Estarei publicando a partir de
agora, alguns textos perdidos da minha época de faculdade. Durante o meu Curso de
Comunicação Social, entre os anos de 2009 e 2013, na UEPB, eu produzia muito texto em todas as disciplinas. E alguns, à época, eram escritos à mão
e acabavam se perdendo no tempo. Texto de n° 45.
O
que é divertimento alienado?
Divertir-se é, antes de
tudo, o caminho mais curto para se alcançar a tal sonhada felicidade. Isso,
pelo menos, é o que pensa o nosso senso comum. Desde que surja um tempo livre (uma
liberdade, até certo ponto, mascarada), a tendência mais do que natural é
aproveitá-lo ao máximo que pudermos, sem a menor desconfiança de que esse tempo
livre, na verdade, é mais uma ocupação disfarçada e associada a um pretexto de
se ganhar um "extra", um ganho qualquer aparentemente
descompromissado com o trabalho.
Numa sociedade moderna,
onde as pessoas são efetivamente escravas de um sistema cruel e perverso, a
simples ideia de tempo livre pode ser considerada um conceito completamente
equivocado. Vivemos numa época em que um velho provérbio popular se encaixaria
muito bem nesse contexto: "Descanso carregando pedras."
Aquela ociosidade
"original", digamos assim, ela já não existe mais por conta da vida
agitada e concorrida (e também endividada) que a todos se revela. A alienação
provocada pela exigência do trabalho, consegue transformar as pessoas em meros
autômatos padronizados, sem qualquer personificação, numa escala muito maior e
mais extensa do que se poderia imaginar.
Pessoas que um dia
tiveram uma infância roubada ou não souberam fantasiar a vida desde crianças,
acabaram por tornarem-se adultos precocemente, carregando um fardo e uma
responsabilidade que pais ou responsáveis lhes impuseram desde muito cedo (por isso, as leis atuais que tanto as protegem). Talvez, para estes, um outro dito popular explicaria melhor tal
condição: "Quem já nasce sem travesseiro, dele não sente a falta."
Portanto, muitos ainda
sacrificam o tempo já reduzido de folga em seus trabalhos formais, na intenção
de reduzir gastos em casa, realizando trabalhos economicamente inviáveis, como
certas tarefas domésticas e todo tipo de atividade que poderia, simplesmente, ser
dada a alguém com o tempo e a responsabilidade menos comprometidos.
Enfim, se todo tempo
livre fosse aproveitado de verdade, como realmente o deveria ser feito,
certamente não surgiria o tédio e o estresse ocupacional, sintomas comuns
daqueles que, sob a coação do trabalho, já não sabem ou conseguem mais
conciliar um dia de folga com, simplesmente, não fazer nada. O divertimento em
si, não tem regras pré-estabelecidas. Ele deve ser tão natural quanto o ato de
andar ou respirar.
Paulo A. Vieira, 01/12/2009
uma interessante leitura
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