segunda-feira, 27 de outubro de 2025

CORDEL - A CULTURA NORDESTINA REPRESENTADA PELO CANGAÇO - Ampliado

                         

   QUEIMADAS, ABRIL/2016

 

Vou falar de certa cultura

Do povo do meu Nordeste,

Nestes versos que eu fiz,

Espero que algum preste.

Tem gente que fala muito,

E até aquele que nada diz.

Nordeste dum povo forte,

Com azar ou muita sorte,

Nunca deixou de ser feliz.

 

Citar a cultura nordestina

Convém sempre registrar,

Tempos bastante difíceis

Os quais posso relembrar.

A seca que predominava,

O nosso povo castigando.

Onde o coronelismo era lei,

Latifundiário agia como rei,

A classe pobre humilhando.

 

Uma região que já sofreu

Nas mãos de cangaceiros,

Criminosos e malfeitores,

Assassinos e pistoleiros.

Mas que nunca se rendeu

E não se entregou jamais.

E após todo esse tempo,

Entre tantos contratempos,

Vive momentos de paz.

 

Nordeste de muitos líderes,

Na política, como na religião.

Entre os séculos XIX e XX,

Estabeleceram-se no Sertão.

Como represália, o cangaço

Veio como apelo do destino.

Pela verdade ou pela razão,

Entre eles, citarei Lampião,

Mas seu nome era Virgulino.

 

Virgulino Ferreira da Silva,

Mais conhecido por Lampião.

Foi o maior dos cangaceiros

Que já reinou pelo Sertão.

A sua alcunha de Capitão

Há quem diga, sem errar,

Foi Padre Cícero Romão

Que o condecorou então,

Com esse título militar.

 

Seu sobrenome era perigo

Era um cangaceiro do diabo,

Fiquem atentos ao que digo:

Lampião fora um renegado.

Saqueava sítios e cidades,

Extorquia alguns fazendeiros

Que tinham cabeças de gado,

E viam seus bens roubados

Pelas mãos dos cangaceiros.

 

Houve grandes cangaceiros

No século passado e antes,

Até as décadas de 30 e 40

O cangaço era constante.

Lampião e Antônio Silvino,

Corisco e Jesuíno Brilhante,

Foram temidos e lideraram

Bandos que logo acabaram

Ou foram mortos por volantes

 

         Cangaço vem de “canga”

         Que é uma peça de madeira,

         Utilizada na cabeça do gado,

         Guiando-os de certa maneira.

         O cangaceirismo nordestino,

         Iniciou-se, a bem da verdade,

         Lá pelos idos do século XIX.

Que a história assim comprove,

Foi ainda na primeira metade.

 

Entre os primeiros cangaceiros

Que lideraram grandes bandos,

Anésia Cauaçú, era uma mulher

Com vários homens liderando.

Tinha José Gomes (Cabeleira),

Entre os primeiros desse ensejo.

Lucas Evangelista (Lucas da feira),

Jesuíno Brilhante, a certa maneira,

Fora um “Robin Hood” sertanejo.

 

E dentre todos os cangaceiros

Que um dia reinaram pelo Sertão,

O mais sanguinário entre todos,

Sem qualquer dúvida, foi Lampião.

Andava em bandos numerosos,

Sempre bem armado e a pé.

Sem cavalos, não dava na vista,

Caminhava sem deixar pistas,

Fazia valer sua crença e sua fé.

 

Lampião cruzou Estados

Ao lado de Maria Bonita.

Era sua fiel companheira,

Herdou sua fúria maldita.

Varou parte do Nordeste

Fazendo ataques certeiros.

Por muitos anos no cangaço,

Lampião conquistou espaço

Com o apoio de coiteiros.

 

Mas há quem diga, inclusive

Que Lampião vinha socorrer,

Aos pobres e aos desvalidos

A quem lhes dava de comer.

Porém, quem deseja conhecer

De Lampião toda sua história,

Fora um cangaceiro famoso,

Mas um bandido meticuloso

Que ficou na nossa memória.

 

Embora o cangaço fosse crime,

Há os que procuram justificar,

Sobre as dificuldades e o clima

Que o Nordeste podia apresentar.

Mas o fato é que cangaceiros,

No geral, não tinham piedade.

Eram bandidos, saqueadores,

Homicidas e estupradores,

Faziam todo tipo de maldade.

 

Portanto, não dá pra romantizar,

Falar bem sobre cangaceiros.

Mesmo que, em alguns casos

Fizessem papel de bandoleiros e

Contudo, aos pobres ajudassem.

De fato, isso não dá para negar.

Havia quem os defendessem,

Embora crimes acontecessem

Para essa vil ajuda se iniciar.

 

Por muito tempo ainda iremos

Conviver com tal representação.

O próprio Luiz Gonzaga se vestia,

Copiava a identidade de Lampião.

Mas o Nordeste jamais esquece

Dos tempos sofridos de então.

Hoje, prevalece a paz, a fartura,

Ninguém quer lembrar vida dura,

De cangaço, seca, falta de pão.

 

Aquele Nordeste do cangaço

Como mostram na televisão,

Há muito que ficou para trás,

Surgindo uma nova geração.

O Nordeste hoje é uma região

Que o ano todo atrai turistas,

Gente que vem pra conhecer

Nossa natureza e a se saber,

Praias a se perderem de vista.


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