiro, estou
disposto a lhe dar até a metade do meu império.
–
De você – resmungou Diógenes – quero apenas que saia da frente do meu sol!
Os
membros da comitiva riram da resposta do filósofo; menos Alexandre, que falou:
–
Vocês riram. Pois saibam que, se eu não fosse Alexandre, gostaria de ser
Diógenes.
Avelino Antônio Correa, professor de
Filosofia
Gosto muito de Filosofia! Um excelente texto.
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