sábado, 12 de março de 2016

RESENHA CRÍTICA DO FILME - O MILAGRE DE ANNE SULLIVAN, 2000

Resenha crítica acerca do filme
O Milagre de Anne Sullivan

O filme O Milagre de Anne Sullivan (The Miracle Worker, 2000) é baseado na história real de Helen Keller, uma criança de sete anos de idade que, após uma grave doença infantil, ficou cega, surda e muda. Ambientada no Alabama, sul dos Estados Unidos, no final do século XIX, a história mostra a incansável tarefa de Anne Sullivan, uma professora que procura, a todo custo, fazer com que Helen se adapte melhor ao convívio familiar e entenda com mais autonomia as coisas que a cercam.
Por nunca haver recebido nenhum tipo de educação e sempre ter sido atendida em suas malcriações e birras, Helen, filha de uma importante e aristocrática família da época, não sabe como se comunicar e vive em um mundo sem som, sem escrita e sem luz, fazendo com que ela não tenha um conhecimento seguro do mundo que a cerca. Por vezes é tratada como um animalzinho doméstico, em outras ocasiões, como uma menina selvagem. É nesse momento que entra a tarefa da professora Anne Sullivan, que chega a adentrar em confronto direto com os pais da menina, os quais sempre sentiram pena da filha e desde então, a mimaram, sem nunca terem lhe ensinado algo de relevante e tampouco, tratado-a como uma criança normal.
Através de uma linguagem bastante acessível, o filme procura retratar dentro de uma determinada época a descoberta do processo de comunicação para pessoas com deficiências graves, nesse caso, pessoas cegas/surdas/mudas, através de uma interessante linguagem de toque utilizando os dedos e as mãos. Passando a morar sozinha por duas semanas com Helen, a professora Anne consegue mostrar à menina que ao seu redor existe um mundo maravilhoso a ser descoberto, algo que pode ser tocado e vivido. Um mundo com aromas, texturas e nomes. Pelas mãos da tutora, Helen, tida então como uma menina impossível e não-educável, passa a se inteirar do universo da linguagem, compreendendo aos poucos o mundo ao seu redor.
A persistência da professora ao ensinar regras de convivência para a menina traz uma mensagem incrível daquilo que alguém pode fazer de bom para outro ser humano, um maravilhoso trabalho de educação em cima de uma pessoa, mostrando assim, que a força de vontade e atitude na educação pode e faz a diferença para toda a vida de um ser humano. O resultado desse esforço é que Helen Keller foi a primeira pessoa surda e cega a conquistar um bacharelado, indo além de qualquer expectativa.
Por outro lado, baseado nas argumentações do filme e na proposta de educação diferenciada da professora Anne Sullivan, outras questões importantes podem ser trazidas à tona, entendendo-se que a escola fundamental sofre atualmente uma enorme pressão na condução do aprendizado, especialmente na aplicação de algumas regras de convivência por parte dos docentes para que se evite o uso da força. Naturalmente a questão que surge é a seguinte: É possível ter autoridade em sala de aula sem ser autoritário? Sem dúvida, é de extrema importância a autoridade do professor para a manutenção da disciplina em sala de aula, uma vez que esse domínio sobre os alunos é uma garantia de estabilidade dentro do ambiente de ensino, tranquilizando a criança e atendendo às necessidades básicas de convívio mútuo. Muito embora, tradicionalmente, a autoridade venha sendo confundida nas instituições escolares com autoritarismo.
Portanto, é possível afirmar que a realidade das escolas hoje deixa ao século XXI o desafio de colocar o ensino pedagógico a serviço das metas educacionais. Com a certeza de que, em uma escola, transmitir informações não é o suficiente. É necessário, sobretudo, educar.


Referência:

Filme, O Milagre de Anne Sullivan (The Miracle Worker, 2000)
Dirigido por: Nadia Tass

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