terça-feira, 24 de maio de 2011

MINHAS MEMÓRIAS - CAP. 4 (3)


CAPÍTULO 4
IDEIAS, INICIATIVAS E INVENÇÕES (3)

UM TRICICLO DIFERENTE
Investindo desde sempre em uma iniciativa própria, sem qualquer ajuda extra e, para variar, pensando em alguma coisa inédita para o Carnaval, certa vez decidi inovar, inventando algo bem diferente: uma bicicleta com um carrinho instalado do seu lado direito, imitando, talvez, uma daquelas antigas motos alemãs da Segunda Guerra Mundial. Estava montado, pois, um triciclo bem diferente.

Meus sobrinhos Luana e Fernandinho e os amigos Libânio e Jordão

Sem sombra de dúvidas, essa foi realmente uma das ideias mais chamativas que eu já tive até então, no sentido mais expresso da palavra. E também, de certa forma, era uma homenagem ao amigo “Mosquito”, nosso vereador de honra, e ao velho “Pereira”. Este último, pai dos meus amigos Adriano, Luciano e Arthur. Tanto Mosquito como o inconfundível Pereira (o homem que diz ter “inaugurado” a Delegacia de Queimadas) foram pioneiros nas brincadeiras de Carnaval de nossa cidade.
Toda “equipada”, essa bicicleta “infernal” lembrava mesmo a tal moto alemã (depois de bombardeada). Ela tinha um volante de caminhão no lugar do guidão, uma buzina tipo corneta, farol e lanterna de freio, um escape que soltava fogo à noite, através de uma bucha encharcada com diesel, além da cadeirinha com cinto de segurança (Fala sério!) na qual eu conduzia sempre uma criança (“Bebim”, “Bililiu”, “Nenéu”...).
Durante os quatro dias de Carnaval a molecada mobilizava-se em “bicicleatas” numerosas, e eu já cheguei a contar aproximadamente uns 50 garotos acompanhando-me pelas ruas de Queimadas.
Vez em quando, eu retirava a cadeirinha e todos os “acessórios” desse triciclo e saía pedalando-o como numa bicicleta normal, arrastando pelo asfalto, à noite, uma chapa de aço encaixada no solado de um calçado. Era um verdadeiro “esmeril” ambulante, o “rastro de fogo do capeta”.

PASSEIOS CICLÍSTICOS
Promovidos por Gilberto Bicicletas, em Campina Grande, esses passeios, normalmente relacionados com a época do verão, costumavam juntar muita gente. E eu, como sempre, estava de dentro, pedalando, para variar, uma das minhas tantas bicicletas (nessa época, cheguei a possuir cinco bikes, todas elas bem diferentes umas das outras). Inclusive, foi num sorteio em um desses passeios que ganhei mais um "camelo" para a minha coleção.

O triciclo que inventei, numa das edições deste evento, fez uma presença notável, atraindo a atenção até mesmo das câmeras, numa matéria documentada pelo JPB, noticiário local.
Mas o meu “xodó” sempre foi a “Amarelinha”, uma Monark 1986, Série Especial.Copa do Mundo, com as cores da bandeira do Brasil. Com ela participei de várias bicicleatas. Infelizmente, por falta de “grana”, acabei vendendo-a há bem pouco tempo.

Uma bicicleta que marcou época

JOÃO E O CARRO "AMASSADO"
Para quebrar um pouco a monotonia, certa noite João da Cruz cruzou pelas ruas do Centro de Queimadas com um carro pequeno, acredito que era um Chevette, barulhento, e com um detalhe: a lataria estava toda afundada, no teto, como se tivesse caído um meteoro bem em cima dele.
Com uma mentalidade irresponsável, porém muito engraçada, “Da Cruz” conseguiu convencer, sem muito trabalho, alguns malucos, inclusive eu, a subir no carro e sair de “carona”. Desfilamos no teto do carango por horas, correndo um risco tremendo, enquanto ele acelerava a toda, com a cabeça para o lado de fora, dando freadas bruscas e pequenos cavalos-de-pau. Tudo em nome da aventura e do exibicionismo.
E, novamente, mais uma de tantas vezes, a nossa “cidade sem lei”, àquela altura, presenciou um festival de arruaças, sendo estas bem graves, confesso. A propósito, a moda agora é empinar motos pelas ruas do Centro, não mais bicicletas, como antigamente. A coisa parece que só piora a cada dia que passa...

