segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

MINHAS MEMÓRIAS - CAP. 1


PARTE
I

DESCRIÇÕES PESSOAIS DE ALGUNS DOS MEUS MELHORES E MAIS ANTIGOS AMIGOS, RECORDANDO OS TEMPOS ÁUREOS,
E AS BRINCADEIRAS E VACILOS
DA MINHA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA



CAPÍTULO 1

RECORDAÇÕES, DESCRIÇÕES & PERFIS

Quem um dia teve uma infância, uma época maravilho- sa como foi a minha (e a qual eu consegui, de certa forma, prolongar até os dias de hoje), certamente tem muito a lembrar.
Fico até repetitivo e enfadonho em dizer o quanto foi bom os meus. primeiros anos de vida (e também os que vieram em seguida), mas o fato é que eu não podia deixar tudo isso para trás, oculto, sem poder revelar, enfim, algumas curiosidades e situações.engraçadas, envolvendo muita gente bacana num círculo infinito de lembranças.

Eu ainda bebê, no colo da minha mãe (a única foto apresentável). No fundo,
 minha irmã Luciana.

Meu pai em destaque, no Jornal O Globo, quando ganhou apartamento no Rio.
 
Aos três anos de idade eu vim morar na Paraíba. A minha família mudou-se do Rio, na verdade, regressou para o lugar de origem. O meu pai, que nessa época fora contemplado com um pequeno apartamento em Copacabana, através de um sorteio federal, depois de algum tempo trabalhando por lá, resolveu vender tudo, inclusive um táxi, e voltar para sua terra natal. Uma vez aqui, procurou estabelecer-se de imediato em Queimadas, cidade onde nascera, e investir toda a grana que trouxera (dava para comprar, pelo menos, metade da Rua João Barbosa) em terras e em alguns imóveis.

Meu pai em destaque, no Jornal O Globo, quando ganhou apartamento no Rio.

A partir de então fui crescendo e despontando nesse nosso cenário tranquilo, calmo até demais para meu gosto. E Queimadas, a minha “cidade maravilhosa”, por sua vez, era o grande palco (ou seria o picadeiro?), a testemunha ocular, juntamente com alguns cidadãos caretas, das minhas inúmeras peripécias, evoluídas à medida que eu crescia.
A seguir, procurarei descrever, de forma carinhosa e singela, alguns dos melhores e mais antigos amigos da minha fase pueril (impossível lembrar de todos), com os quais convivi e que participaram diretamente da minha vida, das incontáveis aventuras por toda esta obra relatadas.
A princípio pode até parecer algo, digamos, um tanto machista, mas, no decorrer dos acontecimentos e dos fatos aqui expostos, entender-se-á essa minha visão masculina. A questão do convívio, da cultura local, enfim, o porquê de menina não poder fazer parte (que pena!), em especial, das mil e uma brincadeiras desenvolvidas ou simplesmente adaptadas por mim. Tudo de acordo com a fase e a época, tornando assim minha infância e adolescência algo realmente inesquecível.
Em tempo, quero lembrar que não sou nenhum Raul Pompéia e, portanto, não tenho 1% da capacidade que ele possuía em narrar/descrever as coisas à sua volta com tanta perfeição, a exemplo de sua obra, O Ateneu.

Amigos para sempre

ESTEFÂNEO
É, sem dúvida, o mais antigo entre os meus verdadeiros amigos, apesar de hoje em dia, por motivos de força maior, não termos um contato tão frequente como era antigamente. Mas é aí, eu diria talvez, onde se esconde o segredo de uma amizade duradoura.
Conheço “Fãe” há, pelo menos, uns 30 anos, desde quando estudávamos no jardim de infância, na primeira escolinha do saudoso professor José Miranda.
Conhecedor e amante do cinema, principalmente de aventura, desde pequeno Fãe já demonstrava interesse nessa área (lembranças do cineminha de Seu Fernando – in memoriam) e é o cara com quem troco ideias e opiniões, até hoje, sobre filmes. Ele que um dia fora o meu principal expectador das estorinhas mirabolantes inventadas por mim, onde também o “Zezé”, o “Toni”, o Laelson (in memoriam) que, infelizmente, nos deixou tão cedo, todos, por fim, tinham cadeira cativa para ouvir as minhas estórias do “Neguim pelado”.
O início dos anos 80 foi, sem sombra de dúvidas, a época de ouro das nossas infâncias.

JOÃO DA CRUZ
Também um dos mais antigos amigos de que me recordo, e ainda por cima parente, ele era o pesadelo de qualquer professor. Nunca quis nada com escola, mas sempre foi um menino muito ativo, esperto e conhecedor de tudo um pouco. O cara, ainda bem pequeno, já desmontava uma bicicleta todinha, peça por peça, e depois a montava praticamente de olhos fechados, fazendo o mesmo, mais tarde, com motos. Sinceramente, eu invejava alguns conhecimentos dele. Era amigo para qualquer brincadeira, algumas nem sempre tão recomendáveis.
O tempo passou e “Da Cruz” acabou metendo os pés pelas mãos, envolvendo-se em coisas de “gente grande”. E, afinal, apesar de tudo, continua o mesmo João de sempre. Uma característica marcante dele é a de nunca perder o sorriso, em qualquer circunstância da vida.

