domingo, 20 de novembro de 2011

UMA CRÔNICA SOBRE PIPOCA?

A IMPORTÂNCIA DA PIPOCA KARINTÓ (EM NÍVEL DE PARAÍBA) NA DIETA DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO
Paulo Seixas

Ela não chega a ser nenhum “manjar dos deuses” ou mesmo uma iguaria gastronômica fina nas versões doce e salgada, embora faça parte de paladares um tanto distintos. Tampouco se enquadra na categoria de uma refeição substancialmente nutritiva, a ponto de saciar as necessidades básicas e protéicas de um indivíduo.
Entretanto, e encarando a realidade dos fatos, ainda é considerada como sendo o lanche mais barato e que se encaixa perfeitamente no bolso da maioria dos alunos, contribuindo de forma positiva na mesada e no orçamento de todos. Atire a primeira pedra o estudante que disser que, em algum momento de sua vida, não tentou “enganar” a própria fome, devorando uma pipoca KARINTÓ. Todavia, vale ressaltar que, independentemente da questão financeira, isso não significar dizer que somente os menos favorecidos consomem a pipoca, apesar de que essa prática é quase sempre a regra...
Nas Universidades Públicas, em particular (impossível resistir a esse trocadilho) do Estado da Paraíba - e aqui se referindo especificamente aos cursos noturnos -, imaginemos o que seria daqueles alunos que residem nos lugares mais afastados possíveis, se não pudessem contar com aquela já tradicional pipoquinha de R$ 0,50 ou 0,70 (normalmente consumida acompanhada de água torneiral). É um produto, diga-se de passagem, indispensável nas cantinas de todas as Faculdades. Segundo informações seguras, para cada pacotinho de Pippos, por exemplo, são vendidas, em média, vinte pipocas KARINTÓS, uma concorrência bastante desigual.
Ao se atingir aquele horário crítico, para ser mais exato, a partir das 21hs, quando os estômagos de muita gente já começam a dar sinais de alerta, exigindo alguma contribuição alimentícia, nesse momento a presença de certo saquinho de cor amarela na classe é bastante acolhedora. É também um momento em que a educação de todos cede um espaço considerável para a razão, pois qualquer coisa de se comer oferecida nessa hora será aceita sem maior hesitação. Portanto, o ideal é que o aluno procure esconder bem o saquinho, debaixo da carteira, talvez, se quiser garantir a sobrevivência até o final da aula. 
     A pipoca KARINTÓ tem um cheiro característico, inconfundível. E, apesar de alguns consumidores afirmarem já haver encontrado em sua embalagem pontas de cigarros, fios de cabelo e até asas de baratas, ainda é vista por muitos como um alimento limpo, higiênico, saudável (giárdia é somente uma lenda atribuída à pipoca, nada mais que isso) e também a melhor pedida desses últimos trinta anos, idade estipulada para o surgimento deste produto no mercado. Tipicamente nordestina - mais precisamente pernambucana -, ela já conseguiu ultrapassar barreiras, sendo agora também apreciada em estados como Rio de Janeiro e São Paulo, fazendo a alegria de muitos estudantes e pessoas, dos 8 aos 80 anos.
        Do ponto de vista cultural, a pipoca já se tornou um símbolo alimentar na maioria dos cursos universitários, pelo menos na Paraíba, e principalmente para os adeptos de silhuetas mais magras (e agora se referindo apenas e tão somente à questão da estética). E ninguém sabe dizer ao certo o porquê dela ainda não haver se transformado em objeto de estudo para algum TCC, uma vez que o autor poderia, inclusive, inspirar-se para escrevê-lo saboreando uma pipoquinha KARINTÓ bem crocante, pra variar.

5 comentários:

  1. O cabra é o que come

    não sou muito fã de pipoca.
    quando eu era muleque e estudava o primario em uma residência que servia de escola, lá no sitio onde eu morava, eu levava um pedaço de rapadura ou um pedaço de bucho de boi, assado na brasa, dentro do bolso. era a minha merenda.

    essa sua postagem realmente eu não sei definir como uma reportagem ou uma crônica, talvez seja as duas coisas ao mesmo tempo, mas é muito interessante porque o seu conteúdo tem sustância
    (desculpe o trocadilho)e poder documentário, pois trata de uma realidade.

    já que tamos falando em fome e cultura
    eu sugiro vermos um filme chamado ESTÔMAGO.
    porque o cabra é o que come lê e vê.

    parabens, Paulo pela ótima postagem.

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  2. Amigo Paulo - 1º saiba que sou um assíduo visitador dessa sua página. 2º sua postagem me fez lembrar o início dos anos 90 quando frequentava as salas de aulas lá do antigo CCBS, sempre a noite. Quando voltava pra casa era aquela fome.Na época em que eu morava em Queimadas, esperava o ônibus na Rodoviária Velha e espantava a fome comendo pipocas, aquelas de carrinhos (pipoqueira). Quando morei em Campina, no bairro de Santa Rosa, esperava o ônibus, o 404, ao lado do Colégio das Damas e lá o meu deleite era com tapiocas.
    Portanto, comi tanto essas guloseimas que hoje elas não mais me enche os olhos - "ABUSEI"!

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  3. Esse texto é muito bom! Conheci la no DECOM !! Bom demais!!!

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  4. LÁ NO RIO DE JANEIRO EU SENTIA SAUDADE DE DUAS COISAS:O FRANGO ENSOPADO DE MÃE E DAS PIPOCA KARINTÓ,PRINCIPALMENT QUANDO ''TÁ'' NOVINHA.

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  5. Paulo, parabéns pela postagem. A pipoca Karintó realmente merece destaque, tendo em vista seu papel fundamental na Educação Paraibana. Lembro-me do tempo em eu que estudava no Estadual da Prata e por volta das 12:00 horas, enquanto esperávamos Zé Bom ou Gumercindo (motoristas do ônibus da prefeitura)vir nos buscar, era a famosa pipoquinha que nos salvava! E nos tempos da Universidade, nem se fala. Ah, vale a pena lembrar que tem outra pipoca que já salvou muita gente. A preferida dos alunos que se reunem a dois, três ou mais pra comer um só pacote: o famoso "pipocão", ou, como é mais conhecido "a pipoca que fede a chulé". Eita! boas lembranças... Afinal, como costuma dizer meu pai "escapei muito com essas aí"!

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