O LIXO E SUAS
CONSEQUÊNCIAS
Uma das principais
preocupações dos governos públicos (ou pelo menos, deveria ser), em especial,
dos governos municipais, consiste exatamente no problema relativo ao lixo
urbano e as suas consequências para o meio ambiente. O que fazer com o
resultado das coletas residenciais, das empresas, hospitais etc., uma vez que
nem todo município dispõe de aterros sanitários ou locais adequados para
comportar tamanha demanda?
O lixo produzido todos os
dias pela população, de uma maneira geral, deve ser encarado como um problema
de ordem emergencial, ou tanto quanto de primeira necessidade. Visto que o
acúmulo de resíduos orgânicos/inorgânicos, principalmente em terrenos baldios,
acarreta na proliferação de insetos, ratos, aves carniceiras (urubus) e toda
uma infinidade de seres indesejáveis. Além da produção inevitável do chorume,
que é um líquido altamente contaminador do subsolo e dos lençóis freáticos,
resultado da decomposição em massa do lixo.
No Brasil, grande parte
daquilo que poderia efetivamente ser reciclado acaba indo parar nos lixões,
devido a falta de políticas públicas nesse sentido ou de uma simples iniciativa
por parte dos governantes. E para piorar ainda mais, isso acaba acarretando em
outro grande prejuízo para a natureza, na proporção em que, por exemplo, cada
mil kg de papel reciclado (aproximadamente) poderia evitar a derrubada de uma
árvore. Além de deixar de oferecer muitos empregos, diretos e indiretos, dando
mais suporte aos inúmeros catadores existentes, uma parte excluída da sociedade
que vive marginalizada diante das circunstâncias em que se encontram, expostos
muitas vezes, a vários perigos e doenças.
Esses catadores
ambulantes, diariamente vistos pelas ruas das grandes cidades guiando aqueles
“burros sem rabo”, sobrevivem da coleta desordenada de papelão, jornal, plásticos,
latinhas de alumínio, metais valiosos como o cobre e todo tipo de objeto
aproveitável que possa render algum dinheiro. Quando organizados em
cooperativas e associações, eles podem render muito mais e inclusive, trabalharem
de forma mais segura e humanitária, fazendo valer alguns direitos e benefícios.
Em pleno século XXI,
ainda podemos encontrar muitos brasileiros que vivem em condições precárias ou
de subemprego. E sabemos que há várias alternativas de empregar e dar uma vida
mais digna para muita gente neste país afora. Dentro de uma possibilidade
viável está, com certeza, a reciclagem do lixo, uma saída para muitos homens e
mulheres que, muitas vezes, acabam submetendo-se a trabalhos desumanos, nunca
de acordo com as normas estabelecidas pela saúde pública.
Fica aqui, portanto, um
desafio para prefeitos e governantes de todo o Brasil, o de tornar mais humana
e rentável essa alternativa de renda que, numa realidade onde o desemprego e a
falta de especialização de mão de obra fala mais alto, a valorização e o
reconhecimento do trabalho de um catador de materiais recicláveis torna-se uma
saída para muitos pais de família que vivem dessa função.
Em suma, resta aos nossos
governantes verificar o que pode ser feito de imediato nesse sentido, criando
mais projetos de centros de reciclagem e oferecendo, assim, mais possibilidades
de empregos com carteira assinada.
E quanto ao lixo
descartável produzido nos centros urbanos, cuja finalidade é ser depositado
quase sempre em terrenos inadequados para esse fim, os famosos lixões, os quais
geralmente se encontram afastados das cidades e em desacordo com as leis
ambientais, que se criem urgentemente medidas de construção de aterros
sanitários inteligentes. Espaços planejados, projetados e estruturados para a
situação, com uma capacidade armazenadora e autonomia para comportar a demanda
de lixo por vários anos, respeitando, acima de tudo, a natureza e os seus
recursos. E acabando de vez também com aquelas cenas deprimentes normalmente
vistas na TV, de homens, mulheres e crianças dividindo espaço nos lixões em meio
a porcos e urubus.
Paulo A. Vieira, 03/11/2009
Um problema sério da humanidade, o que fazer com o lixo que produzimos diariamente.
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