quarta-feira, 14 de maio de 2014

MINHAS MEMÓRIAS - CAP. 9

                                             CAPÍTULO 9
O COMEÇO DO FIM E AS ÚLTIMAS BRINCADEIRAS

E
       Eu sinto que a minha ida para o Rio de Janeiro, em agosto de 1998, e os mais de dez anos que permaneci por lá, morando em diversos lugares e atravessando por situações realmente difíceis (mas sem nunca perder o sorriso), serviram-me como ponte, um importante divisor de águas nessa minha tão acomodada existência (não tenho muito a reclamar). Ou talvez, quem sabe, como uma possível transição para um pensamento agora bem mais sério, contrário e indiferente ao modo de vida que um dia escolhi para mim. O que acaba, portanto, encerrando progressivamente um ciclo do qual sempre relutei em abrir mão.
O fato é que não consigo imaginar-me levando uma vida de “homem sério”, sisudo, sem o menor senso de humor ou sem poder demonstrar qualquer forma de simpatia, alguma coisa assim, menos formal. Dentro de mim habita um ser palhaço, extrovertido, e esse meu ego é completamente desapegado de responsabilidades, padrões e formalismos. Meu lema é viver intensamente, despreocupadamente, como se cada dia fosse único.
No entanto, percebo que as pessoas estão esquecendo-se rapidamente de alguns velhos costumes, aliás, bem familiares, como a prática saudável de compartilhar risos e alegrias, desfrutando ao máximo o lazer disponível. Além dos reais valores que somente essa “liberdade” pode proporcionar.
Infelizmente, estão deixando-se levar demais, cada vez mais pelas obrigações que lhe são impostas, pelos compromissos diários, enfim, estão deixando de viver a vida com mais entusiasmo. É que ninguém parece se dispor mais de tempo para divertir-se como deveria (mesmo que seja um divertimento alienado), exceto para correr atrás de dinheiro, de “grana”. É a tal responsabilidade que, uma vez atingindo alguém, não abre exceções.
Ademais, é natural que num dia-a-dia tão atribulado como o nosso, onde a realidade é sempre tão dura, cruel e fria, a felicidade para muitos seja apenas uma fantasia, uma mera utopia inalcançável, cedendo espaço para coisas necessariamente mais importantes como... o dinheiro. É sempre o vil metal que determina o próximo passo, a próxima atitude a ser tomada.
Já quase que me entregando ao sistema, ou como diria Raul Seixas, ao “monstro sist”, despedi-me do Rio de Janeiro com algumas brincadeiras (eu brincava mais do que propriamente trabalhava) e deixando para trás, com certeza, várias lembranças entre a meninada do Rio Comprido e do Caju, consequentemente, lugares onde eu morei durante um bom tempo.
De volta à Paraíba, mostrei um pouco desse meu novo “repertório” de brincadeiras (por mim inventadas ou mesmo adaptadas) à “gurizada” do bairro da Liberdade, Campina Grande, onde atualmente resido.

                                                                                  Continua...



Um comentário:

  1. Que brincadeiras eram essas que você apresentava? Mostre aqui alguns exemplos.

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