O COMEÇO DO FIM E AS ÚLTIMAS
BRINCADEIRAS
Eu sinto que a minha ida para o Rio de Janeiro, em agosto de 1998, e os
mais de dez anos que permaneci por lá, morando em diversos lugares e atravessando
por situações realmente difíceis (mas sem nunca perder o sorriso), serviram-me
como ponte, um importante divisor de águas nessa minha tão acomodada existência
(não tenho muito a reclamar). Ou talvez, quem sabe, como uma possível transição
para um pensamento agora bem mais sério, contrário e indiferente ao modo de
vida que um dia escolhi para mim. O que acaba, portanto, encerrando
progressivamente um ciclo do qual sempre relutei em abrir mão.
O
fato é que não consigo imaginar-me levando uma vida de “homem sério”, sisudo,
sem o menor senso de humor ou sem poder demonstrar qualquer forma de simpatia,
alguma coisa assim, menos formal. Dentro de mim habita um ser palhaço,
extrovertido, e esse meu ego é completamente desapegado de responsabilidades, padrões
e formalismos. Meu lema é viver intensamente, despreocupadamente, como se cada
dia fosse único.
No
entanto, percebo que as pessoas estão esquecendo-se rapidamente de alguns
velhos costumes, aliás, bem familiares, como a prática saudável de compartilhar
risos e alegrias, desfrutando ao máximo o lazer disponível. Além dos reais
valores que somente essa “liberdade” pode proporcionar.
Infelizmente,
estão deixando-se levar demais, cada vez mais pelas obrigações que lhe são
impostas, pelos compromissos diários, enfim, estão deixando de viver a vida com
mais entusiasmo. É que ninguém parece se dispor mais de tempo para divertir-se
como deveria (mesmo que seja um divertimento alienado), exceto para correr
atrás de dinheiro, de “grana”. É a tal responsabilidade que, uma vez atingindo
alguém, não abre exceções.
Ademais,
é natural que num dia-a-dia tão atribulado como o nosso, onde a realidade é
sempre tão dura, cruel e fria, a felicidade para muitos seja apenas uma
fantasia, uma mera utopia inalcançável, cedendo espaço para coisas
necessariamente mais importantes como... o dinheiro. É sempre o vil metal que
determina o próximo passo, a próxima atitude a ser tomada.
Já
quase que me entregando ao sistema, ou como diria Raul Seixas, ao “monstro
sist”, despedi-me do Rio de Janeiro com algumas brincadeiras (eu brincava mais
do que propriamente trabalhava) e deixando para trás, com certeza, várias
lembranças entre a meninada do Rio Comprido e do Caju, consequentemente, lugares
onde eu morei durante um bom tempo.
De
volta à Paraíba, mostrei um pouco desse meu novo “repertório” de brincadeiras
(por mim inventadas ou mesmo adaptadas) à “gurizada” do bairro da Liberdade,
Campina Grande, onde atualmente resido.
Continua...
Que brincadeiras eram essas que você apresentava? Mostre aqui alguns exemplos.
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