FLAUDEMIR
Conheci esse amigão de verdade em 1983, quando também estudávamos no colégio do professor José Miranda, a 3ª série primária, após eu haver perdido um ano e ter ficado para trás. Nessa época, eu tinha apenas 10 anos de idade.
A princípio, não nos dávamos muito bem, e eu nem me lembro exatamente por que. Na classe havia muitas desavenças e recordo até que Flaudemir chegou ao ponto de “contratar um capanga” na sala de aula, para ninguém bater nele. Acredito que ele devia sentir-se um tanto sozinho, discriminado, talvez até por ser considerado filho de uma professora, a saudosa D. Mariquinha, provocando assim a fúria de alguns brigões.
Quando, enfim, nos entendemos, a nossa amizade deslanchou. E até hoje, apesar do pouco contato (Flaudemir é microempresário, portanto, vive sempre muito ocupado), é sempre um prazer quando nos encontramos, podermos recordar aqueles bons tempos, das parcerias com João da Cruz, dos castigos na escola e de todas as molecagens que fazíamos juntos.

IRONILDO
Tão aventureiro quanto eu, esse cara topava qualquer parada comigo em nome da superação. Mais que um amigo, considero “Nildim” como um irmão. Acompanhava-me nas mais incríveis aventuras, fossem elas a pé, de bicicleta ou de qualquer outra forma; para ele não havia tempo ruim. Esse camarada tinha mesmo uma disposição física sobrenatural.
Aprontamos muita coisa juntos no decorrer dos anos 90. Lembro-me, por exemplo, que durante uma Festa de Reis em Queimadas, a qual não precisa de maiores apresentações, eu e Nildo transformamos um brinquedo de parque (uma canoa viking) em algo particular; ambos desprendendo-se das grades de proteção. Isso era uma coisa considerada normal em nossos currículos.
Por decorrência da vida, acabamos afastando-nos. Ele foi para São Paulo, casou-se (como a maioria dos amigos aqui citados), mas, de vez em quando, ainda nos falamos por telefone. E sempre que nos encontramos é aquela festa, como da última vez em que o visitei, saindo do Rio.
Entre uma conversa e outra, até hoje ainda planejamos (sonhamos) o dia em que sairemos de São Paulo até a Paraíba, pedalando duas super-bicicletas importadas.

SEBASTIÃO
O eterno fã de John Lennon e do Pica-Pau, esse baixinho cheio de onda fez a sua história aqui em Queimadas. Era amigo de todo mundo e não havia ninguém que não gostasse dele. Por viver de dentro do comércio de Seu João Virgínio (in memoriam) durante algum tempo “quebrando galhos”, era considerado praticamente o filho mais velho de “Bibita”, outra figura já integrante do “folclore” queimadense.
Adorava futebol e jogava no time juvenil do Santo Antônio, o qual eu acompanhava em muitos lugares, em alguns “amistosos”, nos arredores de Queimadas. Mas somente para ver alguns amigos jogarem, entre eles o Sebastião, ou melhor, “Dão Lennon”, como ele mesmo gostava de ser chamado.
Um grande amigo, também parceirão do Ironildo, e que se encontra hoje no Rio de Janeiro. Seu sonho de consumo: comprar um fusca...

PATRÍCIO
Era o cara mais maluco, mais extrovertido e mais genioso que havia em Queimadas, um verdadeiro palhaço, no seu melhor sentido, fazendo todo mundo rir diante de suas “presepadas”. Já faz muito tempo que ele foi para São Paulo, nunca mais retornando. Inclusive, eu andei visitando-lhe em 2005, quando estive na casa de Ironildo.
Meu grande amigo “Titi” era extraordinário. Possuía um domínio absoluto do corpo, dando saltos mortais perigosíssimos e, entre outras loucuras, ainda plantava bananeira, caminhando trechos enormes, literalmente com as mãos. Praticava também karatê e capoeira.
E como era debochado! Chegava numa certa barraca de pastel, ao lado da igreja, fazia um pedido e enchia-o com bastante ketchup e maionese. Pouco depois, jogava o pastel no chão, pisava-o (sequer tirava o excesso de terra), e logo em seguida comia-o, isso diante de muita gente. Foi com ele que aprendi a fazer coisas desse tipo. Na verdade, eu o copiei.
O cara era mesmo um barato, e ainda inventava paródias engraçadíssimas envolvendo toda a família do meu amigo “Bobói”. Diziam mais ou menos assim:
Seu Pelado eu vim lhe avisar
Que lá em casa tá uma grande confusão,
Chegou Delei, Dalice, Pituca e Baruão,
‘Quebrou’ o armário, a janela e o fogão”.
Ou ainda:
Não sei por que, não sei por que,
Se Pelado mata o porco, Delei e Bobói só ‘quer’ vender.
Eu queria que Delei pegasse, chamasse Bobói, Pituca e Novim,
Eu queria falar com Pelado pra matar o porco
Tem que ser assim.
Mas, Pelado, não se apavore,
Chame Dalice, Pituca e Novim,
Eu vou falar com o Dedé,
Aquele que anda com o pezinho assim (...)”.

