segunda-feira, 27 de outubro de 2014

MINHAS MEMÓRIAS - PARTE 3 - CAP. 9 - FINAL

Brincando com crianças
  Dinâmicas / Interação 
  (Memórias Atuais)  
Parte final

MAIS ALGUMAS BRINCADEIRAS QUE SEGUEM UM MESMO PADRÃO INFANTIL, ATÉ AGORA APRESENTADO (QUASE NA SUA TOTALIDADE). EXEMPLOS:

PESCA-PESCA
Com uma vara de pescar improvisada, eu coloco algumas crianças para “pescarem” bombons e balas. Para tanto, utilizo uma caixa com areia, onde procuro enterrar as prendas, deixando-as apenas com uma pontinha de fora para ser alçada. O “pescador”, por sua vez, pode vir a ser enganado, fisgando, por exemplo, uma pedra disfarçada de chocolate numa embalagem.

LAÇA-LAÇA
Fazendo uso de algumas argolas confeccionadas com arame, as quais eu mesmo improviso no momento da brincadeira, a meninada procura laçar pequenos brinquedos, todo tipo de bombom e até moedas. Essa ideia, na verdade, eu trago lá dos meus tempos de criança, de quando eu já brincava dessa maneira com notinhas de cigarro. Tudo no melhor estilo “festinha de quermesse”, onde a alegria, a descontração e o barulho é quem fala mais alto.
 
BINGUINHO
      Com cartelas inventadas e pedras numeradas em tampas de garrafa, a criançada diverte-se em vários destes sorteios amadores e improvisados. Estes binguinhos, em especial, fazem parte das inúmeras brincadeiras que eu bolava lá no Rio, sempre pensando na diversão da garotada. Já cheguei, inclusive, em certa ocasião na comunidade do Caju, a desfazer-me de mais uma bicicleta, a segunda empenhada como brinde.                                                                                                 
 FITA MÉTRICA
O objetivo desta brincadeira é unicamente adivinhar medidas, as dimensões reais de um elemento fixo. Para tanto, avalio antecipadamente o comprimento de diversos objetos, muros, calçadas, placas... anotando-os em um caderno. O próximo passo é colocar meninos e meninas, entre 10 e 12 anos, para raciocinarem, utilizando, dessa forma, suas capacidades de dedução, de comparação (percepção espacial, memória visual...) e de lógica.

CABO DE GUERRA
Uma antiga prova de medir forças e que pode perfeitamente vir a ser aproveitada em brincadeiras, desde que seja de forma bem leve.
              ...

Essas e outras diversões que eu até bem pouco tempo proporcionava e naturalmente, “patrocinava”, além de muita dor de cabeça, também me custavam muitos reais. Para se ter uma ideia do problema gerado, eu me desfazia de alguns pertences, como bicicletas, aparelho de som, celular, CD’s, revistas e afins, vendendo-os barato só para poder investir nestas pequenas “folias”. Um verdadeiro poço sem fundo. Esse era o preço que eu, literalmente, pagava para poder realizar tantas brincadeiras. Contudo, nunca me arrependi de nada, pior seria haver perdido em vícios.
Já cheguei a ser comparado e, de certa forma, até confundido com um pedófilo, quando a minha única intenção sempre foi tão somente me divertir e, principalmente, fazer a alegria dos pequenos. Não obstante, eu sempre procurei realizar as minhas brincadeiras ao ar livre, mesmo sob os olhares atentos de alguns pais desconfiados.
É incrível até onde pode chegar a maldade humana. Algum infeliz, por certo, chegara um dia à brilhante conclusão de que, por eu não estar trabalhando num horário em que todos deveriam, e sim, brincando, eu só podia tá com segundas intenções pra cima da criançada. Logo eu, que sou um defensor convicto das leis do ESTATUTO DO MENOR, dos DIREITOS UNIVERSAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, mas, acima de tudo, um cara que sabe respeitar como ninguém a pureza e a ingenuidade da infância. Também já fui criança um dia e gostei tanto, mas tanto dessa experiência, que nunca mais deixei de ser uma. É a Síndrome de Peter Pan que nunca irá me abandonar. O problema é fazer outros entenderem isso...
Na medida do possível (e da necessidade), estou deixando de lado todas essas “bobagens”, essas “brincadeiras tolas, sem futuro”, como diriam alguns, e me voltando agora para outros projetos futuros e viáveis, como por exemplo, cursar a minha Faculdade de Comunicação Social, ainda no início. Infelizmente, tenho que encarar e, do mesmo modo, me adaptar a uma realidade com a qual, na maioria das vezes, não concordo.
                                                                                     Textos de 2009

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