DO
FRACASSO À ASCENSÃO – UMA PÉROLA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
RAULZITO SEIXAS E SUA FASE COMO PRODUTOR E
COMPOSITOR PROFISSIONAL
Por Paulo Seixas
Após o fracasso do seu primeiro
Disco, Raulzito e os Panteras, álbum
lançado pela extinta gravadora Odeon, no Rio de Janeiro, em dezembro de 1967,
Raulzito – como era conhecido Raul Seixas na juventude – ficou profundamente
abalado com este fato e decidiu voltar com o seu grupo para sua terra natal,
Salvador. Nessa época, ele chegou a afirmar: "Passava o dia inteiro
trancado no quarto lendo filosofia, só com uma luz bem fraquinha, o que acabou
me estragando a vista [...] comprei uma motocicleta e fazia loucuras pela
rua." Entretanto, seu destino iria mudar quando, certo dia, conhecera na
Bahia um diretor da antiga CBS, uma produtora de Discos que tinha sede no Rio
de Janeiro.
Esse
diretor tinha certa proximidade com Jerry Adriani, um dos artistas propagadores da Jovem
Guarda, movimento musical encabeçado principalmente por Roberto Carlos, Erasmo
Carlos e Wanderléa, na década de 1960. Algum tempo depois, valendo-se de sua importância e prestígio, Jerry convidaria
Raulzito Seixas para ser produtor da gravadora, confiando no talento do amigo.
Sem pensar duas vezes, Raul faz as malas, juntamente com Edith, sua primeira esposa,
voltando para o Rio. Esta seria, então, sua segunda chance de vencer na Cidade
Maravilhosa, uma vez que o seu “compadre Jerry” havia convencido o então
presidente da CBS, Evandro Ribeiro, a dar a Raul o emprego de produtor. Raul
trabalhou no anonimato durante um bom tempo, utilizando-se de seus
“conhecimentos enciclopédicos” como produtor fonográfico. Nascia ali uma
revolução na área musical.
Em sua
passagem pela CBS, a partir de 1968, Raul fez grandes amigos, pessoas que
apostaram como ninguém em suas letras. E assim, ele acabaria descobrindo mais à
frente um grande amigo e parceiro: Leno, da dupla Leno e Lílian. Segundo
Arlindo Coutinho, da relações públicas da CBS, "Raulzito sempre esteve
vinte anos adiante de seu tempo e Leno o compreendia muito bem. Na verdade,
sempre houve uma grande admiração mútua". Do mesmo modo que não é
permitido esquecer da importância de Mauro Motta - ainda atuando como produtor
musical nos dias atuais -, outro grande parceiro de Raul nesta fase. Nessa
época, vários ídolos da Jovem Guarda também gravaram as composições de
Raulzito, a exemplo de Ed Wilson, Renato e seus Blue Caps, Odair José, Diana,
Balthazar, além do próprio Jerry Adriani, que convocou Raul para ser o produtor
exclusivo de seus discos. No álbum de 1969, gravou uma de suas músicas, Tudo
Que É Bom Dura Pouco.
1970 marca o início de uma fase bem produtiva
para Raul, ainda como produtor da CBS. Inicialmente, porque suas composições
passaram a ser gravadas pelos artistas do “cast” da gravadora. Raul passou o
ano todo produzindo discos para Tony & Frankye, Osvaldo Nunes, Jerry
Adriani, Edy Star e Diana, além de escrever várias músicas para os colegas da
gravadora. Estima-se que, ao todo, Raul compôs cerca de oitenta músicas
enquanto produtor. Canções de grande sucesso, como Doce
doce amor, na voz de Jerry Adriani, Ainda Queima a Esperança (Diana)
e Se
ainda existe amor (Balthazar), fizeram de Raul, nessa época, um
respeitado produtor musical, alguém que conseguira lançar suas composições como
Hits na voz de outros cantores e produzir grandes artistas.
Contudo,
Raul não se conformava com o fato de ser um simples produtor musical. E, com o
apoio de Sergio Sampaio, outro artista de ideias extravagantes, Raul passa cada
vez mais a realimentar os sonhos de quando ainda vivia em Salvador, que era ser
cantor, podendo apresentar suas próprias criações. E assim (reza a lenda),
sem a permissão do presidente da CBS, Raul, juntamente com Sergio, Edy Star e
Mirian Batucada, lançaram às escondidas o álbum anárquico, Sociedade da
Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, onde definiam a ideia
como sendo um projeto de ópera-rock, inspirado em Frank Zappa e o então
cultuado Disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles,
misturando elementos brasileiros, como o Samba, o Chorinho e o Baião.
Esse foi outro projeto mal
sucedido, e que levou à expulsão de Raul da gravadora. Somente mais tarde, após
sua participação no VII Festival Internacional da Canção, FIC, em meados de
1972, defendendo Let me sing, Let me sing, e com a qual conquistara o terceiro
lugar, Raul conseguiu finalmente firmar seu nome como intérpetre entre os
artistas da época, lançando um ano mais tarde aquele que seria seu primeiro
disco de sucesso, Krig-há, bandolo.
Raul Seixas durante sua fase como Produtor musical |
Paulo, vc pode até nem acreditar mas, antes de vc aparecer no dia da reunião, enquanto nós te esperávamos eu comecei a dar uma lida,mas vcs chegaram e não deu tempo terminar. Ele era o cara.
ResponderExcluirEsqueci de dizer que esses dias peguei uma baita briga com meu cunhado por que ele falou mal de Raul. Não fale do que não conhece, nem fale besteira perto de mim.
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