Neste ano em que se
comemoram os 100 anos do nascimento de Luís Gonzaga, faz-se por bem, lembrar o
centenário do livro "EU" de Augusto dos Anjos, uma obra ímpar de um ilustre paraibano.
Poeta brasileiro da fase pré-modernista, Augusto dos anjos nasceu em 1884 no município de Sapé, que fica a 55 km da capital João Pessoa. Sua única obra, “Eu e
Outras Poesias”, foi publicada dois anos antes de sua morte.
Suas poesias trazem
marcantes sentimentos de pessimismo e desânimo, além de inclinação para a
morte. Com relação à estrutura, pode-se dizer que elas apresentam rigor
na forma e rico conteúdo metafórico.
Morreu ainda jovem (em
1914) devido a uma enfermidade pulmonar, deixando para trás suas carreiras de
promotor público (formou-se em Direito em 1906) e de professor.
Psicologia de um Vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente
hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já
o verme – este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda
a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Véi,esse bagulho é muito doido...
ResponderExcluir