JAILSOM
Filho do saudoso mecânico João Estrela (Buiú bebeu?) e da D. Guida, “Batata” é meu amigo desde pequeno e desde sempre, apesar de não nos vermos há, pelo menos, uns 12 anos.
Já brincamos muito quando moleques, sendo eu um pouco mais velho do que ele. Competidor nato, Jailsom participava sempre de tudo que eu inventava, principalmente se envolvesse bola. Flamenguista de paixão, seu ídolo, acredito, será sempre o “Galinho de Quintino”, Zico.
Nunca mais eu soube nada dele. Na verdade, nem sei onde ele encontra-se nesse exato momento. Mas conhecendo Jailsom como imagino, espero um dia poder encontrá-lo novamente com aquele mesmo sorriso de antes (talvez até melhor, se ele tiver colocado os dentes), com aquela sinceridade e honestidade estampadas em seu rosto, qualidades estas que eram, no meu ponto de vista, as suas principais características.

IVANILDO
O nosso músico, saxofonista, um orgulho para nossa cidade. “Mininim”, como é mais conhecido (curioso é que esse apelido pode ser lido de trás para frente), é meu amigo de mais de duas décadas. E certo dia ele já me disse que há dois indivíduos em toda Queimadas que jamais irão envelhecer: Mininim (ele) e “Novim”, irmão de “Bobói” e de “Delei”.
Uma das brincadeiras preferidas dele na infância era puxar um carrinho de lata, tipo caminhãozinho. Isso sempre em comboio, carregado ora com serragem de madeira (pó de serra), ora com “juá”.
Durante a sua adolescência, além de aperfeiçoar-se cada vez mais no seu sax, uma influência musical herdada de seu pai, era ainda um dos melhores dribladores de seu tempo que eu já vi em campo, assumindo a posição de atacante frente ao 2º Quadro do Santo Antônio FC.
Atualmente eu vejo Mininim com pouca frequência. Inclusive, soube até que ele tem novo apelido. Carinhosamente, agora é chamado de “Pôico”, pelos mais íntimos. Por que será?

HÉLIO
Entre as lembranças mais antigas que eu tenho de “Hélio Fofão”, está exatamente a figura daquele velho ônibus de lata com as cores e o logotipo da empresa Condor, que, segundo consta, foi o seu pai, meu amigo Zé Luís, quem construiu. Eu via aquele brinquedo com uma inveja que somente agora posso revelar.
Independentemente disto, éramos amigos e brincávamos muito. É primo de Mininim e, juntos, defendiam o time juvenil do Santo Antônio.
Lembro-me de certa invencibilidade que o time sustentou, durando mais de vinte partidas, e a comemoração era sempre à base de muita cachaça. Detalhe: a média de idade dos jogadores era de, pelo menos, 16 anos, e os maiores “pinguços” eram Dão Lennon, Mininim, Itamar, Hélio e Jailsom. Hélio é mais um amigo paraibano que se encontra no Rio de Janeiro. E assim como o Dão Lennon, eu também já o visitei por lá.

PEDRO
Filho de Seu “Bidé”, Pedro é um daqueles amigos que ninguém jamais esquece. Às vezes, atravessávamos a noite, juntamente com outros amigos, contando piadas ou fazendo planos, como, por exemplo, de passar uma noite no cemitério, o que acabamos por fazer, eu e Pedro, ao lado de mais dois malucos.
Foi de Pedro a ideia de comprarmos uma panela de barro e levá-la, com alguma coisa cozinhada, para frente do Clube Municipal. Mas essa é uma outra história que eu contarei depois, detalhadamente, assim como também a do cemitério.
“Pedro Bum”, era assim que Pepinha (Klepson, in memoriam) o chamava, fazendo uma analogia explícita a um sapo, pois desde criança Pedro era um sujeito gordinho, calado, tímido, mas que ninguém se enganasse com ele. Até hoje eu não sei dizer ao certo quem de nós dois era o mais ateu, porque quando nos juntávamos, já a partir da adolescência, e começávamos a falar mal das igrejas, das religiões, dos “crentes”, era a blasfêmia então que fazia a diferença.
Lembro-me, sem qualquer arrependimento, da noite em que quebramos uma imagem de Nossa Senhora na frente da igreja matriz, por puro desacato. Nós não valíamos nada mesmo! Pedro que o diga, que chegou a matar um gato, friamente, para ver se ele tinha mesmo sete vidas.
Hoje ele é um homem digno (Socorro o colocou na linha), um típico pai de família queimadense e dono de uma barriga que é o seu maior patrimônio. Adora jogar sinuca e fazer uma “fezinha” no jogo do bicho.
Lembrar de Pedro é simplesmente ouvir aquela balada de Raul Seixas: “Meu amigo Pedro”, de 1976.

