quinta-feira, 14 de maio de 2015

TEXTO ACADÊMICO SOBRE UM PROVÁVEL FIM DO JORNALISMO IMPRESSO

QUANDO A EVOLUÇÃO ENTRA EM CONFLITO COM A TRADIÇÃO. O FIM DO JORNALISMO IMPRESSO?

Com o advento e uso da internet pela imprensa para a rápida difusão e propagação de notícias, em nível mundial, muito tem se falado no fim quase irremediável do Jornalismo impresso, especialmente aqui no Brasil. Segundo alguns pesquisadores, como Ignácio Ramonet, editor do histórico “Le Monde Diplomatique” e autor de alguns livros de repercussão mundial, não é impossível que, daqui algumas décadas ou, quem sabe, anos, possamos deixar de ter o contato físico e direto com livros, revistas e jornais.
Para muitos, a rede mundial de computadores é a principal responsável pela possível extinção do jornalismo impresso. E esse tipo de afirmação sempre surge a cada vez que uma nova mídia aparece, responsabilizando-a pelo fim da mídia anterior. Foi dessa forma com o aparecimento do rádio em relação ao impresso, assim como da TV em relação ao rádio. E a bola da vez agora é o fim do impresso pela internet.
Mas será que é tão conclusivo assim o fim do impresso?
Muitas pessoas, além de terem o jornal impresso como sua principal ferramenta de comunicação, tem também a herança cultural de folhear o material durante o café da manhã, ou ainda, no intervalo do trabalho ou de uma aula. É muito comum nos dias atuais vermos pessoas que gostam de resolver as palavras cruzadas e jogos contidos nos jornais, e que, por certo, irão sentir falta de realizar estas atividades caso o impresso venha a ser extinto.
No entanto, há outras que já não conseguem viver sem o uso das novas tecnologias. E usam ferramentas como tablets, ipods, smartphones para se comunicarem ou receber algum tipo de informação. A comodidade de se ter acesso ao conhecimento onde e quando se deseja é um dos principais motivos para o grande aumento de leitores em portais de notícias.
Um tema que diverge opiniões. O professor Luís Barbosa de Aguiar, docente efetivo da Universidade Estadual da Paraíba, UEPB, argumenta que o impresso tende a diminuir com o aparecimento dos jornais online, mas que, apesar disso, não irá desaparecer por completo. Segundo ele, os jornais continuarão em menor número, mas que ainda irão instigar o interesse de seus leitores. Ele lembra também que há publicações, a exemplo da revista Veja - uma grande campeã de vendas entre as demais revistas impressas - que já possuem duas plataformas, disponibilizando versões online para seus leitores virtuais.
Outra questão que faz com que enfraqueça tanto o número de leitores de impressos é a plataforma de leitura dos jornais, muitas vezes, com informações desnecessárias, ou que não instiga o interesse do leitor, tornando cansativa a leitura. Enquanto que na internet alguém pode selecionar apenas o que possa lhe interessar, excluindo aquilo que não tem importância com grande facilidade.    
De acordo com Adriana Alves, professora do Curso de Comunicação Social da UEPB, numa transcrição literal de suas palavras, ela afirma não fazer “futurologias” sobre o possível fim do jornal impresso, mas que aceita discutir alguns fatores que provocaram ou aceleraram para este tema em voga no jornalismo contemporâneo. Segundo ela, “Sempre quando uma nova tecnologia surge, há sempre o discurso apocalíptico de que o outro meio vai acabar. Isso ocorreu com o rádio, TV e agora com a internet. A história, por si só mostrou, até agora, que nenhuma mídia morreu porque outra nasceu. O que há hoje é a retroalimentação das mídias como nos diz Castells ou uma Cultura das Mídias, como vai atestar Lúcia Santaella, e que vem reconfigurando o jornalismo como um todo: novos processos (o cidadão participando), novos modelos de negócio (o Jornalismo digital, por exemplo), novas funções (gestores de mídias sociais, monitoramento de mídias), novas rotinas produtivas, etc.
Por trás disso tudo, está um agravamento de base econômica própria do capitalismo. Jornais fechando por, em grande maioria, má administração interna, queda dos anunciantes, etc. O avanço das tecnologias digitais agrava, acelera esse processo que já vem capengando há um tempo, e põe em xeque toda a estrutura jornalística em questão. Philipe Meyer, pesquisador americano, diz que os jornais vão desaparecer em 2040. Particularmente, prefiro pensar como o historiador Erick Hobsbawn (1917- 2012) de que a imprensa vive ‘tempos interessantes, tempos conflituosos e tempos de incertezas’ ", conclui Adriana.
Para Rachel Farias, estudante de Jornalismo da UEPB, “O fim do impresso, pelo menos, em curto prazo, é uma hipótese sem fundamento, visto que muita gente ainda não tem o acesso diário e contínuo da internet, tornando para estas pessoas bem mais prático e barato ir à banca comprar um jornal”. Ela lembra também a questão da insegurança, pois dentro de um ônibus você pode ler um jornal tranquilamente. Mas, será que se fosse ler a partir de um tablet, por exemplo, estaria tranquilo ao fazê-lo?
        Contudo, é importante ressaltar que vivemos em plena era digital, e a informatização já provocou uma verdadeira revolução nos meios de comunicação. Alguns livros e revistas, como se sabe, já são agora publicados exclusivamente pela internet, condenando a um fim muito próximo, até por comodidade, o acesso físico de pessoas às bibliotecas convencionais. 
       Há, no entanto, aqueles que acreditam que dificilmente os impressos vão desaparecer, principalmente devido à sua força cultural e tradicional como tem se apresentado nessas últimas décadas, e até séculos.                                                                                                                                                                             
                                                       CARMEM ROSANE e PAULO A. VIEIRA
                                                                            Novembro de 2013

Um comentário:

  1. Lembro bem que quando fomos entrevistar Aguiar, cancelei em vez de salvar tudo o que ele havia falado e vc ficou muito bravo.

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