Resenha crítica da trilogia, A Centopeia Humana
A recente trilogia cinematográfica de Horror,
A Centopeia Humana (The Human Centípede), lançada cronologicamente entre os
anos de 2009, 2011 e 2015, tem como base inicial a loucura e o sadismo do Dr.
Heiter (Dieter Lase), um médico alemão aposentado que desenvolve uma técnica
inusitada de ligar seres humanos pelos aparelhos digestivos, transformando-os
numa espécie de centopeia humana. Na primeira sequência de 2009 são apenas três
pessoas ligadas, porém a ideia prossegue com mais cobaias nos filmes seguintes,
onde as vítimas são escolhidas aleatoriamente para participarem dessa
experiência macabra.
Dirigida pelo alemão Tom Six, um cineasta
inovador que resolveu experimentar cenas extremas e bastante polêmicas em seus
filmes, essa trilogia vem sendo duramente repreendida por alguns críticos
conservadores, classificando-a como propagadora de filmes repugnantes,
perturbadores, um verdadeiro lixo cinematográfico. Não à toa, foi proibida ou
censurada em vários países pelo conteúdo aterrorizante de algumas cenas. Entre
as quais, sequências obscenas desnecessárias, excesso de sangue, mutilações e
violência gratuita, sem falar nas cenas de escatologia e coprofagia que a
princípio, se mostram um tanto implícitas.
A primeira sequência de A Centopeia Humana
bem que prometia chocar o público com seu argumento forte, embora o filme tenha
deixado logo de cara muita gente enojada, horrorizada com o que viu. Uma ideia
interessante, apesar de não ter sido melhor aproveitada. Não há como negar que
no início dessa franquia, ela apresentava uma proposta mais psicológica e menos
caricata do que nas continuações seguintes. Nas sequências posteriores, o
contra-senso atinge um grau de paródia, de pura ironia, fazendo o público até rir
de certas situações. Com atores mal preparados, interpretando papeis ridículos
e roteiros completamente absurdos, os três longas são recheados de clichês.
Produções medíocres, com alguma criatividade, certamente, mas que não fogem das
estatísticas de filmes considerados ruins.
No segundo filme, a aplicação do
procedimento cirúrgico nos indivíduos que compõem a aberração artrópode não
acontece, o que o torna ainda mais angustiante pra quem assiste. O vilão Martin
(Laurence R. Harvey), um visível perturbado mental, alucinado com centopeias e
obcecado com a história do primeiro filme, resolve fazer uma “obra caseira” do
jeito que pode. Com isso, as dez pessoas envolvidas nessa nova experiência, têm
as suas bocas pregadas ao ânus de outros somente com a ajuda de um grampeador e
fita adesiva. O sádico orquestra por horas esse espetáculo macabro e sem a
menor piedade, cortando a bunda e arrancando os dentes de suas vítimas sem
nenhuma técnica ou anestesia necessária, além de praticar outras formas de
torturas e sadismos que chegam a angustiar o telespectador.
A narrativa utilizada pelo diretor,
produtor e roteirista Tom Six é no mínimo, tensa. Até uma personagem grávida
(fictícia, porém bastante real) participa de uma cena onde ela, sozinha, dar à
luz o bebê, mas acaba o esmagando com o pé durante uma fuga.
Por fim, a proposta do terceiro filme, que
consiste em criar uma centopeia gigante com 500 pessoas, onde dessa vez
presidiários são usados como cobaias. Segundo o enlouquecido diretor da penitenciária,
Bill Boss (Dieter Lase, o médico do primeiro filme), essa é uma ideia
revolucionária que poderá mudar o sistema prisional americano para o bem,
economizando bilhões de dólares para os cofres do Estado. O mais fraco da
trilogia, com um protagonista maluco que grita o tempo todo, esse filme superou
qualquer expectativa no que diz respeito à frase “Nada é tão ruim que não possa
ficar pior”.
A Centopeia Humana retrata de forma vil
aquilo que há de mais degradante para o ser humano. As humilhações impostas,
mesmo se tratando de algo irreal, ainda são ofensivas e ferem a dignidade de
quem assiste a tais cenas. Depois de ver esse tipo de filme, dá pra encarar um
filme pornô com a maior naturalidade e respeito pelos atores que o encenam. Em
se tratando do gênero Horror, acreditamos que sétima arte tenha mais a nos
oferecer.
É bastante aliviador saber que tudo acabou
com esse terceiro filme. Afinal, a trilogia como um todo não se trata apenas de
filmes dispensáveis. É também apelativa, nojenta, mentirosa, incoerente, sem
qualquer roteiro ou história relevante. Desprovida de conteúdo e de cenas que a
caracterizem como filmes de horror, chega a beirar o ridículo. Uma brincadeira
de mau gosto onde o ponto alto talvez, seja apenas várias pessoas defecando na boca
do próximo, algo que os fãs do primeiro filme são obrigados a engolir durante
as sequências seguintes.
Paulo Seixas, julho/2017
Paulo Seixas, julho/2017
Referência:
Trilogia/Filmes, A Centopeia Humana
(The Human Centípede), 2009, 2010 e 2015
Dirigido por: Tom Six,
Esses filmes são nojentos, uma merda
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