EDIÇÃO JORNALISTICA: UMA PRÁTICA AINDA (IN)DEFINIDA
PELA TEORIA
(RESUMO/ANÁLISE DO ARTIGO
DA PROFESSORA-ESPECIALISTA,
LUCIANE ZUÊ Z. E SOUZA)
No artigo proposto pela professora-especialista,
Luciane Zuê Z. e Souza, ela procura abordar o papel de um editor jornalístico
no processo de solucionar aquilo que será exposto ao público, decidindo a forma
de apresentação daquilo que será veiculado na mídia, em especial, na mídia
impressa.
Afinal, quais são os limites
entre a subjetividade e a objetividade no processo de edição de um jornal?
Segundo Luciane, para estabelecer um estudo mais aprofundado sobre critérios
editoriais, seus resultados, enfim, torna-se necessário formar uma
contextualização entre ideias, conceitos e pesquisas sobre o tema, o que dará
respaldo para aferir se esses limites realmente existem.
Com o interesse desse estudo
mais voltado para o jornal impresso, a discussão do tema aponta para a Folha de
São Paulo, o qual apresentou em seu manual de redação (2000, p. 33) uma breve
explicação daquilo que seria, para a imprensa, o conceito de edição: “exposição
hierárquica e contextualizada das notícias e distribuição espacial correta e
interessante de reportagens, análises, artigos, críticas, fotos, desenhos e
infográficos”. Ou seja, há uma hierarquização imparcial na formatação das
notícias em sua apresentação, uma tarefa que é executada pelo editor.
Há também nos jornais impressos
as características gráficas do modelo a ser exibido, as quais são previamente
estabelecidas pelo veículo e que são seguidas na prática diária da edição.
Outras características são de livre escolha do editor, dependendo de uma série
de variáveis, o que deixa transparecer um caráter subjetivo na função. A
hierarquia se estabelece, portanto, através de escolhas, que são as formas de
demonstrar uma autonomia possível no processo de editar.
Dentro dos três níveis de
trabalho, conforme classifica Pereira Júnior (2006, p. 83), a atividade
jornalística pode ou não transformar fatos em notícia. É uma atividade que se
inicia eminentemente pessoal. E embora no decorrer do processo acabe por se
transformar em coletiva, a carga ética individual persiste e, pelo menos em
parte, sustenta a técnica.
Na rotina de edição, alguns
fatores acabam influenciando diretamente nos critérios decisórios daquilo que
adquire caráter de notícia ou não. E o mais determinante talvez, seja a pressão
do tempo. São rotinas condicionantes e limitadoras do trabalho dos jornalistas
e que se somam ainda aos interesses das empresas.
Na edição de jornais impressos,
por exemplo, normal- mente o repórter já comunica a existência ou não de imagens
adequadas à matéria, mas é o editor de fotografia quem tem a função de escolher
as imagens mais significativas para a notícia, levando em conta, também,
critérios de qualidade técnica.
Os acontecimentos que adquirem
status de notícia – os valores notícia – permitem ao jornalista selecionar
alguns deles e enquadrá-los para que sejam submetidos ao público. Para Wolf
(2003), pode-se sintetizar que os valores-notícia são as qualidades da
construção jornalística dos acontecimentos e funcionam como “óculos” (Bourdieu,
1997: 25) atráves dos quais os jornalistas operam uma seleção e uma produção
discursiva do que é selecionado.
Existem ainda os anunciantes, pois, como
lembra Juarez Bahia (1990), se por um lado o jornalismo é profissão, por outro
lado é negócio. E entre os tantos valores e interesses dos proprietários e
executivos de uma empresa jornalística, é a operação lucrativa que para eles
governa o processo de produção de notícias.
De acordo com Bahia (1999, p. 203),
“O trunfo do editor é a sua própria consciência na hora de dar a última
palavra. Ele é sensível a ponderações, consegue desenvolver um eficaz mecanismo
de resistências a pressões, consulta outros editores e seus subordinados, mas
se achará sempre só ao decidir, apoiado apenas em sua cabeça e nos pés”.
Por fim, a atividade
jornalística não existiria se fosse algo meramente técnico. Ela tem sim um
pouco de sensibilidade e da criatividade do profissional de jornalismo, uma vez
que a própria técnica dá margem para essa subjetividade. Ao editor cabe a
responsabilidade pelo resultado final da edição, e nesse contexto, entram a
harmonia estética do produto, interesses pessoais e da empresa na qual o
jornalista trabalha, além de toda uma percepção e convicção que é naturalmente
individual.
Paulo A. Vieira, UEPB, 2012
A hierarquia é sem dúvida importante e ajuda estabelecer critérios, seja em qual for o meio de comunicação.
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