Em
primeira mão, apresento aqui um dos textos que fiz recentemente para a nossa
mais nova revista acadêmica, PARAÍ-BÊ-A-BÁ, a qual sairá da gráfica da
UEPB somente em agosto (a gosto de Deus) ou sabe-se lá quando. A matéria a
seguir (feita em parceria e, portanto, ficando de fora aqui a parte da companheira Amanda
Cavalcante) trata-se de uma homenagem aos cem anos do nascimento de um mito nordestino,
Luiz Gonzaga, que serão comemorados agora no dia 13 de dezembro.
A vida e a obra de um dos
maiores artistas populares brasileiros, no centenário de seu nascimento.
A NORDESTINIDADE DE UM MITO
Há exatos cem anos nascia em Pernambuco, no município de Exu,
Luiz Gonzaga do Nascimento, o eterno rei do baião. Com uma vocação precoce para
a música, desde sua infância ele já namorava o fole de oito baixos de seu “Pai
Januário”, no qual iniciou os seus primeiros acordes. E não parou por aí, era só o começo.
Saiu de casa em 1930 para servir o exército como
voluntário. Depois de longa temporada no serviço militar, viajando por todo o
Brasil, resolveu ficar pelo Rio de Janeiro. Em 1939, com uma sanfona
recém-comprada, passou a se apresentar em ruas e bares, tocando boleros, valsas
e tangos. Porém, tão logo percebeu a carência que os migrantes nordestinos
tinham de ouvir sua própria música, passou a tocar, com enorme sucesso,
xaxados, baiões, chamegos e cocos. Seu talento como compositor só veio mais
tarde.
Em 1943, apresentou-se vestido a caráter como
nordestino, em um programa de rádio, tendo bastante êxito. Seu maior sucesso,
"Asa Branca" (com Humberto Teixeira), foi gravado em 1947 e regravado
inúmeras vezes por diversos artistas. Luiz Gonzaga, no decorrer de vários anos, foi o maior
responsável pela divulgação da música nordestina no resto do Brasil, sendo o
primeiro músico a assumir sem preconceito a sua nordestinidade, as raízes de
sua terra, representados pela sanfona, pelo chapéu de couro à moda do
cangaceiro e o gibão do vaqueiro nordestino.
Em 50 anos de carreira,
nunca perdeu o seu prestígio, apesar de haver se distanciado do palco por várias
vezes. Com a ascensão da Bossa Nova, afastou-se dos grandes centros e passou a
se apresentar em cidades do interior, onde continuava muito popular. Chegou a
tocar até em Paris, em 1985, ganhando o prêmio Shell de música popular em 1987.
Quando morreu, em agosto
de 1989, já tinha uma carreira consolidada e bastante reconhecida. Luiz Gonzaga
representava a alma do povo nordestino, levando o seu som agreste e típico para
além de nossas fronteiras. Cantando a sua própria história, as dores e amores
de um povo que não tinha voz, fazia isso com muita simplicidade. A música
brasileira só tem que agradecer.
“Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e
cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os
cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor”.
Uma curiosidade sobre
Luiz Gonzaga: Ao longo de sua carreira ele compôs em torno de 25 músicas
retratando o nome da Paraíba. Quem nunca ouviu falar de “Paraíba masculina,
muié macho, sim senhô?” Apesar de ser pernambucano, não escondia o seu amor
pelo nosso estado. Teve ainda participação direta e indireta em 19 filmes,
entre os quais, um estrangeiro.
Paulo A. Vieira
Um verdadeiro MITO, que levou a cultura nordestina para todo o Brasil, através da música.
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