terça-feira, 11 de dezembro de 2012

HOMENAGEM AOS 100 ANOS DE NASCIMENTO DE LUIZ GONZAGA

Em primeira mão, apresento aqui um dos textos que fiz recentemente para a nossa mais nova revista acadêmica, PARAÍ-BÊ-A-BÁ, a qual sairá da gráfica da UEPB somente em agosto (a gosto de Deus) ou sabe-se lá quando. A matéria a seguir (feita em parceria e, portanto, ficando de fora aqui a parte da companheira Amanda Cavalcante) trata-se de uma homenagem aos cem anos do nascimento de um mito nordestino, Luiz Gonzaga, que serão comemorados agora no dia 13 de dezembro.


A vida e a obra de um dos maiores artistas populares brasileiros, no centenário de seu nascimento.

                    A NORDESTINIDADE DE UM MITO
                                                                                                          
      Há exatos cem anos nascia em Pernambuco, no município de Exu, Luiz Gonzaga do Nascimento, o eterno rei do baião. Com uma vocação precoce para a música, desde sua infância ele já namorava o fole de oito baixos de seu “Pai Januário”, no qual iniciou os seus primeiros acordes. E não parou por aí, era só o começo.
Saiu de casa em 1930 para servir o exército como voluntário. Depois de longa temporada no serviço militar, viajando por todo o Brasil, resolveu ficar pelo Rio de Janeiro. Em 1939, com uma sanfona recém-comprada, passou a se apresentar em ruas e bares, tocando boleros, valsas e tangos. Porém, tão logo percebeu a carência que os migrantes nordestinos tinham de ouvir sua própria música, passou a tocar, com enorme sucesso, xaxados, baiões, chamegos e cocos. Seu talento como compositor só veio mais tarde.
Em 1943, apresentou-se vestido a caráter como nordestino, em um programa de rádio, tendo bastante êxito. Seu maior sucesso, "Asa Branca" (com Humberto Teixeira), foi gravado em 1947 e regravado inúmeras vezes por diversos artistas. Luiz Gonzaga, no decorrer de vários anos, foi o maior responsável pela divulgação da música nordestina no resto do Brasil, sendo o primeiro músico a assumir sem preconceito a sua nordestinidade, as raízes de sua terra, representados pela sanfona, pelo chapéu de couro à moda do cangaceiro e o gibão do vaqueiro nordestino.
Em 50 anos de carreira, nunca perdeu o seu prestígio, apesar de haver se distanciado do palco por várias vezes. Com a ascensão da Bossa Nova, afastou-se dos grandes centros e passou a se apresentar em cidades do interior, onde continuava muito popular. Chegou a tocar até em Paris, em 1985, ganhando o prêmio Shell de música popular em 1987.
Quando morreu, em agosto de 1989, já tinha uma carreira consolidada e bastante reconhecida. Luiz Gonzaga representava a alma do povo nordestino, levando o seu som agreste e típico para além de nossas fronteiras. Cantando a sua própria história, as dores e amores de um povo que não tinha voz, fazia isso com muita simplicidade. A música brasileira só tem que agradecer.

         “Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor”.
                
Uma curiosidade sobre Luiz Gonzaga: Ao longo de sua carreira ele compôs em torno de 25 músicas retratando o nome da Paraíba. Quem nunca ouviu falar de “Paraíba masculina, muié macho, sim senhô?” Apesar de ser pernambucano, não escondia o seu amor pelo nosso estado. Teve ainda participação direta e indireta em 19 filmes, entre os quais, um estrangeiro.

                                                             Paulo A. Vieira

Um comentário:

  1. Um verdadeiro MITO, que levou a cultura nordestina para todo o Brasil, através da música.

    ResponderExcluir