CAPÍTULO 4
IDEIAS, INICIATIVAS E INVENÇÕES (6)
ACRÓSTICOS COMPROMETEDORES
No princípio era só uma “brincadeira literária”, um passatempo como outro qualquer. Pouco a pouco, foi transformando-se em um desafio cada vez mais complexo, na medida em que esses poemas se tornavam maduros, quase sempre românticos e, consequentemente, comprometedores.
Com a única finalidade de impressionar, nada mais que isso, os meus acrósticos costumavam rondar com frequência pelos cadernos de algumas garotas em Queimadas. Escrevia-os normalmente na segunda pessoa, em rimas e narrativas simples, o que me dava uma margem de aproximação e intimidade ainda maior. Além do mais, eu me valia da liberdade de expressão concedida a todos os poetas e, portanto, ficava isento mediante qualquer compromisso ou responsabilidade sobre o conteúdo dos mesmos.
Uma linda declaração de amor publicada num jornal quinzenal de Copacabana |
Entre 1995 e 2009, num período de exatos 14 anos, eu escrevi nada menos que 190 acrósticos (a maioria no Rio de Janeiro), os quais vieram agora, finalmente, transformar-se em livro. Na verdade, ainda um pequeno projeto de livro, amador por excelência, e que eu venho desenvolvendo. (as ideias estão em aberto) com a ajuda indispensável da amiga Milene e do amigo e professor. José Marciano. Duas pessoas que estão sempre presentes comigo, apoiando-me nas minhas “criações literárias”.
Como eu mesmo costumo repetir, sou escritor de um livro só, e de um único exemplar.
CORDÉIS DIFAMANDO QUEIMADAS
Queimadas até então (1997/1998) nunca tinha ouvido falar de um cordelista que, ao invés de discorrer das “maravilhas” (inexistentes) do lugar, procurava botar a boca no trombone, mostrando à população de uma forma crítica, porém muito debochada, as mazelas e deficiências de nossa localidade. Mas tudo isso, obviamente, baseando-se em eventos inegáveis e bastante conclusivos. Contra fatos não há argumentos.
Com a ousadia de tentar buscar soluções para a nossa cidade, eu viajava até as fronteiras do absurdo, indicando saídas oportunistas que, na realidade, só me beneficiariam posteriormente. De fato, eu já não tinha mais nada a perder mesmo.
Nesses três folhetos que escrevi (um insulto, uma agressão total à Gramática), distribuídos gratuitamente por toda a cidade, num total de 1.700 exemplares, e custando-me algumas centenas de reais, pode-se encontrar até hoje, mesmo depois de 10 anos passados, certa coerência nos fatos expostos (observando-se apenas a sua macro-estrutura), como se o tempo não tivesse seguido adiante. Quando eu dizia, por exemplo:
“Como é que eu posso gostar
De alguma forma desta cidade,
Se não há uma praça, um lugar
Que possa servir à comunidade?!”
isso era um fato que ninguém podia negar, e nem pode até hoje. Entretanto, a esperança é a última que morre.
Capa do meu 3º cordel |
Estes “esculachos literários”, os quais eu sempre denominei como sendo o meu “legado” para o povo de Queimadas, brincavam com coisas realmente sérias, até compreendo. Mas também serviam para lembrar que a população queimadense não é cega, e sabe enxergar muito bem quando quer.
DA DISTRIBUIÇÃO DE ADESIVOS
“A propaganda é a alma do negócio”.
Este provérbio reflete-se agora e sempre nesta minha humilde proposta de querer divulgar e “evangelizar” o nome de Raul Seixas pelos quatro cantos do mundo. Ou, pelo menos, do município queimadense, como o fazia antigamente de forma um tanto exacerbada.
Com o apoio somente artístico de uma serigrafia (a conta era paga por mim), eram bolados alguns modelos de adesivos, os quais eu procurava espalhar pelos cadernos, livros e pastas escolares de dezenas, centenas de estudantes Queimadas afora.
Para tanto, eu não pensava duas vezes em vender qualquer coisa minha e levantar o capital necessário. Até porque nessa época, 1996/1998 dinheiro na minha mão era considerado um artigo de alta rotatividade. E a confecção desses adesivos, por exemplo, consumia-me uma grana alta.
O último deles, de um total de três tipos diferentes (três é o meu número guia, a referência principal do meu TOC), continha os seguintes dizeres:
Fotografia ampliada do letreiro que pintei na Pedra do Touro em 1994 (no lajedo que leva à Pedra do Touro) |
Continua...
a pedra continua lá, no mesmo lugar.
ResponderExcluirjá o nome do cantor O tempo apagou.