FÁBIO
Ou melhor, “Galego”, o Galego de seu Juarez, por outro nome ninguém o conhece. Desde cedo já dominava conhecimentos de marcenaria e era, portanto, o meu “quebra-galho” particular. Nas horas em que eu precisava de uma força, fosse para envernizar um artesanato ou mesmo pintar um quadro velho de bicicleta, ele estava sempre pronto a colaborar comigo.
Fábio sempre gostou de inventar, e nisso a gente tinha muito em comum, além de outras tantas coisas.
Infelizmente, houve uma época negra em sua vida, um deslize envolvendo a minha família e do qual não vale a pena comentar, até mesmo para preservar-nos, e que acabou afastando-nos por algum tempo. Mas como tudo que é sólido, nossa amizade apenas se abalou, não vindo a ruir.
Galego é a simpatia em pessoa, um cara agradável, brincalhão, e que jamais se recusa em ajudar um amigo. Sinto uma enorme alegria sempre ao encontrá-lo, em qualquer lugar que seja.

ADRIANO
Lembro-me de Adriano desde os tempos em que andávamos pelas serras, nas terras do seu avô, em busca de plantas ornamentais ou de lenha para fazer fogueira no São João. Mas principalmente da época em que o meu pai tinha comércio, pois ele ajudava-me no descarregamento e até na arrumação das mercadorias.
Entretanto, desde cedo ele já percebera que a vida de “cabeceiro” ou “chapiado” não lhe traria muito futuro, a exemplo de seu próprio pai, meu velho amigo Pereira, que comprometeu sua saúde submetendo-se às extravagâncias e aos pesos exagerados.
Um cara batalhador, extremamente esforçado, Adriano é um sujeito que realmente nasceu para vencer na vida. Um predestinado a lutar pelo conforto que não tivera na infância. É casado com minha amiga Josineide e, ao que me parece, é um excelente pai de família.
Mesmo após as reviravoltas um tanto negativas que a vida proporcionou-me, ele nunca deixou de ser prestativo ou atencioso comigo. Orgulho-me, portanto, de ser seu amigo.

SANDRO
Foi certamente um dos amigos com quem mais brinquei durante a minha infância e adolescência.
Sempre à tardinha, enquanto ele tomava conta da “bodega” do falecido Seu Deca (entre 85 e 88), mais tarde passando para uma banca na calçada, eu aparecia por lá pra gente brincar, entre outras coisas, de derrubar soldadinhos com pistolinhas feitas de caneta esferográfica. Que tempo bom! Mas o forte das nossas brincadeiras era mesmo a troca e os acordos envolvendo gibis. E como líamos gibis!
Lembro-me que Sandro possuía uma coleção de Tex em sociedade com Marivaldo (in memoriam), seu amigo e parceiro, e adorava espalhar os exemplares pelo chão para mostrar-me. Eu já preferia os mais infantis, como Walt Disney, Turma da Mônica, Bolinha, entre outros, até mesmo para influenciar meu irmão Reinaldo a gostar de ler. Meu pai sempre foi contra gibis. Enfim, tenho boas lembranças dessa nossa época.
Atualmente, tenho pouco contato com Sandro, ou quase nenhum. É um cara superinteligente e que eu admiro muito.

MÁRIO HENRIQUE
É sempre um grande prazer poder falar desse cara. Um amigo que, assim como eu, sempre faz questão de querer recordar o passado e toda uma infinidade de lembranças, desde as mais remotas. Fatos até então já esquecidos dos nossos tempos de garoto.
Lembrá-lo agora significa acrescentar ainda mais conteúdo às histórias aqui relatadas. Pois, entre todos aqui presentes, acredito que pouquíssimos amigos o superem em participações nas minhas “atividades”.
Foi ele quem, por exemplo, preparou a bicicleta com a qual eu fui, na companhia de Ironildo, para João Pessoa, recusando-se apenas a participar da aventura. Também me ajudava, vez em quando, a desmascarar alguns amigos suspeitos, “atuando” através do nosso “teste da verdade”.
Normalmente, quando confidenciamos algo sobre alguém que não gostamos, costumamos falar o que sentimos. Portanto, à noite, depois que o meu pai fechava o comércio, eu ficava por trás do portão, enquanto Mário, pelo lado de fora e já de acordo comigo, cercava um indivíduo fazendo-lhe perguntas do tipo: Você acha aquele cara um doido? Ouvíamos cada uma...
Mário sempre foi um inventor nato. Lembro-me que ele montava um aparelhinho eletrônico, o qual interferia diretamente nas transmissões de rádio, deixando o pobre de Seu Osemar confuso. Era mesmo fora de série, um cara sempre à frente de tudo, assim como os seus irmãos, meus amigos Marcinho e Marquinho. Mário ensinou-me a gostar do grupo OS Titãs e eu apresentei-lhe à arte de Raul Seixas, embora ele procure contestar isso.
Em comum com Júnior Pit Bull, o qual eu chamava de Ruivão, Mário sempre gostou de Rock, de briga de galo e até de luta corporal. Estavam sempre se metendo em confusões, como da vez em que os dois foram desafiados, ao mesmo tempo, para um “duelo”, por certo rapazinho que acabou dando-se muito mal. Essa luta, com direito à torcida privada, aconteceu no quintal de “Dão da Padaria” que, além de padeiro, há uns 15 anos atrás, era também criador de galos de raça.
Mário colecionava histórias de brigas memoráveis, assim como era com o amigo Betão (in memoriam). Felizmente, sempre me dei muito bem com Mário Henrique (se bem que houve uma época em que ele tentou “acertar contas” comigo, de forma um tanto perigosa, por eu haver me metido em um de seus “rolos” amorosos).