A PIPA GIGANTE
Com 3,5 m de altura, por 2,5 m de largura, pesando quatro quilos (isso tá parecendo descrição de boxeador) e com uma rabiola que passava facilmente dos 30 m, nem é preciso dizer que essa pipa foi uma marca que ninguém jamais me superou em Queimadas, desde 1997.
Feita a partir de um pendão seco de “agave”, sisal, trinchado ao meio, e coberta com papel de outdoor, essa “maravilha da aerodinâmica” recebia ainda um nome exposto em sua “barriga” – RAUL SEIXAS – que dava para ser avistado de bem longe. E só era possível empiná-la com. um barbante um tanto forte, quase uma corda, entrelaçado num pedaço de madeira.

Uma pipa fora do comum. Entre os presentes, destaco minha prima Aline, Reinaldo, Cristiano, "Cizim", Durval, entre outros.

O comentário sobre essa pipa ia parar longe e com isso atraía muitos curiosos que duvidavam que ela subisse. Com a ajuda de dois “colaboradores” (quase sempre meu irmão e um outro “guri”) e também um pouco de vento, ela nunca me decepcionou.

Foto da pipa no ar (para os mais incrédulos)

PIPAS DE ISOPOR (DISCO VOADOR)
        Um brinquedo curioso e porque não dizer, até meio "científico". Trata-se de um círculo feito a partir de uma placa fina de isopor, com uns 40 cm de diâmetro, que se encaixa verticalmente numa figura oval, plana, também de isopor e que, por sua vez, deve ter um tamanho igualmente proporcional.
Num movimento de rotação (girando em torno de si mesma), a pipa sobe, obedecendo a certa estabilidade imposta por seu “eixo” (uma varinha fixada entre as duas placas) e pelo próprio vento.
Eu procurava, invariavelmente, utilizar linha de nylon ao empiná-la, para que esta ficasse quase invisível, dando a impressão de que o disco estava pairando no céu e sem nenhum controle. Decorada com papel laminado, a luz do sol refletida produzia nela efeitos realmente lindos.

GINCANAS COM MENINOS
Quando tudo parecia meio sem graça, monótono, eu procurava sempre um jeito diferente e divertido de passar o tempo, reunindo a galerinha presente para uma tarde de brincadeiras. Falando assim, dessa forma, chego a ser até redundante. Eu era a própria diversão em pessoa, em todos os sentidos.
Do nada eu produzia certas brincadeiras, gincanas, só para mobilizar a meninada e não deixar ninguém parado. Bastava para tanto reunir uns 10 garotos, todos da mesma faixa etária do meu irmão Reinaldo (ele é 8 anos mais novo do que eu), inventar algumas provas hilárias e, é óbvio, estabelecer algum tipo de prêmio para o 1º colocado. Sem um “incentivo” a mais não havia como segurar a molecada até o fim.
Havia de tudo nessas gincanas improvisadas, alguns absurdos, desde localizar o maior fio de cabelo, procurar por uma dentadura, ou trazer uma marca de batom (um beijo) num papel, de alguma garota em especial. Bem como pedir que trouxessem e apresentassem para todos uma calcinha preta (não precisava vir junto com a respectiva dona), isso bem antes de criarem um grupo musical (tem gosto para tudo) com esse nome. Mais tarde essas minhas gincanas evoluiriam, e para melhor.
Continua...

Um comentário:

  1. naquele dia, pus o meu nome no papel da pipa gigante e ele o levou até onde o vento quiz.

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