Raul Seixas é considerado um dos maiores artistas brasileiros do século
XX. Um dos pioneiros ao propagar o Rock’in Roll no país ainda na década de
1960, influenciado, principalmente, pelos sons e ritmos de Elvis Presley, seu
ídolo maior.
A sua obra musical, de tão autêntica e persistente, continuou a ser
propagada mesmo após sua morte precoce, em agosto de 1989. Seja de maneira
póstuma, Raul sempre é lembrado em eventos alusivos ao seu nascimento e morte,
os quais geralmente trazem a tona alguma novidade.
A exemplo de grandes artistas mundiais, Raul Seixas tinha muito que
oferecer a seu público em termos musicais, ainda por bastante tempo. Tanto é
que deixou várias músicas inéditas, gravadas ou não (algumas delas, censuradas
pela ditadura militar), muito material de inúmeros shows ao vivo, além de muita
gravação do tipo “sobra de estúdio”.
Para deleite de seus fãs, desde 1992 já foram lançados, pelo menos,
cinco discos inéditos de Raul, evidenciando assim, um repertório musical sempre
vivo do Maluco Beleza.
Confiram abaixo três canções originais de Raul Seixas, três letras
musicais levadas ao conhecimento do público somente após a sua morte.
FAÇA, FUCE, FORCE (1973)
Faça, fuce, force mas
Não fique na fossa.
Faça, fuce, force mas
Não chore na porta.
Faça, fuce, force vá
Derrube esta porta,
Trace, fuce, force vá
Que essa chave é torta.
Os meus fantasmas são incríveis,
fantásticos, extraordinários.
Se fantasiam de Al Capone nas noites
que tenho medo de gangsters.
Abusam de minha tendência mística,
sempre que possível...
Os meus fantasmas tornaram
a minha solidão um vício.
E minha solução um status quo.
Faça, Fuce, Force mas
Não fique na fossa.
Faça, Fuce, Force mas
Não chore na porta.
Faça, Fuce, Force vá
Derrube esta porta.
Trace, fuce, force vá
Que essa chave é torta.
Feliz por saber que só sei que não sei
Que quem sabe não fala, não diz.
Vida, alguma coisa acontece.
Morte, alguma coisa pode acontecer.
Que o mel é doce, é coisa de que me nego afirmar.
Mas que parece doce, isso eu afirmo plenamente.
Faça, fuce, force...
Faça, fuce, force...
SOU O QUE SOU (1978)
Sou o que sou
Sem mentiras pra mim,
Se você quer chegar me aceite assim,
Pois o fato é que eu sou
E não vou me negar.
Meu sangue é seu vinho
Sua carne meu corpo
Não vou me esgotar.
Mas quero de volta
Meu troco
É você ter que me aturar.
Ei, eu estou aqui bem diante de você
Em qualquer homem você há de me ver.
Ei, eu estou aqui bem diante de você
Em qualquer homem você pode me ver
Sou feito da terra
De ouro, de prata
Da lama do chão.
Mais forte que ontem,
Orgasmo do sonho
Da continuação.
Ei, eu estou aqui diante de você
Em qualquer homem você há de me ver.
Ei, eu estou aqui bem diante de você
Em qualquer homem você há de me ver.
O SENHOR DA GUERRA (1988)
Muito prazer, eu sou o senhor da guerra
Eu vou lhes dizer o que a guerra encerra.
Abra os olhos, vê se presta atenção,
Atenção!
Atenção!
A guerra traz um pouco de ação
Evita a super-população,
É dinheiro pra quem sabe ganhar
E isso faz o mundo girar.
Aquele que luta pela paz
Aposto que ainda não sabe a besteira que faz.
Pois guerra é guerra
Que sacode a nossa terra,
Quem se vira aqui se ferra.
O negócio é se dar bem
Se a barra pesa
O escarola entra na reza,
Bom gorila que se presa
Não dá bola pra ninguém.
Muito prazer eu sou o senhor da guerra
E vou lhes dizer o que a guerra encerra.
Abra os olhos, vê se presta atenção
Atenção!
Atenção!
O negócio é ter o mundo na mão
É lança, arco e flecha ou canhão.
Agora nosso pique é total
Terceira estrela no sideral,
E o velho Halley que se cuide
Ou pegue o rabo e se mude.
Pois guerra é guerra
Que sacode a nossa terra,
Quem se vira aqui se ferra.
O negócio é se dar bem
Se a barra pesa
O escarola entra na reza,
Bom gorila que se presa
Não dá bola pra ninguém...
Uma mente brilhante!
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