sábado, 4 de abril de 2015

MEU 40º TEXTO ACADÊMICO AQUI PUBLICADO

EDIÇÃO JORNALISTICA: UMA PRÁTICA AINDA (IN)DEFINIDA PELA TEORIA
                                                                                                  
    (RESUMO/ANÁLISE DO ARTIGO DA PROFESSORA-ESPECIALISTA, 
LUCIANE ZUÊ Z. E SOUZA)

           No artigo proposto pela professora-especialista, Luciane Zuê Z. e Souza, ela procura abordar o papel de um editor jornalístico no processo de solucionar aquilo que será exposto ao público, decidindo a forma de apresentação daquilo que será veiculado na mídia, em especial, na mídia impressa.
      Afinal, quais são os limites entre a subjetividade e a objetividade no processo de edição de um jornal? Segundo Luciane, para estabelecer um estudo mais aprofundado sobre critérios editoriais, seus resultados, enfim, torna-se necessário formar uma contextualização entre ideias, conceitos e pesquisas sobre o tema, o que dará respaldo para aferir se esses limites realmente existem.
         Com o interesse desse estudo mais voltado para o jornal impresso, a discussão do tema aponta para a Folha de São Paulo, o qual apresentou em seu manual de redação (2000, p. 33) uma breve explicação daquilo que seria, para a imprensa, o conceito de edição: “exposição hierárquica e contextualizada das notícias e distribuição espacial correta e interessante de reportagens, análises, artigos, críticas, fotos, desenhos e infográficos”. Ou seja, há uma hierarquização imparcial na formatação das notícias em sua apresentação, uma tarefa que é executada pelo editor.
      Há também nos jornais impressos as características gráficas do modelo a ser exibido, as quais são previamente estabelecidas pelo veículo e que são seguidas na prática diária da edição. Outras características são de livre escolha do editor, dependendo de uma série de variáveis, o que deixa transparecer um caráter subjetivo na função. A hierarquia se estabelece, portanto, através de escolhas, que são as formas de demonstrar uma autonomia possível no processo de editar.
       Dentro dos três níveis de trabalho, conforme classifica Pereira Júnior (2006, p. 83), a atividade jornalística pode ou não transformar fatos em notícia. É uma atividade que se inicia eminentemente pessoal. E embora no decorrer do processo acabe por se transformar em coletiva, a carga ética individual persiste e, pelo menos em parte, sustenta a técnica.
         Na rotina de edição, alguns fatores acabam influenciando diretamente nos critérios decisórios daquilo que adquire caráter de notícia ou não. E o mais determinante talvez, seja a pressão do tempo. São rotinas condicionantes e limitadoras do trabalho dos jornalistas e que se somam ainda aos interesses das empresas.
     Na edição de jornais impressos, por exemplo, normal- mente o repórter já comunica a existência ou não de imagens adequadas à matéria, mas é o editor de fotografia quem tem a função de escolher as imagens mais significativas para a notícia, levando em conta, também, critérios de qualidade técnica.
         Os acontecimentos que adquirem status de notícia – os valores notícia – permitem ao jornalista selecionar alguns deles e enquadrá-los para que sejam submetidos ao público. Para Wolf (2003), pode-se sintetizar que os valores-notícia são as qualidades da construção jornalística dos acontecimentos e funcionam como “óculos” (Bourdieu, 1997: 25) atráves dos quais os jornalistas operam uma seleção e uma produção discursiva do que é selecionado.
         Existem ainda os anunciantes, pois, como lembra Juarez Bahia (1990), se por um lado o jornalismo é profissão, por outro lado é negócio. E entre os tantos valores e interesses dos proprietários e executivos de uma empresa jornalística, é a operação lucrativa que para eles governa o processo de produção de notícias.
           De acordo com Bahia (1999, p. 203), “O trunfo do editor é a sua própria consciência na hora de dar a última palavra. Ele é sensível a ponderações, consegue desenvolver um eficaz mecanismo de resistências a pressões, consulta outros editores e seus subordinados, mas se achará sempre só ao decidir, apoiado apenas em sua cabeça e nos pés”.
         Por fim, a atividade jornalística não existiria se fosse algo meramente técnico. Ela tem sim um pouco de sensibilidade e da criatividade do profissional de jornalismo, uma vez que a própria técnica dá margem para essa subjetividade. Ao editor cabe a responsabilidade pelo resultado final da edição, e nesse contexto, entram a harmonia estética do produto, interesses pessoais e da empresa na qual o jornalista trabalha, além de toda uma percepção e convicção que é naturalmente individual.

                                                                          Paulo A. Vieira, UEPB, 2012
                  

Um comentário:

  1. A hierarquia é sem dúvida importante e ajuda estabelecer critérios, seja em qual for o meio de comunicação.

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