“VIDA LÍQUIDA”, UMA VIDA DE
INSTABILIDADES?
Análise do texto de Zygmunt
Bauman
Este ensaio é fruto de
uma análise minuciosa, e foi desenvolvido a partir da premissa de que uma “vida
líquida” não pode manter sua forma ou permanecer por muito tempo em um campo de
atuação, uma vez em que as condições sob as quais agem os seus propagadores
mudam constantemente, num tempo muito mais breve do que seria necessário.
Sabemos, pois, que para se consolidar uma ação é preciso, antes de tudo,
cultivar certos hábitos e rotinas, algo que se mostra não ser mais possível ou
viável em uma sociedade líquido-moderna.
As coisas ultimamente
parecem envelhecer rápido demais. Toda e qualquer mudança que ocorre no mundo
atual, seja no âmbito físico ou social, há muito é vista como algo passageiro,
transformando certos valores e conquistas, muitas vezes, em coisas efêmeras,
insatisfatórias, extremamente passageiras. É como se não houvesse mais conteúdo
ou um aproveitamento maior dessas conquistas e, necessariamente, uma
consistência mais relevante no requisito qualidade.
Vivemos uma era onde os
produtos e marcas oferecidos se mostram um tanto quanto descartáveis, ou
demasiadamente fracos para tão logo tornarem-se obsoletos. O mercado da
informática, a exemplo disto, parece ser um dos mais voláteis nesse sentido,
renovando-se a cada dia que passa, abastecendo e “entupindo” as lojas com
aparelhos cada vez mais avançados. O avanço de hoje, consequentemente, já será
ultrapassado pela inovação de amanhã, com o êxito de que a modernidade não pára
e muito menos, retrocede em qualquer aspecto.
A sociedade
líquido-moderna faz parte de uma evolução contínua e sistemática da qual a
maior parte da humanidade, em conformidade com as regras, já se acostumou,
desde cedo, a não permanecer por muito tempo associada a uma forma de viver ou
de agir. Ela muda de acordo com as pressões e imposições ocasionadas pelos
avanços, principalmente, da área tecnológica. Em resumo, a vida líquida é uma
vida que beira a precariedade, vivida sob condições de incerteza constante.
Talvez até possamos
trazer para a prática o significado daquele aforismo, o qual afirma que “Não há
felicidade plena e sim, momentos felizes”. Pois, diante das circunstâncias em
que se encontra a humanidade, vivendo em uma realidade dura, cruel e fria,
felicidade só pode mesmo concordar com fantasia, uma utopia digna de românticos
e sonhadores. Portanto, seguindo paralelamente à risca desse raciocínio,
percebemos que a “vida líquida” é, irremediavelmente, uma sucessão de
reinícios, onde nada mais se torna permanente e a efemeridade demonstra ser o
seu adjetivo maior.
Podemos ver exemplos
práticos e irrefutáveis dessa “modernidade líquida” na programação televisiva,
na internet e, especialmente, na música de cada dia, uma arte que se encontra
cada vez mais em decadência no que se refere à sua qualidade. Nenhum outro
exemplo poderia ser melhor encaixado nesse contexto de “vida líquida”, uma vez
que a música na atualidade tornou-se uma mercadoria totalmente descartável e de
rápido consumo, obedecendo apenas aos critérios e às leis indiscutíveis de
mercado.
Na visão de uma sociedade
líquido-moderna, nada pode ficar parado. Ou as ideias se modernizam, mercadologicamente
falando, ou simplesmente expiram para a lata de lixo, que é o destino dos
retardatários nesse processo seletivo e pernicioso. Ainda na sociedade
líquido-moderna, as novidades são vistas como inovações. De fato, a
"Modernidade-líquida" constitui-se de uma vida de instabilidades.
Paulo A. Vieira
Leitura indispensavel para os dias de hoje. muito bom
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