MOISÉS
É o vascaíno mais fiel e consciente que eu já conheci, um rapaz inteligente e de bom caráter. Considero o caçula entre os meus amigos do peito, mas nem por isso tem menos histórias para relembrar.
Amigão de Reinaldo, meu irmão mais novo, quando fui para o Rio, há dez anos, soube que eles andaram “enchendo a cara” em seus momentos de rebeldia. Dois moleques que ainda há pouco brincavam pelas calçadas... Hoje em dia, lá no Rio, o “Galego” deve lembrar-se disso com carinho.
Moisés é o tipo do cara imune a apelidos, nada pega com ele. E, por incrível que pareça, temos mais coisas em comum do que imaginamos.
Assim como eu, ele também nunca se entregou por completo a esse sistema vigente e hipócrita, que corrompe e aliena as pessoas, tornando-as meros instrumentos de seus caprichos. Ou ainda peças de fácil manipulação, num jogo onde a regra é aceitar tudo calado, sem contestações (há de se convir que a necessidade é quem faz o sapo pular).
Em outras palavras, meu amigo Moisés não liga para p.... nenhuma. O seu pensamento sobre determinadas coisas, acredito, é o mesmo de quando ainda era criança.
Enfim, quando estou ao seu lado posso ter certeza de que tenho realmente alguém com quem conversar, de igual para igual, sem essa pessoa ficar, a todo instante, olhando para um relógio ou um celular.

E COMO NÃO PODERIA DE FORMA ALGUMA ESQUECER, QUERO LEMBRAR AQUI ALGUNS NOMES DE AMIGOS NÃO MENOS IMPORTANTES QUE FIZERAM OU FAZEM PARTE, ATÉ HOJE, DO MEU CÍRCULO ÍNTIMO DE AMIZADES.

  • Zé de “Maria Fulô", amigo desde a infância, e que partiu tão cedo. Sinto muitas saudades desse cara, de verdade, desde os tempos em que ainda jogávamos bolinha de gude (in memoriam).
  • Betão, o Super-Amigo, esse cara comprava qualquer briga para defender um companheiro seu. Foi uma lenda viva em Queimadas. Lembro-me de nós dois comendo “castanholas” em plena avenida Atlântica, no Rio de Janeiro (in memoriam).
  •   João “Braúna”, este que era, na minha opinião, o sósia perfeito de Carlinhos Brown. Parceirão do meu amigo “Índio”, João aprontava de tudo em Queimadas. Mas acima de qualquer outra coisa, ele era um cara muito divertido e um grande camarada (in memoriam).
  • Klepson, o “Pepa”, que também partiu tão cedo. Era uma das principais atrações da quadrilha junina do nosso amigo Amaral. Descanse em paz (in memoriam).
  •  Josembergue, o “Bega”, a figura mais impossível que Queimadas já conheceu e eternizou. Irmão do meu amigo “Lito”, esse cara era mesmo um pentelho. Só vivia para bagunçar as minhas brincadeiras. Dizia que ao completar 18 anos iria me matar. Só se fosse de tanto rir. Vive hoje no Rio.
  • Cícero, ou melhor, “Joinha”, irmão do amigo Ronaldo, do “Doca”,  filhos do saudoso amigo “Biu Brechó”. Era um moleque muito ativo, apesar daquele seu pezinho torto que, com o tempo, acabou endireitando-se. Mora no sítio Ligeiro, divisa com Campina Grande.
  •  Antônio Luciano, o “Nim”, que se encontra hoje no Rio de Janeiro. Era o melhor amigo de Joinha, como unha e carne. Ambos me ajudavam muito na época do comércio do meu pai.
  •  Joel, o nosso cantor da música da “Sujeira”, um estrondoso sucesso de certa campanha eleitoral para prefeito em Queimadas, e que arrebatava multidões. Um grande amigo e que depois de uma longa temporada no Rio voltou para nossa terrinha.
  •   Amaral, o nosso organizador maior de festas e eventos. Ninguém como ele, em outros tempos, teve a iniciativa de realizar, com tão pouco ou quase nenhum orçamento, desde desfiles de beleza até a sua já tradicional quadrilha junina, “Arraial das Donzelas”. Um cara humilde, criativo, e que merece, algum dia, ser o nosso vereador.
  •  Marciano, meu grande e verdadeiro amigo José Marciano, o nosso talentoso professor universitário. Um jovem promissor e o qual eu admiro muito por sua inteligência e por sua determinação. O seu irmão mais jovem, meu amigo e mais novo parceiro Marlon Luã também não fica atrás em capacidade e caráter.

