1º LIMITE (1931), dirigido por Mário
Peixoto
Em um pequeno barco à deriva, duas
mulheres e um homem relembram seu passado recente. Uma das mulheres escapou da
prisão; a outra estava desesperada; e o homem tinha perdido sua amante.
Cansados, eles param de remar e se conformam com a morte, relembrando as
situações de seu passado. Eles não têm mais força ou desejo de viver e
atingiram o limite de suas existências.
O único filme escrito e dirigido por
Mário Peixoto se tornou uma lenda. Após provocar polêmica nas suas primeiras
exibições, acabou virando um mito, já que por muitos anos não foi exibido
novamente. Recuperado nos anos 70, o filme se tornou uma obra-prima e deixou
sua marca na história cultural do Brasil. Vanguardista, foi restaurado pela
organização World Cinema Foundation, criada por Martin Scorcese e elogiado por
cineastas como Orson Welles e o cantor David Bowie.
2° DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL
(1964), dirigido por Glauber Rocha
Manuel é um vaqueiro que se revolta
contra a exploração imposta pelo coronel Moraes e acaba matando-o em uma briga.
Ele passa a ser perseguido por jagunços e foge com sua esposa Rosa, juntando-se
aos seguidores do beato Sebastião, que promete o fim de qualquer sofrimento.
Porém ao presenciar a morte de uma criança, Rosa mata o beato. Enquanto isso,
Antônio das Mortes, um matador de aluguel que presta serviço à Igreja Católica
e aos latifundiários da região, extermina os seguidores do beato.
Considerado um marco do cinema novo, foi
gravado em Monte Santo, Bahia. Em novembro de 2015 o filme entrou na lista
feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100
melhores filmes brasileiros de todos os tempos.[2]
3º O PAGADOR DE PROMESSAS (1962),
dirigido por Anselmo Duarte
Baseado na peça teatral homônima de Dias
Gomes, esse filme de Anselmo Duarte não pode faltar em qualquer top 10.
Retratando a relação entre o homem e as instituições de poder, representada
aqui através da religião, o filme é um marco do nosso cinema, sendo até hoje o
único vencedor da Palma de Ouro em Cannes, batendo obras de aclamados diretores
como Antonioni, Bresson e Buñuel. Além disso, foi indicado ao Oscar de melhor
filme estrangeiro. Uma prova de que para se fazer um bom cinema nacional, não é
necessário abdicar de sua identidade, utilizando aspectos particulares da nossa
cultura.
Com uma atuação marcante de Leonardo
Villar, a presença da estreante Glória Menezes e da musa da época Norma
Bengell, o filme ainda ressoa no imaginário não só dos cinéfilos, mas da
população em geral. E segundo dezenas de cinéfilos conscientes e de bom gosto,
é uma das grandes obras que o nosso cinema já produziu.
4° VIDAS SECAS (1963), dirigido por
Nelson Pereira dos Santos
Vidas secas é um filme brasileiro do
gênero drama, dirigido por Nelson Pereira dos Santos para a Herbert Richers. O
roteiro é baseado no livro homônimo de Graciliano Ramos. De acordo com os
letreiros inicias, as filmagens foram em Minador do Negrão e Palmeira dos
Índios, sertão de Alagoas.
Ele conta a história de uma família
pobre da região seca do Nordeste e sua luta diária por trabalho e comida para
sobreviver, superarando as dificuldades do ambiente árido em que vive.
Foi o único
filme brasileiro a ser indicado pelo British Film Institute como uma das 360
obras fundamentais em uma cinemateca. Neste filme fica perceptível a influência
marcante do neo-realismo italiano na obra do diretor Nelson Pereira dos Santos
e o filme se tornou um dos mais conhecidos do movimento chamado de Cinema Novo,
que abordava problemas sociais do Brasil.
5º TERRA EM TRANSE (1967), dirigido por
Glauber Rocha
O filme enfrentou na época de lançamento
problemas com a censura no Brasil, ao mostrar um fictício país
latino-americano, denominado Eldorado, em crise política. Talvez a obra-prima
de Glauber, Terra em Transe, até hoje se mostra muito atual em sua construção e
crítica. Não é um filme fácil, se fazem necessárias algumas revisitas para que
seja possível absorver cada vez mais as alegorias do cineasta, considerado por
muitos o maior que o Brasil já teve.
