quinta-feira, 21 de abril de 2011

MINHAS MEMÓRIAS - CAP. 4 (2)


CAPÍTULO 4
IDEIAS, INICIATIVAS E INVENÇÕES (2)

CARTAS/AMIGAS POR CORRESPONDÊNCIA
Durante certo tempo, entre 1994 e 1998 precisamente, eu mantive um contato frequente por meio de cartas com algumas garotas (não faltava assunto), numa época em que as pessoas ainda se correspondiam por cartas (papel) e não havia esse tal de “Orkut” ou “MSN”. Entre elas, havia primas e duas amigas em especial, sendo que estas últimas, infelizmente, nunca cheguei a conhecê-las pessoalmente. A essa altura, eu não poderia imaginar que tão logo viajaria para o Rio, mas, no entanto, continuaria escrevendo.
Relembro, agora, com carinho, as várias cartinhas que recebi ao longo desse período, e as quais eu guardo até hoje comigo, especialmente da Laércia, de Lagoa de Roça, PB; e da Isabela, de Oswaldo Cruz, RJ.
Eu adorava aquela sensação da espera, de saber que, a qualquer momento, chegaria uma cartinha perfumada para mim. Há muito que não escrevo e tampouco recebo nada.
Mais tarde, a partir do ano 2000, tendo em mãos o antigo endereço postal do Departamento de Elenco da Rede Globo, Rio, troquei correspondências também com algumas atrizes globais. Entre as quais Priscila Fantim, Fernanda Rodrigues, Bárbara Borges (o conteúdo das minhas cartas era geralmente um acróstico) e chegando, inclusive, a conversar pessoalmente com a Giselle Policarpo sobre as nossas cartinhas, quando estive em um evento.musical, realizado na Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio.

Cópia da cartinha de Bárbara Borges

FOTOS INUSITADAS
         O meu interesse por fotografias teve início tão logo eu percebi a importância e a perspectiva real de se registrar certos.momentos marcantes para a posteridade (apesar de que eu, pessoalmente, detesto o fato e a ideia de ser fotografado).

Reinaldo e "Aliada" comendo frutas no Colégio Ernestão

Mesmo sem a experiência de um fotógrafo profissional (e principalmente sem a modernidade de uma câmera digital), eu saía por aí clicando os rostos femininos mais bonitos de Queimadas, bem como diversas paisagens, fatos curiosos e também algumas cenas hilárias (que eram o meu forte), momentos divertidos.e engraçados como estes aqui representados.

Algumas figuras hilárias que faziam parte da Quadrilha junina, Arraial das Donzelas, do amigo Amaral. Destacando o amigo Pepinha (in memorian), o 1º da esquerda.

VIAGEM JOÃO PESSOA/BICICLETA
       No dia 1º de janeiro de 1995, após eu haver equipado uma boa bicicleta (com a orientação e colaboração total de Mário Henrique), contei, então, com a participação indispensável do meu “irmão” e parceiro de aventuras, Ironildo, para juntos encararmos mais um grande desafio. Colocamos, pois, as nossas bikes na estrada e partimos rumo à capital, João Pessoa, numa viagem longa (aproximadamente 140 km, saindo de Queimadas), cansativa e cheia de inesperados acontecimentos. 

Em João Pessoa, de frente para a Lagoa, fugindo da foto numa boa...

A propósito, essa nossa primeira tentativa deu errado, por problemas “mecânicos” na minha bicicleta. Tivemos, então, que “abortar” a missão, voltando ainda de Campina Grande. Mas éramos teimosos e insistentes.
Depois de alguns ajustes necessários, revisão e troca de peças, enfim, não tínhamos mais com o que nos preocupar, pelo menos não com as bicicletas. E, portanto, na terceira semana de janeiro, num domingo de madrugada, saímos novamente firmes e fortes, desta vez preparados para qualquer eventualidade. Como sofrem os aventureiros pobres!
Por fim, acabou dando tudo certo. Foi uma viagem só de ida, até o Centro, pois o cansaço e até o inchaço dominaram-me. Nildo, por sua vez, estava inteiro como sempre. Tivemos, então, que voltar de ônibus, algo que já estava dentro da programação. Porém um ano mais tarde eu fiz, sozinho, a longa viagem de volta, já que Ironildo encontrava-se em São Paulo.

A minha bicicleta e a de Ironildo

Em um ônibus fretado que ia para uma das praias do Litoral, coloquei dentro dele uma bicicleta comum, sem jogo de marchas e, ao chegar próximo do destino, pedi para descer. Com uma disposição fora do normal, parti, então, solitário, pedalando de volta a Queimadas, deixando muita gente de boca aberta.