E RECORDANDO AINDA OUTROS TANTOS NOMES DE AMIGOS, NUMA RELAÇÃO BASTANTE CRITERIOSA, EU NÃO PODERIA DEIXAR DE CITAR TAMBÉM:

  • Jonas, o meu grande amigo “Zu”;
  • Helinho de Dona Neném e
  •  Narcélio, seu irmão mais novo;
  • Flamarion, o amigo “Mamale”;
  •  Júlio César, o Julinho, filho do amigo Jorge;
  • Gledson, o popular “Aliada”, irmão dos amigos “Gedinha” e “Vaguim”;
  • Otacílio, para sempre “Foguinho”;
  •  Marcelo “Pinguelão”, meu primo distante que voltou para o Rio;
  •  Júnior, filho do professor Edson, que reside atualmente em Brasília;
  •  Israel, o nosso professor de Inglês e irmão do amigo Itamar;
  •  Erivan, filho do amigo Valdo;
  • Gilson, irmão de Hélio e do amigo Suelânio;
  •   José Alberto, mais conhecido por “Bolar”;
  •  João Cabeleireiro, irmão de Pedro e tio de Cícero, meu amigo “Bililiu”;
  •  Júlio de Seu Luís Pereira;
  •  Paulo, esposo de Neuma, cunhado de “Galego” e primo de Ironildo;
  • Dimas, nosso amigo locutor;
  •  Ailton, cunhado do amigo Régis Motoboy;
  • Basto, meu velho camarada, cunhado da amiga Neusa, e
  • “Zezim” Tranquilidade, o pai de Jonas.

MEUS ANTIGOS COMPANHEIROS DE ESCOLA:
  • Zezinho Pereira, nosso atual presidente do Conselho Tutelar queimadense;
  • Helicláudio, para quem eu perdi num Concurso de Redação, promovido pela Prefeitura, em 1984;
  • Kleyson, irmão do amigo Klemerson, o “Merson”, entre outros.

Minha turma de 1987, antiga 7ª série.

OS FILHOS DE SEU OSEMAR E D. DALVINHA:
  • Ângelo, meu antigo parceiro de gibis;
  •  Júnior Pitbul, que há bem pouco tempo atrás tomava muito “cascudo” meu;
  • Cristiano &
  • Cristopher.

Cristopher, Reinaldo, Cristiano e os meus dois sobrinhos, Fernandinho e Luana. Atentar ao detalhe dos tênis "pintados".

OS FILHOS DO AMIGO ERALDO:
  • Erivaldo, o “Pilungue” e
  • Eriberto, o “Chuchu”.

OS IRMÃOS:
  •  Marco e
  •  Marcone.

E AINDA
  •  Maurício e
  • Renato.

E, INDISPENSAVELMENTE, OS AMIGOS:
  • Cid Douglas, irmão da minha amiga Raquel;
  • Cleberson, o nosso professor de Espanhol, outrora lembrado por “Pirrolinha”. É também irmão do amigo “Aliada”;
  •  Júnior de Dino, irmão de Moisés;
  •  Nathan Brunner;
  • "Cizim”, irmão da amiga “Kinha”, e que vive hoje no Rio;
  • Eduardo, o “Du” de Seu Bertino e
  • Gerônimo de Biu Duarte, que me deram a ideia de escrever estas memórias;
  • “Jó", meu amigão do peito, com quem eu costumava trocar cumprimentos nada convencionais;
  • Edmundo, o “Homem da História”, profundo conhecedor da obra de Zé Ramalho;
  • Joãozinho cutia, o Sabe-Tudo;
  • Edinho, que me ensinou a gostar de Gabriel, O pensador;
  • Valmir, uma simpatia de pessoa;
  • Daniel, meu amigo “Lalo”;
  •  Adriano, o Di, irmão de Laércio: dois grandes amigos;
  • Cássio, filho do amigo João da Cruz;
  • Olímpio, o meu admirador e incentivador;
  • Luís Cláudio, esposo da minha sobrinha Evellyn Luana;
  • Clemilson, o “Quequé”, irmão do meu cunhado Ernâni (Piancó);
  •  Lucivânio, o “Van” de Seu “Mané Guiné” e
  •  Antônio, “Tôin Catolé”, um representante expressivo de Queimadas.

APROVEITO PARA FAZER AQUI UMA HOMENAGEM A ALGUNS IRMÃOS DE CONSIDERAÇÃO, AMIGOS PARAIBANOS, MAS QUE SÓ FUI CONHECÊ-LOS MELHOR NO RIO DE JANEIRO, DURANTE A ÉPOCA EM QUE PERMANECI POR LÁ. É O CASO DE:

  • Genival, esposo da minha prima “Nena”, pai do Mateus e da minha linda prima Isabela. Esse cara fez muito por mim no Rio e eu nunca o esquecerei por isso. Um cara realmente nota 10.
  •  João, meu amigo “Joquinha”, gente finíssima, um cara que sempre se revelou um companheiro de todas as horas. Adorava vê-lo tocar seu violão na portaria do prédio em que trabalhava, em Copacabana, lembrando músicas de Raul Seixas.
  •  Marcos, o “Tiririca”, aquele que não consegue ficar, até hoje, um minuto sequer do meu lado sem que eu o faça rir. Especialmente quando nos lembramos (essa é pra chorar) do dia em que eu e o nosso amigo Fábio íamos apanhando feio lá no Rio, por causa de uma certa bicicleta, a qual achávamos que se encontrava no lixo. Gremista roxo, Marcos é, sem dúvida, um ótimo amigo, além de ser um cara muito batalhador.
  • Givanildo, o “Gil”, este eu só conheci lá no Rio mesmo. Até porque ele nasceu em Alagoa Nova (ou seria Alagoa Grande?), cidade um tanto afastada de Queimadas. Um grande amigo, ou melhor, eu diria um grande irmão, desses que passam pelas nossas vidas e só nos trazem boas recordações (o mesmo vale para seus irmãos). Espero revê-lo muito em breve, e com o mesmo jeito de sempre.
  • Ronaldo, meu amiguinho da cidade de Itabaiana, e que tive o prazer de conhecê-lo no Rio. Um menino ingênuo, metido a esperto, mas dono de um coração enorme. Um daqueles “Paraíba” engraçados que, a cada vez que abria a boca, soltava sempre uma “pérola”, qualquer palavra de cunho errado ou completamente fora de uso.

