Paulo Seixas ensina poesia de cordel em escola de Itabaiana |
OS BONS SÃO A MAIORIA
Vai aí um Brasil agredido? Uma cidade
ultrajada? Uma dor civilizatória para sempre no seu coração? Uma criança sem
água na escola? Um poeta falando com seriedade para quatro paredes moucas?
Você conhece a Escola Nossa Senhora
das Graças, em Itabaiana? Aposto que não. É uma escola para filhos de pobres.
Visitei a escola neste sábado, 5 de novembro. Lá, um sujeito ensinava como
produzir poesia de cordel. A escola não tem charme, não tem estrutura, não é
climatizada, não é chique. Uma escola para pobres, enfim.
O rapaz do cordel faz com seriedade
um trabalho de educação através da poesia, inspirado por forças indefiníveis
como a causa impulsora dos santos. Ele não aparece na mídia e nunca será o
queridinho dos descolados que mamam na cultura com seus discursos bonitinhos e
inócuos. E daí? O rapaz faz seu trabalho, ensina a metrificar versos,
unicamente porque ele é compreensivo e bondoso para com a humanidade. Não
recebe nada em troca. Vem
de Queimadas para levar poesia para as crianças de Itabaiana em uma escola
pública que não tem nem água para limpar as latrinas do prédio velho e mal
conservado. O prefeito foi expulso da cidade pelas urnas. Vida que segue.
Talvez, o próximo prefeito seja um rapaz interessado no deus das pequenas
coisas como essa de levar poesia para a escola, dê mais força, respeite e
invista nas pequenas escolas da cidade e seus sonhadores como a professora
Analita, uma das que também acham que nem tudo está perdido.
Sim, o nome dele é Paulo Seixas, fã
de carteirinha do Raul Santos Seixas, o cara que preferia ser essa metamorfose
ambulante e provocar a vida do que “ficar sentado no trono de um apartamento
esperando a morte chegar”.
Li não sei onde e passo de graça pra
vocês: “a vida não é colorida, é colorível.” Infelizmente somos, de maneira
geral, um povo acomodado e calmo feito água de poço estagnado. Tudo indica que
será assim por algum tempo. Enquanto isso, pessoas feito Paulo fazem meninos
felizes porque conseguiram “fechar” uma estrofe de cordel numa cidade onde
cultura jamais foi prioridade. Lembro a frase de Helène Françoise: “Nunca deixe
de acreditar que os bons são a maioria, mas faça sua parte e inclua-se também
nessa porcentagem.”
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tu é o cara !
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