OUTROS ROTEIROS DE BIKE
Foram vários os “passeios” ciclísticos (bastante puxados) que eu fiz durante esse período (1990-1995), cruzando os limites e fronteiras do nosso município, e sempre acompanhado de amigos como Ironildo, Mário Henrique, “Van", Marcelo “Pinguelão”, Naldim e “Jó", que estavam sempre por dentro em se tratando de pedalar distâncias.
Tendo Queimadas como referência e ponto de partida, lembro-me de ter ido, pelo menos, umas três vezes a Boqueirão, tudo ida e volta, e sempre com bicicletas diferentes (não eram as bicicletas mais apropriadas para tanto). Fui uma vez a Caturité e também duas vezes em Barra de Santana - em uma delas até Curimatãs - onde acabei por cortar o pé numas pedras com a “ajuda” de Bega. Algum tempo depois eu voltaria a Curimatãs em um carro fretado por minhas irmãs e com a minha colaboração, para tomar banho no rio, juntamente com outros amigos/as nossos/as (lembranças de Nara Aline e de um tempo tão turbulento em minha vida).
Fui também diversas vezes a Campina Grande e à Pedra de Santo Antônio, distâncias estas que eu encarava com a maior tranquilidade. Além disso, fiz uma viagem a Fagundes por “dentro” (indo pelo sítio Zumbi), passando por Galante, dando uma volta enorme e, em seguida, retornando por Campina Grande. Ufa!
Pedalei ainda muitos quilômetros até a Baixa Verde e sítios circunvizinhos pertencentes ao território de Queimadas, o que me faz relembrar agora, portanto, o amigo Flaudemir do sítio Zé Velho e o nosso parceiro de aventuras Rinaldo, este que há muito tempo não o vejo.
Finalmente, só restaram os planos de uma possível viagem até Recife, que, por problemas de ordem financeira, nunca pode ser concretizada. Sem falar no sonho quase impossível de sair de São Paulo ou do Rio... 

Uma bicicleta para qualquer distância

E aproveitando o ensejo, gostaria de oferecer neste momento tão oportuno uma banana enorme para todos aqueles que torciam contra e até tentavam desestruturar-me psicologicamente em meus planos.   Contra toda essa negatividade, eu utilizava como princípio aquele pensamento de Raul Seixas, “o que eu quero eu vou conseguir” (ROCKIXE, 1973).

MORCEGOS PERIGOSOS
Uma das diversões mais perigosas que eu buscava (por influência de Mário Henrique e João da Cruz) e que mais resultava em adrenalina, consistia em agarrar-se na traseira de um caminhão ou caminhonete (pedalando uma bicicleta) e se deixar levar ao sabor do vento e da velocidade. É o popular morcego, um “voo" baixo que, na menor das hipóteses, chega facilmente aos 80/100 km por hora, ou até mais (contando com a negligência e a “vista grossa” do motorista).
A sensação era terrivelmente boa e, ao mesmo tempo, muito louca. Um vacilo, uma queda e poderia ser fatal. Nada comparado a outras tantas quedas memoráveis que já sofri ao longo de uma intensa vida de aventuras. Atualmente, eu acredito que não teria mais coragem de fazer nada disso. Já com um skate...

CAMPEONATO DO “PREGÃO”
Acredito que ninguém jamais tenha ouvido falar antes, fora dos arredores de Queimadas, sobre algum maluco que houvesse realizado um Campeonato de Jogo de Pregos. Até porque essa ideia foi somente minha, de realizar um evento como tal nos moldes de um esporte tão popular como o futebol, com direito a tabelas, pontuação, juiz e até premiação. Não era nada assim tão rigoroso, pelo contrário, apenas uma simples brincadeira da qual todos gostavam de participar, a exemplo de Moisés, Gledson, Reinaldo, Pepinha (in memorian)...
O “Estádio O Pregão”, nome sugerido por Rosevelt, irmão do amigo Roniclay, foi “construído” especialmente para estes campeonatos. Era um pouco maior que o normal, exagerado, diga-se de passagem, inclusive, com espaço nos alambrados para alguns eventuais “patrocinadores” (nomes de bombons), e com uma porção de pregos, ou melhor, de jogadores a mais, proporcionando assim mais opções de jogo e também dificultando o gol.

Reinaldo e o estádio "O Pregão"

A zorra toda durava cerca de um mês, comportando 32 participantes, e com partidas que duravam exatos 10 minutos, realizadas sempre à noite, defronte da casa onde eu morava (e onde se passava todo tipo de brincadeira), na Rua João Barbosa da Silva, n.º 29, no Centro, ao lado do Colégio de Dulce Barbosa.
Em tempo, um detalhe que não pode passar despercebido: tínhamos que contar com a colaboração e com toda a boa vontade de Bega, para que ele não bagunçasse o jogo, além de. termos de aturá-lo .jogando com aqueles. seus dedões de alicate. O. cara era fera no jogo e,, por isso, todos o temiam.
Por fim, antes de viajar para o Rio,em 98, lembro-me de ter deixado o “pregão” aos cuidados do amigo Eduardo, irmão das minhas amigas Lucélia, Márcia e Nara Aline.

FITA DO BERIMBAU
Num certo domingo, dia 1º de maio de 1994, Dia do Trabalho, no mesmo dia em que faleceu Ayrton Senna (não tem como esquecer) e que eu, por minha vez, resolvi raspar a cabeça, ficando completamente careca, foi também nesse tumultuado dia em que convenci nosso afinado instrumentista, “Inácio Charuto” (ainda com todos os dedos da mão), a gravar uma fita cassete num gravadorzinho pertencente ao Ironildo, tocando o seu berimbau paraibano.
A fita é uma gaiatice só. Inácio toca, canta, representa (Pena que não dá para ver!) e, de vez em quando, pede para alguém ir no Bar do finado Genetom buscar uma dose de “Pau do Índio”, senão ele ameaça parar de tocar (fazia parte do contrato). Tem ainda uma entrevista hilária dada a Mário Henrique, durante o “concerto”, com toda uma plateia ao lado fazendo algazarra.
Uma relíquia que possuo até hoje guardada a sete chaves, assim como outras tantas gravações caseiras, repletas de muita bobagem.
Continua...

Um comentário:

  1. mesmo não tendo a oportunidade de participar dessas brincadeiras, eu imagino o contexto em que isso acontecia . por isso tenho uma certa saudade daquela época.

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