AINDA NO RIO:
  • Thiago, o filho da D. Ermita, um cara realmente privilegiado por ter uma mãe tão bacana, uma pernambucana “arretada” e muito prestativa. Ela que, por diversas vezes, acolheu-me em sua casa como se eu fosse seu próprio filho.
Conheci o Thiago ainda menino, quando cheguei ao Rio e fui morar no Caju, que fica próximo ao bairro de São Cristovão.
Meu parceiro inseparável em filmes, outro irmãozinho que guardarei para sempre no meu coração. Difícil não lembrá-lo ouvindo “I want to hold your hand”, dos Beatles. E impossível esquecê-lo, até porque completamos ano na mesma data.
  • Carlos Eduardo, irmão da minha amiga Vanessa, ambos filhos do amigo Eduardo, o “Duda”, o cara mais astucioso que já conheci até hoje. Um verdadeiro artista, no sentido literal da palavra.
“Papa-goiaba” de São Gonçalo, estado do Rio, Carlos sempre gostou de brincar com este termo.
A lembrança mais divertida que tenho dele foi justamente do dia em que subimos o Corcovado a pé em direção ao Cristo Redentor, acompanhados pelo amigo Givanildo. Uma aventura que repeti outras vezes com outros amigos.
  • Gustavo, meu amiguinho da Zona Sul. Durante algum tempo (por quase dois anos) morei na mesma rua em que ele residia, na Belfort Roxo, em Copacabana. Inclusive, o edifício no qual ele morava era onde também trabalhava o meu amigo “Joquinha”.
Superinteligente e muito educado, Gustavo sempre foi um garoto bastante atencioso comigo, uma característica, aliás, de muitos cariocas. O seu jeito simples de referir-se às pessoas até me comovia.

DENTRE ALGUNS LUGARES POR ONDE PASSEI, E ENTRE AS DIVERSAS PESSOAS QUE CONHECI AO LONGO DESSE TEMPO, DESTACO AQUI OS AMIGOS DA “ÁGUA PURA”, CERTO DEPÓSITO DE ÁGUAS NO QUAL TRABALHEI COMO ENTREGADOR POR MAIS DE QUATRO ANOS, NO LEME, ZONA SUL DO RIO. EM ESPECIAL:

  • A Dona Márcia, minha “patroa”, que me fará sempre recordar uma certa carteira com dólares, a qual achei em Copacabana;
  • Laís, minha linda princesinha, e
  •  Mazinho, ambos filhos da Dona Márcia;
  • Eric Riboredo, o gerente da loja;
  • Benone e seu nome italiano, um cara maravilhoso;
  • Karlo, morador de Bonsucesso, um pai exemplar;
  • Marcelo “Manjubinha”, morador da Rocinha;
  • Wellington do Chapéu Mangueira, Leme;
  • Rafael, que veio de Minas Gerais diretamente para o balcão da “Água Pura”;
  • Fábio, que acabou virando entregador dos Correios;
  • Fábio, parceiro de Seu Antônio;
  • Júlio, o eterno fã de Michael Jackson;
  • Thiago, que se converteu evangélico;
  • Gilson, “Dentinho”, parceirão de Thiago;
  • Lúcio, que gostava de uma “51”;
  • Ricardo, o “magro abusado”;
  • Edilson, nosso amigo “Sansão”;
  • Roberto, o cearense mais trabalhador que já conheci;
  •  João, que morava no Caju, bem próximo a mim;
  • Seu Antônio, meu maior “adversário” nas entregas;
  • E o inesquecível amigo Marcelo (in memoriam), que partiu tão cedo.

Durante o tempo em que trabalhei na Água Pura, entre 2003 e 2007, eu entreguei nada menos que 40.000 (quarenta mil) águas, entre garrafões e embalagens descartáveis. Isso é o equivalente a aproximadamente 80 caminhões carregados. Esta carta de recomendação não me deixa mentir.

A minha relação com a ÁGUA PURA era algo assim, quase que familiar, com brigas a perder de vista. Essa convivência acabou gerando até um caderno de poesias, bastante debochado por sinal, onde eu procurei expor os problemas e o dia-a-dia de se trabalhar como entregador em uma loja de água mineral. O pessoal do balcão não gostou muito da ideia...

