Vou contar-lhes a história
de um fato ocorrido
no sítio Zé Velho, Queimadas,
após Seu Biu ter morrido,
da mulher que fez negócio
com os dois ovos do marido.
Biu dos ovos era honesto,
sincero e trabalhador.
Sua mulher era a Dinda,
tratava-o com muito amor.
Não devemos esquecer
do seu filho, o Arnor.
Certo dia Seu Biu saiu,
indo para a pesca e a caça.
Estava passando assim,
muito próximo da mata,
quando ele encontrou
dois grandes ovos de prata.
Nunca soube de onde veio
e nem jamais quis saber,
se foi presente de Deus
ou mesmo de algum ET.
Seu Biu era bem discreto,
não gostava de aparecer.
Nunca soube de onde veio
e nem jamais quis saber,
se foi presente de Deus
ou mesmo de algum ET.
Seu Biu era bem discreto,
não gostava de aparecer.
Daquele dia em diante
a sua vida então mudou.
Ele escondeu da família
os ovos que encontrou,
mas depois que morreu
sua mulher os encontrou.
- Valei-me nossa senhora,
Valei-me nosso senhor!!
Corra aqui, venha simbora,
venha logo aqui, Arnor!
Achei também uma carta
que o vosso pai deixou.
Na carta estava escrito:
Eu te amo, minha amada.
Se lês esta carta, eu já morri,
Não passei dessa madrugada.
No entanto não podes dizer
que pra ti não deixei nada.
Ela disse: é verdade!
Vou ganhar muito dinheiro,
irei vender esses ovos
a Fausto, o fazendeiro,
porque o que quero agora
é “dindin” o ano inteiro.
Arnor então perguntou:
Mãe, o que tá acontecendo?
Todo este dinheiro
está lhe corrompendo.
Se continuar assim,
vai terminar se perdendo.
- Arnor, cale sua boca,
não converse essa besteira!
Não fale um assunto assim,
nem se for de brincadeira.
Porque agora nesse Zé Velho
serei a mais rica fazendeira.
- Quero ser reconhecida
uma dama da sociedade,
chega de morar no sítio,
vou agora para a cidade,
viver no luxo e na riqueza
que é a vida de verdade.
- Quero ser reconhecida
uma dama da sociedade,
chega de morar no sítio,
vou agora para a cidade,
viver no luxo e na riqueza
que é a vida de verdade.
Arnor era puro e simples,
honesto e batalhador.
Tinha virado evangélico
para adorar o senhor.
E o sonho de sua vida
Era um dia ser Pastor.
- Minha mãe preste atenção
no que agora vou falar:
Dinheiro é muito bom,
mas pra quem souber usar.
Dinheiro compra uma casa,
porém nunca compra um lar.
- Estou muito arrependida,
o dinheiro me corrompeu!
Subiu pra minha cabeça
e quase domina o meu eu.
Posso ter muito dinheiro,
mas pra mim ele morreu.
- É desse jeito que se fala,
parabéns mamãe querida!
Quem não usa bem o dinheiro
o que arruma é só intriga.
Quem usa bem o dinheiro
é que sabe viver a vida.
E assim ela devolveu
os dois ovos lá na mata.
Na verdade os escondeu
perto de uma cascata,
e nunca mais quis saber
daqueles dois ovos prata.
E assim ela devolveu
os dois ovos lá na mata.
Na verdade os escondeu
perto de uma cascata,
e nunca mais quis saber
daqueles dois ovos prata.
Passados anos depois
o Arnor virou Pastor,
Dona Dinda converteu-se
e na lei de crente entrou.
Tudo isso aconteceu,
o Biu dos ovos morreu,
mas os dois ovos deixou.
Se acham que tou mentindo
no que tenho relatado,
vá a qualquer cemitério
e pergunte a um finado
que ele vai lhe responder,
e alguém logo irá saber
se esse caso foi passado.
Quem souber do ocorrido
e não acreditar em mim,
zombar da minha história
dizer que não foi assim,
adquira papel moderno
escreva carta ao inferno
e mande saber por Caim.
Desde já eu me despeço
já bastante agradecido,
também estou muito alegre
por alguém ter aqui lido
”A mulher que fez negócio
com os dois ovos do marido.”
Autor:
Lucas Ferreira Pereira
Correção e atualização do poeta
Paulo Seixas
Esse cordel o BLOG LITERÁRIO - e interdisciplinar - PAULO SEIXAS tomou a liberdade de corrigir e atualizar o seu conteúdo, com a permissão do autor Lucas Ferreira.
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