Presenteado com talvez aquele que seja o
melhor elenco masculino já reunido no nosso cinema, o filme conta com atuações
emblemáticas de Paulo Autran, Jardel Filho, José Lewgoy e Paulo Gracindo. Foi
indicado à Palma de Ouro em Cannes e venceu o prêmio da crítica internacional.
6º SÃO PAULO, SOCIEDADE ANÔNIMA (1965),
dirigido por Luís Sérgio Person
A obra-prima de Luis Sérgio Person tem a
mesma qualidade de cinco décadas após seu lançamento, permanecendo ainda atual.
Ambientada no momento da euforia desenvolvimentista provocada pela instalação
de indústrias automobilísticas estrangeiras no Brasil no fim dos anos 50, o
filme conta a história de um jovem de classe média paulistana que se torna um
chefe de família com um bom emprego, que ganha bem, mas vive insatisfeito em um
casamento infeliz, com o vazio da rotina, e de uma vida pré-estabelecida.
Com grandes atuações de Walmor Chagas,
Eva Wilma e Darlene Glória, São Paulo S/A é um marco do nosso cinema que ganhou
ainda mais reconhecimento com o tempo, e hoje, é usado como objeto de estudo e
apreciação de cinéfilos de todas as gerações.
7º CIDADE DE DEUS (2002), dirigido por
Fernando Meirelles
Talvez esse seja o nosso filme mais bem
sucedido lá fora. Além de ocupar a 21º posição no ranking do site internacional
IMDb, na frente de clássicos como O Silêncio dos Inocentes, Era Uma Vez no
Oeste e Casablanca, foi escolhido pela revista Empire, em 2010, como o 7º
melhor filme de todos os tempos e pela Time como um dos 100 melhores filmes da
história. O The Guardian também o considerou o 6º melhor filme de ação do
cinema.
Indicado a 4 Oscars, fez história
levando Fernando Meirelles a ser o primeiro brasileiro indicado na categoria
melhor diretor. Com uma montagem implacável, ‘City of God’ (como os gringos
conhecem) é um filme vigoroso e impactante que promete ressoar ainda por muito
tempo.
8º CENTRAL DO BRASIL (1998), dirigido
por Walter Salles
Esse road-movie foi um dos filmes mais
aclamados do fim dos anos 90, vencedor de diversos prêmios internacionais como
o Urso de Ouro no Festival de Berlim, e indicado à premiações como o Oscar,
Globo de Ouro e o BAFTA. Levou o Globo de Ouro e o BAFTA, mas perdeu o Oscar para
o italiano, “A Vida é Bela”. Entretanto, o grande destaque fica por conta de
Fernanda Montenegro, também premiada e indicada, que realizou uma das grandes
performances do cinema, na pele de Dora, uma mulher ranzinza que vai tendo seu
coração amolecido pela convivência com o garoto Josué.
Visto por mais de 1 milhão de pessoas só
nos EUA, Central do Brasil caiu na graça do público internacional, em partes
por sua simplicidade e delicadeza. Um dos mais belos exemplares da retomada do
cinema brasileiro na década de 90.
9º PIXOTE – a lei do mais fraco (1981),
dirigido por Héctor Babenco
A Argentina tem um lugar especial na
história do cinema brasileiro. Apesar de Pixote ser um filme tipicamente
brazuca, com elenco, produção e história sobre uma realidade nacional, o
diretor Héctor Babenco é um argentino, naturalizado brasileiro. No entanto,
conseguiu como poucos capturar a dura vida de jovens abandonados nas ruas de
São Paulo, que acabam tendo contato com o mundo do crime.
Elogiado internacionalmente, foi
indicado ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e foi considerado na
época um clássico instantâneo por Roger Ebert, um dos mais conceituados
críticos americanos. Possui 100% de aprovação no site Rotten Tomatoes.
10º O BANDIDO DA LUZ VERMELHA (1968),
dirigido por Rogério Sganzerla
Inspirado numa história real, esse filme
se tornou o símbolo máximo do movimento chamado de Cinema Marginal nos anos 60,
com um detalhe: o diretor tinha apenas 22 anos quando o fez. Caracterizado pela
linguagem e temática transgressoras com herança das chanchadas e do cinema
noir, o filme possui um tom debochado e crítico, aliado a uma montagem
acelerada que dá um toque muito ágil ao filme.
Outros trabalhos aclamados do diretor
são “A Mulher de Todos’ e ‘Copacabana Mon Amour”.
Sites da internet
O Brasil tem potencial pra um dia chegar ao Oscar.
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