BREVES “CAUSOS” POR MIM VIVENCIADOS NA ÁGUA PURA, ENTRE OS ANOS DE 2003 e 2007

Certa vez atropelei, com um triciclo cheio de garrafões, uma bela prostituta que bebia num quiosque da Avenida Atlântica, em Copacabana. Além de embriagada, ela estava de saia e... completamente sem calcinha!
Em uma de minhas cansativas “viagens” (entregas) ao Leblon, acabei encontrando na ciclovia uma carteira contendo mais de 200 dólares, um achado que colocou em teste minha honestidade. Dona Márcia, minha “patroa”, a meu pedido encarregou-se de entregar... apenas os documentos!
Sem falar da vez em que, ao discutir com um senhor na rua, eu não imaginava que este se tratava de um delegado de polícia. E o resultado foi que ele acabou me seguindo e me “convidando” para uma conversa, durante a qual ele não tirava a mão da cinta. Escapei fedendo!
(...)
Estas reticências representam agora, de forma figurada, todos os amigos que eu não consegui incluir aqui, ou de lembrar a tempo. Pois fica muito difícil, quiçá impossível, recordar os nomes de tanta gente boa e que cruzaram o meu caminho, até os dias de hoje. Como diria Roberto Carlos naquela antiga canção: “Eu quero ter um milhão de amigos...”. Mas, essencialmente, eu queria mesmo era ter o poder de lembrar-me de cada um deles, sempre que eu desejasse e no momento mais oportuno.
Sinto, inclusive, não ter podido, até agora, relembrar nenhum nome de garota, nenhuma amiga em especial com quem vivenciei na infância e adolescência algum tipo de aventura, no sentido literal da palavra.
Uma falta irreparável, eu reconheço, um constrangimento do qual não consigo fugir. Mesmo porque, como já dissera antes, isso se refletia diretamente na nossa cultura local, onde não havia chance sequer para uma brincadeira de médico, ou talvez um “inocente” papai e mamãe, onde as crianças aprendem desde cedo a inteirar-se, na prática, com a Biologia.
Na minha infância, para ser sincero, e encarando o fato de que eu era um tremendo dum “bunda-mole”, nunca cheguei a brincar nem de salada-mista, até porque as garotas mais velhas só me olhavam com desprezo (no geral, isso não mudou muito até hoje).
Mas, como exceção da regra, havia sim uma garota que, pensando bem, topava qualquer parada comigo (dentro do limite), sem medo de ser discriminada por todos que a enxergavam de forma diferente; minha amiguinha Lenice, ou melhor, Lenith Cruiser, como ela mesma preferia. Desde caminhadas até passeios ciclísticos (entre 1994 e 1997), essa loirinha, a essa altura, uma adolescente com a cabecinha feita e bastante segura de si, acompanhava-me sem medo de ser feliz. E se tudo entre nós resumiu-se apenas nisso é porque eu respeitava os limites impostos por ela. Segundo o ditado, quando um não quer, dois não brigam...


                                           MAGNÓLLYA
                                ROSELITA
                                   MILENE
                        SOCORRINHA
                                       ZIANDA
                                           SILANY

                         MARIA (PRETA)
                                    ROBERIA
                                      EDILMA
                                RAMINHA (IN MEMORIAM)
                                          JOELMA
                                         ERMITA (RIO)
                                     VANESSA (RIO)
                          SABRINA (PRIMA/RIO)

                                          FABIANA
                                      ITAMARA
                                      LENICE
                         GRAÇA
                                         MARINALVA
                                     CASSIANA 

                   DE ONTEM, DE HOJE E DE SEMPRE

Em tempo, faço aqui uma breve e carinhosa recordação, em especial, à minha prima e amiga lá do Rio, Sabrina, uma das pessoas mais lindas e mais puras de coração que já conheci. Quanta saudade!
Também ao Isaías, ao Frank e a todos os meus primos, parentes e amigos, de São Paulo, do Rio de Janeiro, Paraíba, de todo e qualquer lugar.
Por fim, a minha convivência com todos aqui citados (em especial, com os amigos dos primórdios), e agora me transportando há, pelo menos, uns 25 anos atrás, era realmente uma das melhores e das mais bonitas que se tinha conhecimento, com raríssimas exceções no que se referia a desentendimentos sérios, brigas e confusões.
Eram outros tempos, de pura inocência (sem exageros), onde a maldade e a violência ainda respeitavam certos limites, mantendo assim a integridade física e moral da infância. Os anos 80 que o digam!
Lembro-me, inclusive, que nessa época, mais precisamente entre os anos de 1980 e 1985, era muito raro ouvir uma criança em Queimadas pronunciando um palavrão. Os “precursores” dessa cultura, entretanto, foram “Nitada”, João da Cruz e o lendário “Amendoin”. Este último, que certa vez fizera um medo tão grande ao meu irmão caçula, mostrando sua careca, que o coitadinho subiu os vinte degraus de nossa casa em menos de três segundos.
Atualmente, a forma de se educar mudou muito. Hoje as crianças adquirem, desde cedo, uma liberdade bem mais flexível e menos vigiada, monitorada ou com qualquer tipo de censura imposta pelos pais. Justamente agora, quando isso se faz mais necessário. Portanto, ficam todas à mercê de muitos perigos, gerando consequências imprevisíveis.
A conclusão a que cheguei até esse momento é de que, a educação, de uma forma geral, torna-se realmente um diferencial maior na vida de todos, e é ainda uma luz no fim de um túnel prestes a mergulhar de vez em trevas.
Continua...

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